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Moda Ícone da moda romântica, Isabela Capeto expõe no Recife: O futuro é autoral e fast fashion Estilista carioca mostra coleção Verão 2016 na capital pernambucana, onde busca inspiração na gastronomia e no artesanato

Por: Larissa Lins - Diario de Pernambuco

Publicado em: 29/03/2016 07:45 Atualizado em: 29/03/2016 10:23

Isabela Capeto é ícone da moda romântica. Fotos: ffw.com.br/Reprodução
Isabela Capeto é ícone da moda romântica. Fotos: ffw.com.br/Reprodução

Reconhecida entre os principais estilistas brasileiros por suas criações românticas e artesanais, a carioca Isabela Capeto apresenta sua coleção Verão 2016 no Recife a partir desta terça (29). Ela expõe as peças exibidas na última edição da São Paulo Fashion Week, todas inspiradas na celebração de réveillon. Intitulada Ano Novo, a sequência de peças tem Iemanjá e as praias do Rio de Janeiro entre as principais referências. “Algo que lembra muito o Recife”, pontua a estilista, que permanece na cidade até a quinta-feira (31). “São restos de conchas, joias ofertadas a Iemanjá, depositadas no mar. É uma coleção muito fresca, muito leve, com muitos bordados”, explica. As peças são bordadas com búzios, conchas, pérolas, miçangas, fitas, pérolas e escamas de pirarucu.

Em entrevista ao Viver, Isabela falou sobre as novas tendências da moda, como a androginia e a intersecção entre criações exclusivas e o modelo fast fashion de consumo. Segundo ela, os três dias de exposição e venda das roupas na capital pernambucana - no restaurante Azú, no Pina, Zona Sul da cidade - prenunciam um estreitamento entre ela e o Recife, que pode sediar desfiles das próximas coleções e servir de inspiração para novas peças assinadas pela carioca.

ENTREVISTA: Isabela Capeto, estilista carioca

Isabela passou temporada em Noronha, onde também buscou inspirações. Foto: Luiza Chataignier
Isabela passou temporada em Noronha, onde também buscou inspirações. Foto: Luiza Chataignier
Poderia falar um pouco sobre a coleção que os recifenses verão nos próximos dias?

Desfilei essa coleção no último São Paulo Fashion Week. Decidi trazer para cá, era um desejo antigo. Meu próximo desfile é no dia 27 de abril, na SPFW, e poderá vir ao Recife em meados deste ano. Essa semana é um teste, prenuncia um estreitamento da minha relação com Pernambuco. Quem sabe não faço desfiles por aqui?

E como é sua relação com a capital pernambucana?
Tenho muitos amigos aqui. Gosto demais da cidade, da gastronomia, dos pontos turísticos. Vou sempre a Olinda, por exemplo. Amo os pratos do chef Cesar Santos, as comidinhas da Casa dos Frios, a cartola do restaurante Leite. Também frequento o Mercado de São José, pois o artesanato pernambucano me fascina. O Recife tem uma coisa que eu amo, semelhante ao Rio. As pessoas são muito livres no jeito de ser, na maneira de se vestir. Além do clima de balneário, as pessoas são muito simpáticas, muito coloridas. Essa coisa do artesanal também. Essas referências dos bordados artesanais são lindos, as rendas… Eu adoraria fazer um intercâmbio com estilistas e designers daqui!

Pernambuco inspira suas criações?
Sim. Tudo me inspira. Acabo de voltar de temporada em Fernando de Noronha, um lugar completamente inspirador. Esses cenários me ajudam a criar, assim como coisas cotidianas, do dia a dia.

E em relação à moda, em âmbito geral, como vê os novos formatos do calendário fashion, em que as roupas das passarelas vão direto às lojas?
Acho ótimo. Acho que faz muito mais sentido. Não havia outra opção. Nessa era do Instagram, do Facebook, a lógica é essa. Não teve como fugir. Era necessário. É um novo momento que estamos vivendo e será proveitoso para todo mundo.

Esse novo momento, como você o define, em linhas gerais?
Há dois novos caminhos na moda atual. Um mais autêntico, mais autoral, mais livre. O outro é o do fast fashion, no qual as vitrines e prateleiras se renovam a cada semana, em lojas com estruturas, variedade e estoques imensos. Essas duas vertentes podem e devem co-existir. Uma alimenta a outra. A pessoa compra algo autoral, único, mas não vai deixar de comprar as blusinhas de preço mais acessível, as calças confortáveis que encontrou na loja de departamentos, peças que estão na moda e rapidamente são disponibilizadas no fast fashion. Eu mesma passo essa moda autoral, essa exclusividade, mas também assino trabalho para fast fashion [C & A], e é um sucesso. Um preço acessível com um corte charmoso. Uma coisa não invalida a outra, as tendências só se complementam. O futuro é autoral e fast fashion.

A coleção de Verão 2016 chega ao Recife com peças inspiradas nas celebrações de réveillon. Fotos: ffw.com.br/Reprodução
A coleção de Verão 2016 chega ao Recife com peças inspiradas nas celebrações de réveillon. Fotos: ffw.com.br/Reprodução

E em relação aos formatos, às modelagens? Como vê a eliminação dos gêneros feminino e masculino nas peças?
A androginia também é um caminho. Minha moda muitas vezes não se adapta a isso, por ser muito romântica, cheia de babados e bordados, muito feminina… mas acho ótimo. Minha moda é assim por se parecer comigo.

E os padrões de beleza, como você os vê? As mudanças na moda ajudam a libertar as mulheres?
Sim. Eu acho que não existem mais padrões. Existe uma mulher com atitude, uma mulher charmosa. Muitas vezes há mulheres que, em tese, não são bonitas, mas são tão charmosas, tão divertidas, que se tornam não apenas bonitas, mas verdadeiramente lindas.

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