Entrevista Netflix: Astro de Glee revela bastidores de novo O Tigre e do Dragão em entrevista Harry Shum Jr também está no elenco de Shadowhunters, adaptação da Netflix para livros de Cassandra Clare e cuja segunda temporada está em produção

Por: Raquel Lima - Diario de Pernambuco

Publicado em: 16/04/2016 08:59 Atualizado em: 16/04/2016 12:29

Harry é Wei-Fang em A espada do destino. Foto: Netflix/Divulgação
Harry é Wei-Fang em A espada do destino. Foto: Netflix/Divulgação

Buenos Aires
- Harry Shum Jr realizou um sonho de infância com O tigre e o dragão: A espada do destino, sequência da Netflix para o clássico lançado por Ang Lee, em 2001. "Como todo garoto, brincava de lutar sozinho em um quarto e, neste filme, fiz isso com Donnie Yen e Michelle Yeoh". Yen e Yeoh estrelavam longas vistos por Harry desde pequeno, ao lado dos pais chineses. O bailarino e coreógrafo que dançou com Beyoncé, alçou fama como Mike Chang, de Glee, e agora vive o mago Magnus, de Shadowhunters, série original da Netflix adaptada de livros de Cassandra Clare. O artista nasceu na Costa Rica, cresceu nos Estados Unidos e diz que todas as culturas juntas são ótimas ferramentas para atuar.

Em A espada do destino, Harry leva a habilidade corporal às alturas, com coreografias típicas do gênero Wuxia - clássico do cinema e da literatura chineses, cujo grande representante é O tigre e o dragão. O roteiro de A espada do destino começa vinte anos depois do original de Ang Lee. Harry é Wei-Fang, prisioneiro de Yu Shu Lien (Yeoh) e Meng Sizhao (Yen), por ser partidário de Hades Dai (Jason Scott Lee). Hades é o antagnoista da vez e quer conquistar a lendária espada Destino Verde - pertencente a Li Mu Bai, vivido por Chow Yun-Fat, no primeiro filme. Na entrevista abaixo, concedida à imprensa latina na Argentina, o artista revelou como foi trabalhar com lendas do cinema chinês, sobre séries que assiste e sobre a polêmica de papéis estereotipados para não-brancos em Hollywood. 



Entrevista // Harry Shum Jr, ator

O Oscar aumentou a discussão sobre etnias e raças em Hollywood. Você sentiu dificuldade por ter ascendência chinesa?
Entendo que esta é uma questão crucial para muitos, mas para mim trata-se mais de entender outras culturas. Se você foca apenas na sua cultura é exatamente o que as pessoas farão. Penso sempre o que posso fazer para ser melhor. Se recebo algum papel estereotipado, de alguma maneira, tento virá-lo, transformá-lo. Em Glee, como Mike Chang, não tinha falas, apenas dançava e tentei fazer o melhor e o papel cresceu. Em Shadowhunters sou um mago poderoso do Brooklyn, não parece estereotipado, não é (ri)?

Você nasceu na Costa Rica, de pais chineses, foi criado nos Estados Unidos. Como é carregar essa bagagem cultural?
Confuso (risos). Nasci na Costa Rica, todos os meus amigos eram latinos e não me sentia diferente deles. Me senti um tchico. Até mudar para os Estados Unidos, quando comecei a tentar entender se era latino, chinês, norte-americano. Depois entendi que latinos, chineses e americanos têm maneiras bem particulares de expressarem o que pensam, sentem e isso gerou em mim uma empatia com todos eles e que me ajuda como ator, pois carrego toda essa influência em meu trabalho. Tenho muito orgulho da minha herança chinesa. Meus pais sempre fizeram questão que mantivesse meu cantonês em dia. É algo que você pode perder, quando se vive fora do país de origem. 

O tigre e o dragão é um clássico do cinema chinês. As cenas de luta da sequência A espada do destino chega com críticas divididas. Qual a maior qualidade deste novo filme para você?
A espada do destino introduz novas audiências ao Wuxia, com uma clara influência ocidental. As sequências de luta que as pessoas amam estão lá, a história segue de um ponto, então, também é possível revisitar personagens, mas não há como agradar a todo mundo.

Yuen Woo-ping coreografou Matrix, Kill Bill 2 e outros 60 filmes. Como foi trabalhar com ele?
Woo-pin é… chamávamos ele de mestre, no set. Ele é. Tem 70 anos e pula em mesas para mostrar como quer a cena, é muito rápido e tem toda as sequências de luta na cabeça. Na minha primeira vez no set, ele não me disse nada. Me chamou com a mão e começou a me ensinar uma cena em que lutava com quatro dublês. Eu ainda estava com a mochila nas costas. Não sabia retrair os golpes e estava batendo mesmo neles (riso). Todos foram colocar protetores e continuamos. Acho que ele aprovou. Ele é uma lenda.

Você dançava em Glee e também é coreógrafo, mas como foi "dançar" nas cenas de A espada do destino?

(Risos) Tenho essa base da dança que me ensinou muito sobre movimento. Agora a coreografia Wuxia é um tipo totalmente diferente de estrutura, movimento, intenção. Quis que as lutas fossem o mais autênticas possível, busquei a técnica. Mas lutar em um filme é totalmente diferente de uma briga rua porque você não está batendo em ninguém, apesar de acontecer acidentalmente (risos), mas é uma dança também, com a rapidez da arte marcial e que precisa ficar bem diante das câmeras.

Ator em tapete vermelho da Netflix na Argentina. Foto: Netflix/Divulgação
Ator em tapete vermelho da Netflix na Argentina. Foto: Netflix/Divulgação
Que coreografias você prefere hoje, de dança ou arte marcial?
Tudo vem em fases, não é? Às vezes, você quer comer um certo tipo de comida... ninguém quer sushi o tempo todo. Glee foi maravilhoso, cantamos e dançamos tantas músicas gigantescas, que todos amavam - da avó à neta. Com as artes marciais, realizei um sonho de garoto, que - como tantos outros - brincava de lutar sozinho em um quarto. A espada do destino me proporcionou contracenar lutas com Donnie Yen e Michelle Yeoh… Foi maravilhoso.

Como foi trabalhar como Michelle Yeoh?
Michelle Yeoh é mãezona. A parte assustadora é que, quando a câmera começa a rodar, ela é muito durona. Ataca, você cai e pensa: 'o que acabou de acontecer?' Quando ela ouve o corta, é um doce de criatura. Com Donnie fiquei paralisado, como qualquer fã. E ele chegou para mim e disse 'adoro Glee, quero fazer um projeto com dança, me ensina?'. Gravamos uma batalha de dança… Preciso achar esse vídeo e divulgar porque ele é um dançarino excelente. E me deu muitas dicas de como usar minha base de dança nas cenas de luta.



Sente saudades da época de bailarino profissional, quando dançava para Beyoncé, por exemplo?
Dançar em um palco daqueles é um sentimento que não pode ser colocado em palavras nem ser replicado. A eletricidade que se recebe dos fãs é fantástica. O poder de Beyoncé é impressionante.

Embarcaria de novo em um projeto de dança?
Sim. Contanto que fosse um projeto focado em personagem.

Costuma ver alguma série em maratona na Netflix?
Nossa, já vi How to make a murderer. Fiquei enrolado em uma manta, no sofá, por sei horas, gritando 'nãããão', enquanto meu cachorro me olhava desconfiado. Foi muito estranho. Hoje costumo assistir a episódios de dois em dois. House of cards é a série que mais gosto. É uma produção poderosa porque todo mundo se identifica com alguém ali. Fiquei nervoso ao conhecer Michael Kelly aqui [ator também foi à conferência da Netflix para jornalistas latinos, na Argentina]. Fiz um vídeo com ele e tudo (ri).

A jornalista viajou a convite da Netflix


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