Música

Com participação de Naná Vasconcelos, Zé da Flauta lança primeiro disco solo da carreira

Músico dá vazão a veia do rock psicodélico nas nove faixas instrumentais de Psicoativo

Publicado em: 21/06/2016 08:51 | Atualizado em: 21/06/2016 13:05

Zé da Flauta lança nove faixas instrumentais em Psicoativo, que deve ganhar show de lançamento em julho. Foto: Blenda Souto Maior/DP

À parte da participação em discos de outros artistas (como Alceu Valença e Quinteto Violado) e de álbuns produzidos em parceria, Zé da Flauta lança neste mês o primeiro disco com seu nome, que ele considera fruto do lado mais “rock’n’roll” da própria produção. Psicoativo (Independente, audição gratuita) está disponível no canal do artista no Youtube. Será lançado em formato físico em meados de julho, quando o músico planeja fazer show de lançamento no Agreste pernambucano: ele submeteu a proposta à organização do Festival de Inverno de Garanhuns. O título, diz, é homenagem às mentes criativas. “Toda arte é, por natureza, psicoativa, já que é feita de inspiração e transpiração. ‘Psico’ é inspiração. ‘Ativa’ é transpiração”, explica Zé da Flauta, que se apoiou na motivação para acrescentar ao título de todas as faixas o sufixo “mente”, transformando-os em advérbios de modo.

Confira o roteiro de shows do Divirta-se

Calculado musical e esteticamente, o álbum reúne nove faixas instrumentais, para as quais até mesmo a tonalidade das bolachas foi idealizada com minúcia - o que atrasou a prensagem dos CD’s, coloridos em tom sob encomenda, ainda não revelado ao público. Entre as nove faixas, Ativamente, Pesadamente (com solo de guitarra de Paulo Rafael) e Propositalmente, partes de sequência destinada a demonstrar o que Zé da Flauta prega aos menos experientes: “Fazer um disco não é só juntar músicas. Eu poderia lançá-lo com 12 faixas, mas não seria ele, eu queria essas nove [faixas]. Foi pensado como um prédio, um andar sobre o outro. É uma unidade, faz sentido enquanto unidade, foi planejado detalhe a detalhe, como um disco deve ser.”

Psicoativo tem, por riqueza, a participação do percussionista Naná Vasconcelos, morto em março deste ano. “A faixa Nanáturalmente começa com o som de um caxixi e termina com um arranjo sinfônico. É inspirada na trajetória de Naná, um pernambucano que saiu de comunidade em Peixinhos, em Olinda, e ganhou o mundo”, diz Zé da Flauta. Naná gravou, com a própria voz, sons percussivos dispostos sobre a melodia do amigo, com quem convivia desde os anos 1970. Para Zé da Flauta, além da homenagem, o álbum cumpre função terapêutica, tranquilizadora. “Se você tiver problemas, muitas coisas a fazer, deixe o disco tocando e tudo se resolverá mais facilmente. Ele só não dá dinheiro, mas ajuda com todo o resto”, brinca o instrumentista, que tem parceria de Tuca Araújo, músico de Surubim, na produção do disco. Gilú Amaral (Orquestra Contemporânea de Olinda) e o guitarrista Paulo Rafael estão entre os convidados.

DUAS PERGUNTAS: Zé da Flauta, músico

Psicoativo está disponível para audição no YouTube. Foto: Divulgação
A homenagem a Naná já estava planejada como protagonista do disco?

Sim. Eu planejo esse álbum há anos. É uma homenagem às mentes criativas e Naná é o personagem central. A música leva o nome dele [Nanaturalmente] e conta sua história, do som do caxixi aos arranjos sinfônicos. Naná, além de gênio, foi um grande amigo. Era o mais criativo das mentes criativas. Projetamos isso juntos. Ele gravou sons instrumentais com a própria voz e depositamos sobre a música, daquele jeito que somente ele era capaz de fazer. A homenagem foi planejada. A partida dele, claro, não foi. Mas o tributo já era importante antes, pela história dele, pela minha admiração desde que nos conhecemos, nos anos 1970.

As músicas são criações antigas, arquivadas e agora aproveitadas? Ou são recentes?
Todas as músicas são inéditas e recentes. Foram planejadas para esse disco, feitas para ele. Eu pensei como um engenheiro que constrói um prédio. E fiz nove faixas, cuidadosamente relacionadas umas às outras. Há uma lógica plástica muito evidente no resultado final, é possível notar isso. Será mais perceptível ainda quando o álbum for lançado em formato físico, já que pensamos nas cores dos CDs, no encarte, na estética propriamente dita, além da estética musical. Foi pensado e construído de dentro para fora, da estrutura sonora à apresentação.

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