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Cultura DDDança mistura estilos para escapar das amarras impostas à dança em Pernambuco O evento é produzido a partir de uma parceria entre artistas, com apoio dos governos estadual e federal, e toda a programação é gratuita

Por: Isabelle Barros

Publicado em: 05/04/2016 16:55 Atualizado em:

 

Maria Paula Costa Rêgo dança Terra e movimenta DDDança. Foto: Odoia Produtora/Divulgação
Maria Paula Costa Rêgo dança Terra e movimenta DDDança. Foto: Odoia Produtora/Divulgação

Mostrar que o segmento da dança tem força suficiente para refletir sobre sua própria condição e reivindicar à sociedade o reconhecimento dessa linguagem como campo profissional. A segunda edição do DDDança traz esses objetivos à sua pauta, em um ciclo de eventos que começa nesta terça-feira e segue até 29 de abril, quando o Dia Internacional da Dança é comemorado. No fim do mês, um documento com as pautas do setor será entregue a Juca Ferreira, ministro da Cultura. O evento é produzido a partir de uma parceria entre artistas, com apoio dos governos estadual e federal, e toda a programação é gratuita.

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A bailarina e fundadora do Grupo Grial de Dança, Maria Paula Costa Rêgo, está na equipe organizadora do evento e afirma que a ação tem um caráter diferente dos eventos ligados à dança que costumam acontecer na cidade. "O DDDança não é um festival, mas um movimento de resistência. Somos nós, artistas, que propomos nossas ações. Temos de rever essa situação do 'eu só participo se for convidado'. Aqui, há muito de economia solidária. Dou o que tenho e recebo o que preciso. Se alguém tem um trabalho pronto e quer propor uma apresentação, damos o espaço e as condições para que ela aconteça. No DDDança, termos o objetivo de sermos muitos para validarmos ações políticas", detalha.

Ainda de acordo com Maria Paula, um dos objetivos da iniciativa é o de dar mais visibilidade a ações que possam fazer a diferença para o setor tanto na área de políticas públicas quanto na formação dos futuros profissionais. "Acho que falta uma consciência do volume de pessoas que trabalham na área. O DDDança é para pensar maneiras não só de dar respaldo a quem já é profissional, mas para quem também está se profissionalizando. É preciso pensar em mercado de trabalho, em ferramentas pedagógicas. A arte não é como em outras profissões, cujo ofício só começa a ser exercido a partir da faculdade. Também precisamos retomar o crescimento e aumentar o valor dos editais, porque os profissionais parecem estar pagando para trabalhar".

A abertura será às 19h30, no Teatro Arraial, com o espetáculo Terra em outras terras, solo de Maria Paula que foi reformulado para comportar a participação de outros bailarinos de vários estilos. "O espetáculo original, Terra, fala da perda de território indígena. Já a apresentação de hoje tem como subtexto a perda do território da dança e da defesa dele por meio da diversidade. Assim, damos o tom do que queremos falar durante o DDDança", detalha.

A partir disso, Maria Paula sai do palco em determinados momentos do espetáculo e abre espaço para uma apresentação de quatro minutos de cada um dos convidados: Anne Costa, Orun Santana, Julyanne Rocha, Emerson Dias, Maria Agrelli, Pedro Salustiano, Paulinho Sete Flexas e FX. A formação deles passa por clássico, contemporâneo, afro, danças populares e danças urbanas.


Nesta quarta-feira haverá mais um evento, o Corpos em Manifesto, debate que começa às 10h, também no Teatro Arraial, e vai dar origem a uma apresentação às 19h30. A iniciativa é um laboratório para dramaturgia em dança e vai transformar os tópicos discutidos em matéria-prima para um trabalho artístico. O tema do primeiro dia é A bailarina negra / o bailarino negro, que pretende trazer uma discussão sobre o lugar e a importância da herança africana na dança brasileira.
Bailarinos negros como Anne Costa, Jorge Kildery, Manuel Castomo, Orum Santana, Alê Carvalho, Jaqson Gomes e Simone Silva estarão presentes, com sonoridade ao vivo criada por nomes da música local como Isaar. A ação se repete nas duas próximas quartas-feiras, com outros assuntos.

Ainda esta semana, a programação continua com uma mostra composta por imagens de fotógrafos, que abre às 18h desta sexta no Espaço Experimental, no Bairro do Recife, e continua ao longo do mês. Na primeira rodada, haverá imagens de André Nery, Hans von Manteuffel e Rogério Alves. Ainda há outras ações confirmadas, como uma mostra de filmes sobre dança no próximo dia 25, no Cinema São Luiz, e o Encontro Nacional da Dança, que será realizado no Recife dos dias 27 a 29 deste mês e terá o DDDança como um dos parceiros.

 



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