"Mostro o que o público gosta de ouvir e cantar junto", comenta Toquinho sobre show "50 anos de música". Foto: Divulgação

Enquanto a Jovem Guarda – representada por nomes como Roberto Carlos e Wanderléia – ressoava o contagiante “iê-iê-iê” nas rádios brasileiras, Toquinho, Ivan Lins e o grupo MPB4 não esperavam alcançar 50 anos de trajetória artística. Cada conquista, na época, era movida a euforia: “O início é sempre empolgante, a primeira canção, os primeiros shows, as parcerias que vão surgindo”, lembra o compositor de Aquarela. Cinco décadas depois, os artistas retomam o entusiasmo com a turnê conjunta 50 anos de música. Marcando o primeiro encontro dos três no Recife, o show será realizado nesta sexta-feira (4), no Teatro Guararapes, às 21h30.

Confira os shows no roteiro do Divirta-se

No repertório, clássicos como Samba de orly, Amigo é pra essas coisas, Que maravilha, Começar de novo e Madalena. “Não tentamos resumir nossas carreiras através dos repertórios, partimos da premissa de que o aniversário é nosso, mas o presente é dos fãs. Escolhemos músicas com as quais o público se identifica”, destaca Ivan Lins. Ao longo da apresentação, os artistas vão, além de protagonizar momentos solos, dividir o mesmo palco ao interpretar canções como A bandeira do divino, Regra três e Um novo tempo.

Antes mesmo de pensar na melhor maneira de celebrar, em duas horas, os três aniversários de carreira, Ivan Lins e o grupo MPB4 se viram diante de uma proposta desafiadora: “A ideia partiu de Toquinho, que nos procurou. Já nos conhecíamos e sempre fomos amigos, sempre existiu muito respeito entre nós”, comenta Lins.  A ideia – aceita sem hesitação – virou um “um show intimista, baseado nos sucessos de cada um dos artistas, permeado de muitas histórias e bom humor”, resume o idealizador da turnê.

Além de Toquinho e Ivan Lins, grupo MPB4 também completa 50 anos de carreira. Foto: Divulgação

Entrevista // Toquinho e Ivan Lins

Como surgiu a ideia do projeto?

Ivan Lins: A ideia partiu de Toquinho. Foi um encontro muito feliz. Já nos conhecíamos e sempre fomos amigos, sempre existiu muito respeito entre nós.

O show marca os  seus 50 anos de carreira. Quais momentos vocês destacariam como os mais marcantes nessas cinco décadas de trajetória musical?

Toquinho: O início é sempre empolgante, a primeira canção, os primeiros shows, as parcerias que vão surgindo. A fase com Vinicius (de Moraes) marcou minha vida, tanto profissional como pessoalmente. Na duração de uma parceria que extrapolou a relação de trabalho, reforçada por uma amizade que nos liga até depois da morte dele, ainda com presença forte em minha carreira. Aquarela despontou como um gatilho para a consolidação universal de minha carreira, e a Itália tem tudo a ver com isso. Amo o trabalho de palco, dividido sempre com parceiros e amigos importantes que valorizam minhas performances. E assim vamos, conquistando novas gerações e prosseguindo com dedicação total ao violão, raiz de tudo isso.

Ivan Lins: Tive vários momentos marcantes. Quando se faz música em busca da beleza, há muitos momentos fantásticos. Um dos primeiros foi a gravação de Madalena por Elis Regina. Outros foram o primeiro Rock in Rio, em 1985, e os Grammys que recebi ao longo da carreira.

Como foi resumir tantos anos de carreira em um único show?

Toquinho: Os sucessos facilitam. Mostro o que o público gosta de ouvir e cantar junto. Há um repasse natural na junção das canções e dos casos que conto e tornam o show intimista e agradável.

Ivan Lins: Não tentamos resumir nossas carreiras através dos repertórios. Partimos da premissa de que o aniversário é nosso, mas o presente é dos fãs. Escolhemos músicas com as quais o público se identifica.

Toquinho, por ter convivido e trabalhado ao lado de nomes como Vinicius de Moraes, você desenvolveu um estilo próximo da Bossa Nova. Como você busca preservar esse tipo de trabalho em um cenário no qual o sertanejo universitário se tornou predominante?

Toquinho: Nada mais predominante do que a Bossa Nova, que não tem tempo nem idade. De uma certa forma, ela está embutida até no sertanejo... Faço apenas conservar esse estilo que marca pela beleza da junção perfeita entre harmonia, ritmo e poesia.

Toquinho, ao longo da sua carreira, você compôs músicas que foram bem aceitas pelo público infantil. Como é compor para crianças e agradar, também, os adultos?

Toquinho: Eu me divirto fazendo músicas infantis. E mesmo porque é preciso ter muito humor para se fazer músicas infantis. Quem não tem humor é melhor nem tentar. Outra coisa: há que ter humildade, despojar-se de coisas que se aprendeu, escalas, harmonias, teorias musicais. E fazer o que o som pede, o que a canção pede para ficar audível, agradável. E essa linguagem é muito difícil porque não se pode subestimar a criança e não se pode fazer qualquer bla-bla-bla.

Você tem alguma referência na música pernambucana?

Toquinho: Falar em música pernambucana é viver o frevo em todos os sentidos... Em meu mais recente CD, fiz um frevo que cantei com Ivete Sangalo, Quero você.

O que podem esperar do show de vocês no Recife?

Toquinho: Um show intimista, baseado nos sucessos de cada um dos artistas, permeado de muitas histórias e bom humor. E o encontro sempre agradável com Ivan Lins e MPB4, que tem se repetido em várias cidades de nosso país.

Ivan Lins: Podem esperar um show espetacular. Todos nós estamos muito a vontade com o trabalho. Será um show para se emocionar, feito para o público.

Serviço
Toquinho, Ivan Lins e MPB4 em 50 anos de música
Onde: Teatro Guararapes (Centro de Convenções de Pernambuco)
Quando: hoje, às 21h30
Ingressos: R$ 220 (Plateia especial), R$ 110 (Plateia especial meia), R$ 180 (Plateia) e R$ 90 (Plateia meia), R$ 150 (Balcão) e R$ 75 (Balcão meia)
Informações: 3182-8020