Música Baixista Walter Areia se despede da Mundo Livre S/A e lança um álbum ao vivo De malas prontas para Portugal, músico acaba de lançar Ao vivo, o segundo disco pelo projeto Areia e Grupo de Música Aberta

Por: Estado de Minas

Publicado em: 03/05/2016 11:03 Atualizado em: 03/05/2016 11:13


"Com um instrumento você se identifica", diz o genuinamente baixista Walter Areia. O músico, que fez o último show como integrante da banda pernambucana Mundo Livre S/A na sexta-feira, diz que nunca gostou de guitarra, violão ou qualquer outro instrumento. "Sei o básico de piano, guitarra, violão, mas me apaixonei mesmo é pelo baixo". Mas isso não impõe qualquer tipo de limitação ao músico, que acaba de lançar Ao vivo, o segundo disco pelo projeto Areia e Grupo de Música Aberta. No projeto instrumental, o baixista se junta a três músicos para tocar uma espécie de jazz mergulhado em referências da música regional pernambucana e nordestina.

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As composições são todas dele que, apesar de não tocar os outros instrumentos - acordeom, saxofone e bateria -, usa gravador para cantarolar sempre que imagina melodias. Areia conta, que às vezes, tem uma ideia no meio da rua, grava e depois junta os fragmentos. A partir disso, os outros músicos adaptam os instrumentos às criações. “O processo natural tem que vir antes. É igual quando uma criança aprende a falar ‘água’ quando está com sede. Só depois é que vai descobrir que a palavra é ditongo”, conta o compositor, que se considera “músico de rua”, mas estudou no Conservatório de Música do Recife.

O disco é ao vivo, com áudio retirado da gravação de um DVD no Teatro Joaquim Cardozo, no Recife, em 2012. Quatro anos depois, as faixas foram remixadas e remasterizadas. No show, Areia estava acompanhado pelo acordeonista Julio Cesar, o baterista Cássio Cunha e o saxofonista Ivan do Espírito Santo. Todas as seis faixas têm estrutura semelhante: começam com um tema, desenvolvem para a improvisação e, depois, retornam ao mote inicial.

Os músicos têm muita liberdade para improvisar dentro do tema. "O pessoal brinca que tocar comigo é como sair da prisão porque comigo eles fazem o que quiser", conta Areia. O curioso é que as músicas vão se transformando a cada show. "Essa é uma das graças do negócio. O show que virou disco nunca mais vai acontecer, as músicas nunca vão se repetir daquele jeito", diz.

As faixas têm muita influência do frevo, mas também trazem referências de maracatu, forró e baião. "Não usei isso como um chamativo. Coloquei esses elementos porque é o que sei fazer. Se eu tivesse nascido no Sul, faria milonga", diz o pernambucano. Hora de ir, Teus pés e Ciranda de três são mais pulsantes. Já Maracatu do baque etéreo, Do início ao fim de tudo e A joia do universo trazem temas mais melancólicos. Na última, o saxofone quase canta. Não por acaso, a faixa vai ganhar uma versão com letra de Juliano Holanda e vocal de Isadora Melo, pernambucanos.

Despedida
O músico conta que irá se mudar com a família para Lisboa, em Portugal. Ele diz que a decisão foi tomada por questões pessoais. Mas ele não nega que o mercado internacional é mais fácil para o tipo de composição que faz. “Enquanto o mundo pop procura pelas novidades, o mercado da música instrumental quer excelência”, conta o músico. Em mensagem no Facebook, Areia agradeceu aos companheiros: “Foi minha principal fonte de sustento durante mais de 12 anos. Mesmo com as loucuras do mercado musical, principalmente aqui na cidade do Recife, tive a oportunidade de fazer música sem precisar vender minha alma”.

Serviço
Ao vivo, projeto Areia e Grupo de Música Aberta
Disco pode ser obtido na plataforma Bandcamp
Preço: 7 dólares

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