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Pernambucano autor de hits de Luan Santana a Ivete Sangalo e Calypso agora é cantor gospel

Músico tem três canções no DVD inédito de Bell Marques e produziu novo disco de Ximbinha

Publicado em: 26/02/2016 14:38 | Atualizado em: 26/02/2016 14:40

Marquinhos Maraial diz ter mais de mil músicas compostas. Foto: Reprodução/Facebook

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Aos 50 anos, o cantor, compositor, produtor musical e arranjador pernambucano Marquinhos Maraial diz ter mais de mil músicas gravadas. No currículo, composições para as vozes de Luan Santana, Ivete Sangalo, Gusttavo Lima, Bruno e Marrone, Leonardo, Magníficos, Calypso, Araketu, Flávio José, Jorge de Altinho, Geraldinho Lins. A lista é inclui hits do axé ao gospel: Te amo demais, Carta branca, Isso é Calypso, É chamego ou xaveco?, Química do amor, Zuar e beber, Ainda é tempo.

Marquinhos produziu bandas de forró eletrônico na década de 1990. E manteve parceria de mais de 15 anos com a banda Calypso. São dele canções de sucesso do grupo, ao lado de parceiros como Edu Luppa e Beto Caju. "As bandas que ajudaram a me projetar foram Magníficos, Limão com Mel, Calcinha Preta, Brucelose, Aviões do Forró, Brasas do Forró e tantas outras", relembra o artista nascido em Belém de Maria, município na Zona da Mata. 

Com a dupla Edu e Maraial, Marquinhos gravou quatro CDs e dois DVDs. Foto: Reprodução/Internet
Cantando, Marquinhos fez dupla com Luppa e passou pos palcos de cidades nordestinas, como a dupla Edu e Maraial. Há cinco anos, resolveu largar os palcos para ficar apenas nos bastidores. Em 2014, Marquinhos iniciou carreira gospel e lançou o DVD Esperou por mim, gravado na Praia do Paiva, e, em 2015, CD Porção dobrada, ambos pela gravadora Novo Tempo. "Minha função no estúdio é produzir, dirigir e fazer um arranjo. Trabalho usando meu dom para sustentar minha família. Só canto para Deus agora", comenta. Hoje, Marquinhos presta serviço para o estúdio Somax, na Rua Imperial, no Bairro do Recife.

 

Assista a Porção dobrada, de Marquinhos Maraial:



A trajetória de Marcos Antônio Ferreira Soares é inusitada. Ele chegou a ser prefeito do município (2008 a 2012), mas largou a política e nem quer ouvir falar do assunto. Com 26 anos de carreira, Marquinhos conta que teve um "encontro com Deus" e isso o incentivou a mudar de vida. Desde então ele faz parte da Igreja Adventista. "Minha vida é do estúdio para casa, e de casa para a igreja", explica o compositor, casado com Sandra há 25 anos, com quem teve cinco filhos: Marília, 21, Vitória, 17, Laila, 12, Marcos Vinicius, 9, e Ana, 6 anos.

Recentemente, Marquinhos produziu o disco da banda X-Calypso, comandada por Ximbinha. E também assina a música de trabalho do grupo, Saudade. Ele está em finalizando o novo trabalho da banda Forró do Muído. E também assina as músicas de trabalho da banda Oito7nove4, Se você fosse um peixinho e Se você me procurar. Além disso, terá três canções inéditas no novo DVD de Bell Marques, gravado no réveillon.

Se você fosse um peixinho, de Oito7nove4:


Marquinhos quis deixar um recado para os amigos compositores. "Diante da bagunça que vivemos neste país, de muitas letras banalizadas, peço que coloquem a mão na consciência. Somos todos competentes e sabemos fazer músicas com letras de incentivo. Precisamos ouvir mais sobre o amor. Chega de tanta metralhadora".

ENTREVISTA // MARQUINHO MARAIAL

Como iniciou a carreira como produtor e compositor?
Em 1997, quando fervia o movimento manguebeat, entrei na banda Coração Tribal. A gente fazia world music, uma mistura de maracatu com pop inglês e reaggae africano. Chegamos a fazer turnê na Europa, gravamos CD produzido por Sérgio Mendes, em Los Angeles. A banda era formada por Jujuba (produtor), Gustavo (guitarrista), Carlos Borges (teclado), Cidi (bateria), Gabriel (contrabaixo), Alex Rocha (vocal) e eu, no sax e na percussão. O forró eletrônico também estava em ascensão. A necessidade me fez escrever. A primeira música de sucesso foi Te amo demais, com a banda Brucelose. Depois dessa, Deus abriu as portas e vieram outras centenas.

O trabalho nos bastidores, como compositor e produtor, dá retorno financeiro?
Sim, dá para viver bem diante de uma realidade difícil do nosso país. Já tive outros sonhos, mas minha felicidade maior eu encontrei, que é servir a Deus. Trabalho usando meu dom para sustentar minha família. Só canto para Deus agora. Minha função no estúdio é produzir, dirigir e fazer um arranjo.

Ressentimento, de Flávio José:


O que aconteceu para decidir deixar os palcos?
Tive um encontro inusitado. Foi fantástico. Estava no melhor momento da minha carreira, a banda estava estourada. Mas tive um encontro espiritual no palco, na cidade de Eunápolis, na festa Pedrão de Eunápolis, no interior da Bahia, em 2010. Foi quando entendi minha real essência. Me descobri. Entendi de onde eu vim, o que estava fazendo e para onde vou. Foi definitivo para tomar minha decisão e deixar a banda. Hoje sou um cara super feliz. Me encontrei.

Não sente falta de estar no palco e poder cantar as músicas que você mesmo compõe?
Para ser sincero não. Quero ajudar os artistas, aproveitar esse momento para aconselhá-los, mostrar que felicidade não está na grana, no poder e na fama. A felicidade está a um palmo do nariz, mas a gente não enxerga. A rotina de banda é cansativa. Sem dúvidas, é o sonho de todo jovem músico, galgar outros degraus da vida artística. Tive sorte que isso aconteceu comigo, mas não me arrependo de ter me afastado. Não era mais a minha onda. Tenho foco na minha vida. Quando quero alcançar um objetivo, vou tirando proveito das coisas boas. A gente erra e aprende a melhorar a partir dos erros.

Química do amor (2011), Luan Santana e Ivete Sangalo:


Como funciona o processo de composição?
O processo da música é simples. Quando ela vem, não escolhe o lugar. Pode ser no banheiro, na hora de ir dormir, quando está deitado, no shopping, no carro. Não tem lugar certo para nascer. Depois que da ideia, ligo para um parceiro e levo o processo de forma profissional. Ficamos concentrados, largamos tudo, família, amigos, e focamos na letra. Faço a primeira parte, vejo se está legal, o campo harmônico, a melodia, e vou para o refrão. Faço uma pré-produção e, se o cara gostar, ele grava. Não faço música focado em nenhum artista. Faço a música, e o artista que se identifica com ela.

Como compositor de músicas para bandas de forró, brega e sertanejo, como chegou até o axé?
A gente faz uma música universal. Pega o tema do amor e explora as historinhas. Uma música romântica boa tem um jeitinho que se encaixar em qualquer estilo. A música Amanhecer, por exemplo, fiz para minha mulher e gravei em ritmo de forró na dupla Edu e Maraial. A Musa acabou de gravar no DVD Amor de fã. Jamais iria imaginar que essa música ia ficar bem em ritmo de brega. E ela se enquadra bem.

Como surgiu a aproximação com Bell Marques e a banda Oito7nove4?
As músicas que eles gravaram são antigas. Estavam na gaveta há seis ou sete anos. Uns amigos compositores mostraram Se você fosse um peixinho, e eles ligaram para mim. Fiquei até surpreso. Aí depois Bell me ligou e criamos uma amizade. O último show que ele fez aqui, me convidou para ficar no camarim e tudo.

Com mais de mil músicas gravadas e sucesso nas rádios, qual o momento mais marcante da sua carreira?
Foi com a música Xonou, xonou, da banda Calypso. Na época, Edu recebeu o prêmio Trofeu Imprensa como música mais tocada do ano das mãos de Sílvio Santos, em 2010. Eu tinha acabado de sair da banda e não fui receber o prêmio. Já não queria mais aparecer na televisão. Outro momento, foi quando concorremos a dois Grammy Latinos com Isso é Calypso (2005), da banda Calypso.

Isso é Calypso, Banda Calypso:


E aonde você quer chegar?
Quero chegar no céu. Aqui na Terra não tenho mais nada para conquistar. Quero encontrar paz. E já estou em paz. Recebi muitas propostas para ganhar grana, mas não quero. Tudo que quero na vida eu tenho: uma casinha para morar, meus filhos sendo criados, meus amigos por perto e tenho meu trabalho. Para quem tem fé, tenho convicção que esse mundo vai chegar ao fim. Haverá uma divisão entre duas classes. Aquela que viveu nos prazeres do mundo, sem pensar nas consequências, rebelde, vai ser a primeira a desaparecer. E não quero fazer parte de grupo.

Como analisa o mercado de composições?
Hoje o mercado está mais dinâmico por conta da tecnologia. Os compositores estão compactando as músicas. Tem muita coisa ruim, mas também boas, com conteúdo, história que falam ao coração. O sucesso não tem fórmula. A única coisa de que é preciso para ter sucesso é determinação. Focar no que você quer. Além disso, precisa ter uma empresa forte por trás. Não basta cantar bem e ter música de qualidade, ainda falta a empresa para gerenciar isso aí. O mercado mudou muito ao longo dos anos. Antes, as músicas elas tinham maior critério na seleção. Existia uma preocupação em relação as letras. Nomes como Michael Sullivan, Peninha, Carlos Randall, são compositores que eu tiro o chapéu. Hoje a coisa está banalizada. Para fazer sucesso só precisa fazer um tchu tchu tchu e ter dinheiro para divulgar. Queria deixar um recado para os compositores se conscientizarem para cantar mais o amor. Diante da bagunça que vivemos neste país, de muitas letras banalizadas, peço que coloquem a mão na consciência. Somos todos competentes e sabemos fazer músicas com letras de incentivo. Precisamos ouvir mais sobre o amor. Chega de tanta metralhadora.

Carta branca - Araketu, Magníficos e Gusttavo Lima:


Você parou de compor música falando de farra, mulher e cachaça?
Eu bebia muito e a boca fala do que o coração está cheio. Fazia música de todo tipo. Hoje, não bebo, não fumo e não faço mais música com esses temas. Não vou contribuir com isso. Pois é uma forma de incentivar as pessoas. Há cinco anos parei. A partir do momento que componho, estou incentivando. E não quero compactuar com isso.

Você é um compositor romântico, se preocupa com as letras das músicas?
A gente precisa cantar o amor. Esses caras que estão no topo são responsáveis por criar tendências. Eles ditam as regras. Se eles cantam música de cachaça, o povo vai beber. Mas se cantarem música de amor, o povo vai amar.

Como levar uma vida religiosa e continuar compondo músicas de forró, brega, axé e sertanejo?
Essa é uma pergunta boa, mas nem todo mundo entende. Se um advogado virar cristão, ele vai continuar advogando, mas não vai poder fugir da ética e dos princípios. Um policial vai ter que exercer a profissão dentro da linha. Um músico que conhece Cristo, vai ter que exercer a função dentro dos princípios e da conduta cristã. Se ele vivia na gandaia, fazia música falando de álcool, ele não pode mais compactuar com essas coisas. Tudo precisa de equilíbrio. Não se pode virar fanático, nem aquele que só olha para o irmão e não olha para ele próprio. O importante é buscar conhecimento e seguir a vida. O problema está em quebrar os princípios.

Xonou, xonou (2008),  Banda Calypso:


Zuar e beber (2010), de Leonardo:


Te amo demais, Brucelose:


É chamego ou xaveco?, de Magníficos:

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