Queen trouxe seu sucessos hard rock para o show de véspera de Natal da BBC de 1975. Crédito: Douglas Pudifoot/Divulgação

Na véspera do Natal de 1975, o Queen levou sua mescla de hard rock com a voz incomparável de Freddie Mercury aos lares da Inglaterra pela BBC, em um show que se tornou histórico. Foi neste dia que Bohemian Rhapsody foi ouvida ao vivo pela primeira vez, especialmente em um evento que ratificava a importância do Queen em seu próprio território, ajudada pelo carisma e talento acachapantes de Mercury. É este material que está no documentário A night in bohemia, que entra em cartaz nos dias 5 e 10 de maio em todo o Brasil, incluindo dois cinemas do Recife: o UCI Shopping Recife e o UCI Plaza Shopping.

O show de Natal da BBC atestava, naquela época, o prestígio do grupo e se tornou o retrato de um momento de transição do Queen de banda britânica em ascensão para um supergrupo que arrastou milhões aos palcos do mundo inteiro até a morte de Mercury, em 1991. Mostrar este material remasterizado atende a uma demanda contínua de fãs do grupo e ainda chama a atenção para duas datas em 2016: os 70 anos de nascimento e 25 anos de falecimento de Freddie Mercury.

O documentário é dividido em duas partes bem definidas: uma compilação de várias entrevistas feitas pelo grupo, incluindo a primeira feita para uma televisão, na Austrália, contrabalançadas por intervenções atuais de do guitarrista Brian May e do baterista Roger Taylor. Só depois se abre espaço para o show propriamente dito.

Para os fãs mais inverterados, o documentário traz pouquíssimas novidades. Sabe-se há tempos que Mercury e Taylor dividiam uma banca de venda de roupas em Piccadily Circus ou de que Mercury não deixou que a gravadora alterasse Bohemian Rhapsody. Mesmo assim, a inteligência e humor do vocalista ainda são uma delícia de ouvir e ver. Além disso, o documentário mostra como os demais integrantes da banda reagiam ao sucesso recém-conquistado. Mesmo assim, o formato de “cabeças falantes” do documentário, bastante careta, limita o interesse a quem quer uma aborgadem mais arrojada da história da banda.

Para quem está mais acostumado a associar o Queen a hinos do rock de arena como We will rock you ou com o groove de Another one bites the dust, o repertório de A night in bohemia pode soar bem mais pesado. Nesta época, a banda ainda apostava bastante no hard rock e tinha quatro discos gravados em um período de três anos: Queen (1973), Queen II (1974), Sheer heart attack (1974) e A night at the opera (1975). Foi daí que saiu o repertório, com músicas como Killer queen, Seven seas of rhye, Ogre Battle, In the lap of the gods, além de uma homenagem ao rock dos anos 50, com trechos de Be bop a lula e Stupid cupid.

O show propriamente dito é uma prova de como o Queen conseguiu satisfazer suas ambições e levar seus fãs a terem interesse até um produto que deixa a desejar em termos de cinema. Embora este possa ser celebrado como um momento para se conhecer mais sobre a banda, especialmente em seu início, a imagem do show ainda precisa de uma restauração de fato. Pelo menos este não é o caso do som, que, remasterizado,  transfere para a sala de cinema a sensação de se estar em um show de rock. Já a interação de Freddie Mercury com o público não têm legendas, e quem não entende bem inglês vai se perder. Para os fãs e interessados em conhecer o início do Queen, pode valer a pena. Se não, talvez seja o caso de procurar alguma outra opção em cartaz.

SERVIÇO
Documentário Queen: a night in bohemia
Quando: 5 e 10 de maio
Onde: Cinemas UCI Kinoplex Recife e UCI Kinoplex Casa Forte
Horário: 21h
Preço: R$ 40