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Arte Casa da Cultura celebra 40 anos como principal centro de compras do artesanato pernambucano Cerimônia terá show gratuito do Quinteto Violado e corte de bolo

Por: Breno Pessoa

Publicado em: 14/04/2016 10:10 Atualizado em: 14/04/2016 10:32


O local tem mais de 90 lojas, algumas delas tão antigas quanto o próprio prédio. Foto: Paulo Paiva/DP
O local tem mais de 90 lojas, algumas delas tão antigas quanto o próprio prédio. Foto: Paulo Paiva/DP

Diferentemente de outros pontos turísticos, como praias, museus ou mercados públicos, a Casa da Cultura é um daqueles espaços que o recifense não frequenta no dia a dia, mesmo que o local integre a paisagem de uma área movimentada do Centro da cidade. O polo, no entanto, recebe um bom fluxo de visitantes: segundo dados da Secretaria Estadual de Cultura, são em média 30 mil pessoas circulando mensalmente, mantendo-se o principal centro de compras de artesanato pernambucano, que completa 40 anos de existência hoje.

Para celebrar a data, a Casa da Cultura recebe nesta quinta-feira (14) o Quinteto Violado, pela primeira vez no local, em show gratuito, às 17h30. O espetáculo, com repertório em homenagem a Dominguinhos (1941-2013), encerra as comemorações, que têm início a partir das 16h, com bênção do Frei Rinaldo e corte de bolo comemorativo.

O local tem mais de 90 lojas, algumas delas tão antigas quanto o próprio prédio. É o caso do O Casarão, que comercializa artigos de couro, como bolsas e calçados. O estabelecimento começou a funcionar poucos meses após a inauguração do centro de compras, no dia 16 de julho de 1976. Os produtos são fabricados e são comercializados pela família Cadena, tendo os irmãos Celi e Sidney à frente do negócio.

Outro exemplo de negócio familiar que acompanhou a história da Casa é o de Rubem Abramof, instalado há quatro décadas no local. É um dos poucos estabelecimentos não dedicados ao artesanato tradicional: os produtos são gemas e joias produzidas pela família, comercializadas em dois pontos: uma cela no raio sul e outra no raio leste. “Como não temos vitrine e as visitas de grupos de turistas costumam durar pouco tempo, nem sempre os visitantes têm a oportunidade de ver nossos produtos. Com duas lojas, aumentamos as chances”, argumenta.

Lindava Matias, proprietária de um estabelecimento de rendados e bordados no primeiro andar, está há menos tempo no local. “São 31 anos de Casa da Cultura. Fui vendedora por 12 anos de uma loja e me organizei para abrir a minha própria, com a ajuda da família”, diz a comerciante, que revende produtos fabricados no interior do estado. Chamado Baruc (palavra hebraica que significa “abençoado”), é um dos poucos que resistem fora do térreo, considerada a área mais nobre do centro de compras. São poucos os visitantes que encaram subir as escadas estreitas ou pegar um dos elevadores.

Já entre os comerciantes com menos tempo de casa, o destaque vai para Jonas Pessoa, que tem apenas 15 dias no local, com uma loja dedicada à madeira talhada e ao barro. Mesmo se instalando fora da alta temporada do turismo, o comerciante mantém otimismo sobre os negócios. “O movimento não está grande, mas também não está ruim”, afirma, completando que espera prosperar no local e também fazer parte da história da Casa da Cultura, como outros estabelecimentos mais antigos.

Antes de ser lar do artesanato e da cultura local, a edificação era a Casa de Detenção do Recife. Foto: Paulo Paiva/DP
Antes de ser lar do artesanato e da cultura local, a edificação era a Casa de Detenção do Recife. Foto: Paulo Paiva/DP


Origem

Antes de ser lar do artesanato e da cultura local, a edificação era a Casa de Detenção do Recife, funcionando como penitenciária por 118 anos, entre 1855 e 1973, na qual foram presos os militantes políticos Gregório Bezerra e Paulo Cavalcanti e o escritor Graciliano Ramos. O projeto original em formato de cruz é do engenheiro e urbanista José Mamede Alves Ferreira, que assinou outras edificações conhecidas do Recife, como o Hospital Pedro II e o Ginásio Pernambucano. O prédio foi elogiado até pelo imperador Dom Pedro II, classificado como “uma bela obra”.

A transformação de presídio, desativado em 1974, em espaço cultural foi pensada pelo artista plástico Francisco Brennand, chefe da Casa Civil do governo do estado à epoca. O projeto de readequação do prédio foi planejado pelos arquitetos Lina Bo Bardi e Jorge Martins Júnior. Além das celas transformadas em lojas, outra característica marcante foi a presença dois grandes painéis do pintor pernambucano Cícero Dias, instalados na entrada principal da casa, reinaugurada dois anos depois.

Programação

16h: Bênção com Frei Rinaldo e participação do Quinteto Violado
17h: Corte do Bolo
17h30: Show do Quinteto Violado

Serviço
40 anos da Casa Cultura
Quando: Quinta-feira (14), a partir das 16h
Onde: Casa da Cultura (Rua Floriano Peixoto, s/n, Santo Antônio)
Quanto: acesso gratuito



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