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Televisão Cultura do estupro marca ator pernambucano em minissérie da Globo no Recife Pedro Wagner interpreta Osvaldo em Justiça, que estreia no segundo semestre

Por: Viver/Diario - Diario de Pernambuco

Publicado em: 12/06/2016 11:20 Atualizado em: 10/06/2016 18:46

Pedro Wagner estará na minissérie Justiça e no filme Toc. Foto: Reprodução
Pedro Wagner estará na minissérie Justiça e no filme Toc. Foto: Reprodução
Nascido em Garanhuns, o ator Pedro Wagner, de 33 anos, está no elenco da minissérie Justiça, ambientada no Recife. A estreia na televisão será em um papel desafiador. Ele interpretará Osvaldo, psicopata com problemas graves de comportamento, que cometerá um crime sexual. Na ficção, o pernambucano, integrante do grupo teatral Magiluth, será irmão do personagem do ator Julio Andrade e contracenará com as atrizes Luísa Arraes e Adriana Esteves.

Com 20 capítulos, a produção de Manuela Dias falará sobre quatro crimes, cujos envolvidos querem fazer justiça com as próprias mãos. Pedro já gravou no Recife, mas continuará as filmagens no Projac, no Rio de Janeiro. "As minhas cenas mais pesadas serão gravadas no Rio de Janeiro", contou.

Além da minissérie, Pedro participa de outros dois projetos na televisão. Em Conto que vejo, de Hilton Lacerda, fez a produção e preparação de elenco. Já na série de terror pernambucana Fãtástico, de André Pinto e Henrique Spencer, ele estará no elenco. As filmagens só começam após Justiça.

CINEMA
Nos cinemas, Pedro está no elenco da comédia Toc, estrelado por Tatá Werneck, na qual viverá um suicida, que reaparece após morrer. Previsto para outubro, o filme tem direção de Paulinho Caruso e Teo Poppovick. O pernambucano também estará no elenco de O roubo da taça, de Caio Ortiz.  No elenco, Paulo Tiefenthaler, Taís Araújo e Milhem Cortaz.

Como surgiu a oportunidade de atuar em Justiça?
Tem uma pessoa muito querida, que é o produtor de elenco Chico Acioly. Eu estava em São Paulo fazendo a peça A tragédia latino-americana. Justiça é o quarto trabalho em audiovisual. Fiz três longas - dois inéditos e o Reza lenda. Peguei uma pegada privilegiada de televisão como quem está fazendo cinema. Não consegui sentir diferença no set de quando fiz os filmes. Há uma abertura maior de atores do Brasil. Recife tem polo de criação muito grande. O melhor do cinema brasileiro tem saído daqui. Isso é só uma coerência. Magiluth viaja muito, é minha terra-base. A coisa que mais faço com tesão. Trabalhar com outras linguagens também.

Como foi a conexão com o personagem?
Osvaldo tem problemas gravíssimos de caráter e comportamento. Enquanto pesquisa, foi muito diferente do que faço no teatro. É um personagem através do qual tenho que lidar com o lado negro e sombrio do ser humano. É um personagem que prefere a sombra que o lugar de destaque para colocar em prática o que ele gosta. Ele não é de luz. Tenho uma relação forte com personagem de Luísa Arraes, mas trabalho muito solitariamente.

Atualmente, tem-se discutido muito empoderamento feminino, machismo, cultura do estupro. Representar um personagem que comete um crime sexual neste cenário tem um peso maior?
Ainda mais, no momento como esse. Um estupro recente da menina por 33 homens tomou um lugar muito grande. No próprio roteiro, existe um senso de responsabilidade. A minissérie fala da Justiça oficial que não consegue punir ou fazer justiça. Esse estupro tem uma responsabilidade social. Vai levantar discussão. Quando for ao ar, é importante que se discutam novamente questões como por que se alimenta a cultura do estupro, a vítima culpabilizada… Importante se viver na ficção para não se viver na realidade.

Além de Justiça, Velho Chico também gravou cenas no Nordeste e trabalhou com um corpo de elenco da região. Como avalia essa mudança?
Eu acho que se chegou ao momento de saturação. Não se aguenta mais ver só Rio de Janeiro e São Paulo. Existem outras metrópoles. Justiça é contemporânea, se passa nos dias de hoje. É importante se ver como mazelas urbanas contemporânea. Acho que essa coisa da produção forte do Recife reflete em profissionais capacitados que conseguem viver nas próprias cidades sem fazer essa coisa do retirante. Isso não precisa mais. Não tenho a menor pretensão de morar fora.

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