Música

Com vozes de entidades incorporadas no Xambá, Grupo Bongar lança novo disco

Samba de gira será lançado na Comunidade do Terreiro Xambá, em Olinda, neste sábado (18)

Publicado em: 18/06/2016 10:28 | Atualizado em: 17/06/2016 18:36

Bongar lança Samba de Gira, o quarto disco do grupo, em show na Comunidade Xambá. Foto: Divulgação

Religiosidade, tradição e simbolismo se combinam, amalgamados pela música, no quarto disco do Grupo Bongar, Samba de gira (Independente, R$ 20), lançado neste sábado (18), às 19h, na Comunidade Xambá, em Olinda. O nome exprime a proposta: por definição, gira é uma reunião de mestres, caboclos e entidades na qual o canto é elemento principal, fio condutor do encontro. Guitinho de Xambá, vocalista do grupo, conhece a fundo o conceito, o manteve em mente ao propor a entidades desencarnadas do terreiro a participação no novo disco. Do sim que obteve como resposta, Guitinho extraiu a pérola de Samba de gira: a mistura de planos, simbiose entre o físico e o espiritual.

Confira o roteiro de shows do Divirta-se

Durante dois dias, definidos com base no calendário seguido pelo culto afro-indígena da jurema, o Grupo Bongar armou estúdio móvel no Terreiro de Xambá, onde foram registradas vozes de entidades desencarnadas através da “incorporação” em pessoas da comunidade. É como Zé Pretinho, Zé Molequinho, Zé da Pinga, Mestre Durval, Pomba Gira Menina e Malunguinho participam de Samba de gira. “Foi arriscado. Ensinamos as músicas às entidades, treinamos os pontos (cantos) antes das gravações. Mesmo assim, corríamos o risco de algum deles não ser incorporado ou não cantar os pontos combinados”, explica Guitinho, cuja tia emprestou a voz a Molequinho. Ao fundo das canções, assinadas pelo vocalista, é possível ouvir galinhas, cachorros e outros animais criados na comunidade, reproduzindo sons da rotina no Xambá.

“O disco se apoia em diferentes paisagens sonoras: os terreiros de Xambá e de Dona Marinalva, os estúdios Carranca e CTCD de Peixinhos e o [teatro] Hermilo Borba Filho. A captação de som afeta o resultado de cada uma delas”, diz Guitinho sobre o álbum, contemplado pelo Funcultura Independente 2013/2014. Além de cantos tradicionais da jurema, o repertório coliga composições do músico e parcerias com Adiel Luna e Sapopemba (em Bananeira chorou) e Juliano Holanda (em Moça), com produção do paulista Beto Villares e co-produção do pernambucano Juliano Holanda. Lirinha, Chico César, Siba, Adiel Luna, Maciel Salu, Juçara Marçal e Jam Silva estão entre as participações especiais, além das entidades da jurema e de pessoas da comunidade.

O registro histórico de vozes das entidades ligadas ao Terreiro de Xambá e dos cantos tradicionais da jurema é, possivelmente, a grande contribuição de Samba de gira, com o qual o Bongar festeja 15 anos de estrada - celebrados em agosto deste ano. No mês que vem, o Grupo Bongar entra em estúdio para a gravação do quinto disco, Ogum, contemplado pelo Programa Rumos do Itaú Cultural, cujo lançamento está previsto para julho de 2017, no Recife e em São Paulo. Como denota o título, o sucessor de Samba de gira reúne letras e pontos em homenagem ao orixá.

Bongar lança Samba de gira

Quando: Sábado (18), às 19h
Onde: Comunidade Xambá (Terreiro Xambá - Portão do Gelo - Rua Ieda, 103, São Benedito - Olinda)
Quanto: Entrada gratuita

 

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