Cinema Filme tailandês Cemitério do Esplendor combina o realismo e com a fantasia Filme chega nesta quinta-feira (31) ao Cinema do Museu

Por: Júlio Cavani - Diario de Pernambuco

Publicado em: 31/03/2016 17:01 Atualizado em: 31/03/2016 16:52

Nos filmes do cineasta tailandês Apichatpong Weerasethakul, o sobrenatural, a natureza, a religiosidade e a sociedade industrializada convivem de forma integrada. Foto: Zeta Filmes/Divulgação
Nos filmes do cineasta tailandês Apichatpong Weerasethakul, o sobrenatural, a natureza, a religiosidade e a sociedade industrializada convivem de forma integrada. Foto: Zeta Filmes/Divulgação

Nos filmes do cineasta tailandês Apichatpong Weerasethakul, o sobrenatural, a natureza, a religiosidade e a sociedade industrializada convivem de forma integrada. O mais novo filme do diretor, Cemitério do esplendor, chega nesta quinta-feira (31) ao Cinema do Museu com reflexões sobre o significado da morte ao retratar o cotidiano de uma mulher que frequenta uma escola transformada em um hospital onde soldados estão internados sem esperança de receberem alta.

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Nos cenários do filme, um equipamento médico emite luzes coloridas semelhantes ao neon no alojamento hospitalar improvisado ao lado de uma paisagem natural florestal sagrada habitada por entidades mágicas. A protagonista convive com deusas, enfermeiras, pacientes terminais e um ex-militar norte-americano que dá aulas de aeróbica ao som de uma suave e relaxante música eletrônica.

Os soldados internados sofrem de uma misteriosa doença que os faz dormir continuamente. A recorrência do sono acrescenta ao filme uma atmosfera de sonho, em que a fantasia onírica muitas vezes confunde-se com a realidade. A passagem do tempo parece lenta, como uma constante espera, que faz o espectador entrar em uma espécie de transe meditativo e assim embarcar melhor nas alucinantes situações encadeadas em um caminho a ser percorrido em direção ao autoconhecimento e à paz interior.

Apesar das manifestações místicas, Weerasethakul retrata tudo com naturalismo, sem diferenciar visualmente as alegorias e a realidade, exceto em uma cena específica com efeitos especiais mais explícitos. O tailandês, que também costuma apresentar trabalhos em bienais de arte contemporânea, é um dos diretores asiáticos mais cultuados da atualidade e venceu a Palma de Ouro em Cannes com Tio Boonmee, que pode recordar suas vidas passadas em 2010, quando o júri foi presidido por Tim Burton. Curiosamente, a direção de fotografia de Cemitério do esplendor é assinada pelo mexicano Diego Garcia, o mesmo do filme pernambucano Boi Neon (ainda em cartaz no Cinema São Luiz).



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