Estreia Direto dos games, Angry birds aterrissa nos cinemas com narrativa rasa e visual simples Roteiro não vai muito além da premissa básica do jogo mas garante diversão e conquista pelo carisma

Por: Breno Pessoa

Publicado em: 12/05/2016 08:06 Atualizado em: 12/05/2016 09:19

 (Carisma dos personagens é ponto forte do filme. Foto: Sony Pictures/Divulgação  )

Depois do sucesso nos smartphones, com mais de três bilhões de downloads, o jogo Angry birds estreia a adaptação cinematográfica nesta quinta-feira, ampliando ainda mais o alcance da franquia, que já conta com brinquedos, desenhos animados e outros produtos. Numa época em que os videogames têm cada vez mais se aproximado do cinema, em termos de complexidade narrativa e realismo dos gráficos, o game dos passarinhos é um ponto fora da curva: visualmente simples e sem diálogos, é, resumidamente, uma sequência de desafios mecânicos. Essa simplicidade faz dele um produto atípico entre a leva atual de filmes do gênero, geralmente originárias de games marcados por tramas mais complexas, a exemplo de Warcraft e Assassin’s creed, duas das próximas estreias.

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O que mais chama a atenção em Angry birds é que a matéria-prima do filme é um jogo praticamente sem história: o jogador precisa controlar pássaros enfurecidos tentando recuperar os ovos roubados por porquinhos verdes, os vilões da trama. Ao contrário do que se possa esperar, os personagens centrais não voam: eles são arremessados por um estilingue, controlado a partir da tela touch dos celulares. É isso.

A simplicidade (ou ausência) de roteiros em games foi por muito tempo resultado de limitações tecnológicas e coube ao cinema preencher as lacunas. A inexistência de tramas em jogos baseados apenas em desafios mecânicos pode parecer um problema a roteristas, mas também deixa o espaço aberto para pensar nas mais variadas possibilidades de transposição para a tela grande.

Em Angry birds, a ausência de narrativa original é contornada com uma trama através da qual os recursos do jogo (arremesso de pássaros) são casados a uma história sobre roubo e envio de ovos a uma ilha só acessível às aves por meio de estilingues.

O jogo, apesar dos cenários coloridos e personagens engraçadinhos, nunca foi voltado exclusivamente para crianças, até pelo fato de ter surgido nos smartphones, que têm usuários de diversas faixas etárias. Mas o filme foi pensado para o público infantil. O problema é oferecer uma história rasa, que não tenta inventar nem acrescentar muito à (falta de) narrativa do game.

No filme, com roteiro de Jon Vitti (de Alvin e os esquilos e Os Simpsons), Red (dublagem de Marcelo Adnet) é um pássaro com acessos de raiva obrigado a participar de sessões de terapia, após um surto, para aprender a administrar o temperamento. Ele conhece a terapeuta Matilda (Dani Calabresa) e os pacientes Chuck (Fabio Porchat) e Bomba (Mauro Ramos). Como nos jogos, os porcos verdes sequestram os ovos dos pássaros e levam a uma ilhota flutuante. A única maneira dos pássaros chegarem lá é via arremesso. Foi a solução para mostrar nas telas o recurso de jogabilidade do game.

O roteiro, simples e pouco inventivo, tem boas piadas e a animação é competente, embora um pouco distante da qualidade vista em produções recentes da Pixar. O elenco principal da dublagem nacional faz também um bom trabalho, sobretudo Adnet e Porchat, dando personalidade aos passarinhos que, mesmo impaciente e raivosos, são carismáticos e devem agradar.

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