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Artes Cênicas Espetáculo Três dias de chuva é atração teatral no Recife durante o São João Com Carolina Ferraz, Fernando Pavão e Otávio Martins no elenco, peça fala sobre questões familiares e relacionamentos amorosos

Por: Viver/Diario - Diario de Pernambuco

Publicado em: 20/06/2016 09:58 Atualizado em: 20/06/2016 11:34

Espetáculo conta com Otávio Martins (à esq.), Carolina Ferraz e Fernando Pavão. Crédito: Priscila Prade/Divulgação
Espetáculo conta com Otávio Martins (à esq.), Carolina Ferraz e Fernando Pavão. Crédito: Priscila Prade/Divulgação

Uma volta ao passado a partir de um olhar particular, que traz questões familiares não resolvidas à tona e, ao mesmo tempo, traz aos atores envolvidos o exercício de se dedicarem a dois papeis cada um. Em Três dias de chuva, com direção de Jô Soares, Carolina Ferraz, Fernando Pavão e Otávio Martins mostram no palco as consequências de decisões amorosas para as gerações seguintes. O espetáculo está em turnê nacional e faz apresentações ao longo do feriado de São João no Teatro RioMar, com sessões nesta sexta, sábado e domingo.

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A peça se passa em dois atos, em dois tempos diferentes. No primeiro, em 1995, os irmãos Walker (Otávio Martins) e Anna (Carolina Ferraz), junto com o amigo Pip (Fernando Pavão), ouvem a leitura do testamento deixado pelo pai Ned (Otávio Martins). Todos se surpreendem ao ouvir que parte da herança será dada a Pip, e isso desencadeia lembranças amargas. O segundo ato transpõe a ação para 1960, quando o público compreende a origem deste conflito. Ned e Theo (Fernando Pavão) são jovens sócios de um escritório de arquitetura, mas Lina (Carolina Ferraz) se torna objeto de disputa amorosa entre eles.

Além de dirigir, Jô Soares também traduziu o texto e imprimiu a ele toques de humor, embora o romance e o drama estejam presentes a partir dos confiltos entre amigos que norteiam a peça. O texto, do escritor americano Richard Greenberg, foi indicado ao Prêmio Pulitzer em 1997 e conquistou atores reconhecidos como Colin Firth e James McAvoy, na versão britânica. Nos Estados Unidos, a montagem mais famosa tinha no elenco Bradley Cooper e Julia Roberts - que estreou na Broadway com este papel.

A vinda ao Recife também conta com um elenco diferente da estreia. Saíram Adriane Galisteu e Petrônio Gontijo e entraram Fernando Pavão e Carolina Ferraz, atualmente também na novela global Haja Coração. A cenografia também se torna metáfora da passagem do tempo, em um espetáculo que mostra o quanto a diferença entre pais e filhos pode ser pequena quando ambos cometem os mesmos erros.

ENTREVISTA // CAROLINA FERRAZ


Quais foram as razões que te levaram a aceitar o papel para esta peça?
Li esta peça com o Otavio Martins há alguns anos - a gente já namorava a ideia de fazer uma peça juntos - e o texto não me saía da cabeça, justamente pela complexidade de fazer mãe e filha, tão diferentes. Já tinha ouvido falar da peça, porque no meio teatral a relevância deste texto ficou muito conhecida, mas não cheguei a ver a versão americana nem a inglesa.

O que te chamou mais a atenção na forma de Jô Soares trabalhar a encenação?
O Jô Soares é um artista completo, um homem com profundo conhecimento não só do teatro, mas da vida. A forma carinhosa como conduziu o elenco, como nos fez superar nossos limites emocionais pra essa composição tão delicada de personagens - e o (bom) humor, sempre presente nos ensaios.

Você faz mãe e filha no espetáculo. O que optou por ressaltar em cada uma delas em seu trabalho de atriz?

A Anna (filha) tem um lado família, de proteger a prole, com o qual me identifico muito, mas é medrosa, tem receio de se entregar ao amor, precisa de uma segurança material pra se firmar como ser humano que definitivamente não condizem comigo. Já a Lina (mãe) tem essa coisa de mulher que vai à luta, que aceita os desafios e faz acontecer, que é muito parecida comigo. O Jô, durante os ensaios, brincava que meu desafio era criar a Lina diferente do que eu já sou, justamente por ser tão próxima a mim nesse sentido - e minha maior alegria foi quando, na estreia, ele se aproximou e me disse: “Parabéns! Você deu vida a uma personagem incrível sem que ela fosse a nossa Carolina”.

O texto traz uma forma singular de se falar sobre a relação entre pais e filhos. O que continua te seduzindo e surpreendendo nele?
 Família é a base de tudo, é o nosso porto seguro, é o motivo de alegria, é o amor incondicional e irrestrito. É isso que mais me chama a atenção na peça. Em toda familia existem conflitos porque, afinal de contas, são constituidas de seres humanos em eterno estado de aprendizagem. Filhos mudam, pais também mudam. O proprio jeito de ser mãe muda com o tempo, mas nunca a disposição para amar.

Ao compor seus personagens, voce procurou referências das montagens realizadas no exterior?

A base do trabalho do ator é a observação do cotidiano, é perceber como as relações determinam e são determinadas pelo meio em que estão inseridas. O fio condutor deste trabalho foi, através do conflito apresentado nas cenas, desenvolver um olhar mais aguçado para as mulheres que passam por estes tipos de situação, suas reações e motivações.

Qual o significado que você atribui ao teatro na tua carreira de atriz?
Eu sempre digo que fiz menos teatro do que gostaria, porque o palco é a minha casa, meu habitat natural - sou bailarina de formação, já viajei praticamente todas as capitais dançando, quando era mais jovem. O teatro tem uma adrenalina única, especial, traz uma relação intima entre o artista e o publico. Meu trabalho em televisão acabou ocupando mais espaço na carreira, e não reclamo: fazer TV é uma coisa que amo, seja para fazer uma novela, série ou programa de culinária.

SERVIÇO
Espetáculo Três dias de chuva
Quando: 24 e 25 de junho (sexta e sábado), às 21h; 26 de junho (domingo), às 19h
Onde: Teatro RioMar Recife - Shopping RioMar
Ingressos: R$ 80 e R$ 40 (meia) para o balcão a plateia alta; R$ 100 e R$ 50 (meia) para a plateia baixa
Informações: www.teatroriomar.com.br

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