Arte Fortalecida com Museu de Congonhas, arte sacra tem redutos em Pernambuco Confira roteiro de pontos turísticos dedicados à arte sacra e barroca na capital pernambucana

Por: Larissa Lins - Diario de Pernambuco

Publicado em: 03/01/2016 16:01 Atualizado em:

Os Profetas de Aleijadinho foram replicados para o Museu de Congonhas. Foto: Divulgação
Os Profetas de Aleijadinho foram replicados para o Museu de Congonhas. Foto: Divulgação


Foram necessários 12 anos até que o Museu de Congonhas - aberto ao público na próxima segunda-feira - fosse erguido, no Santuário do Bom Jesus de Matosinhos, em Minas Gerais. Nesse intervalo, negociações entre o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), a Prefeitura de Congonhas, a UNESCO no Brasil, o Santander Cultural e a Igreja Católica se estenderam por tempo suficiente para que o projeto fosse amadurecido e reformulado até sua inauguração, em dezembro passado. Instalado em edifício de 3.452,30 m2 e apresentado, em solenidade, pela presidente da república Dilma Rousseff, o resultado final é um “museu de sítio”, ponto de mediação entre o público e o sítio histórico do Bom Jesus de Matosinhos, Patrimônio Cultural Mundial há 30 anos. Fortalece, no país, o roteiro cultural dedicado à arte sacra e barroca, com referências como o Museu de Arte Sacra de São Paulo,  o Museu de Arte Sacra de Santos, ambos em São Paulo, o Museu Aleijadinho, Minas Gerais, o Museu de Arte Sacra de Pernambuco e o Instituto Ricardo Brennand, na capital pernambucana.

Para a historiadora Elly de Vries, gerente da Coleção Santander Brasil e uma das idealizadoras do Museu de Congonhas, esses espaços - ainda escassos, segundo ela - fomentam a fé de peregrinos religiosos e, sobretudo, as pesquisas de estudiosos do sacro e do barroco. “Quem vem pela fé está, geralmente, buscando uma graça. E quem estuda esse tipo de arte está à procura de referências, acervo, material para investigação. É preciso contemplar ambos”, analisa. Ela aponta a associação entre os 70 anos da Unesco e a inauguração do Museu, celebrados em Congonhas na mesma ocasião, como sinal da relevância internacional do novo aparelho. “Estados como Minas Gerais, Bahia e Pernambuco são redutos da origem da cultura e da arte brasileiras. Precisamos nos apropriar dessa brasilidade cultural, antes de voltar nossa atenção às obras e aos museus do exterior, por exemplo”, opina Elly de Vries.

Museu de Congonhas abre as portas nesta segund-feira (04). Foto: Ana Lúcia Guimarães/Unesco/Divulgação
Museu de Congonhas abre as portas nesta segund-feira (04). Foto: Ana Lúcia Guimarães/Unesco/Divulgação


Os Doze Profetas, esculpidos por Aleijadinho em pedra sabão, entre 1794 e 1804, e distribuídos pela escadaria do Santuário do Bom Jesus de Matosinhos há décadas, foram o principal objeto de discussão entre os idealizadores do Museu de Congonhas e a Igreja Católica, que permitiu somente reproduções (estimadas em R$ 1 milhão cada). Aos Profetas, somam-se ex-votos (objetos oferecidos em agradecimento por graças alcançadas) dos séculos 18 ao 21, obras do pintor Manoel da Costa Athaíde, esculturas da Via Sacra de Aleijadinho e mais de 300 peças do acervo da pesquisadora Márcia de Moura Castro, além de biblioteca, ateliê e anfiteatro ao ar livre. O projeto expográfico, assinado pelo designer espanhol Luis Sardá, é, provavelmente, único ponto destoante em relação ao acervo barroco exposto ali: aparatos tecnológicos e estruturas em vidro e madeira remetem a produções de arte contemporânea, separados por séculos das peças produzidas por Athaíde ou Aleijadinho. 

* A repórter viajou a convite do Santander

>> Congonhas
O Museu de Congonhas está localizado ao lado do Santuário do Bom Jesus de Matosinhos, no Morro Maranhão, zona urbana de Congonhas. A exposição permanente, com curadoria dos museólogos Letícia Julião e Rene Lommez, explora a devoção como manifestação artística. O espaço funciona de terça a domingo, das 9h às 17h, e às quartas, das 13h às 21h. Ingressos custam R$ 10. (31) 3731-3056

Projeto expográfico mistura arte barroca a tecnologia. Foto: Ana Lúcia Guimarães/Unesco/Divulgação
Projeto expográfico mistura arte barroca a tecnologia. Foto: Ana Lúcia Guimarães/Unesco/Divulgação


>> Arte sacra em Pernambuco

Maspe

Inaugurado em 1977, o Museu de Arte Sacra de Pernambuco (Rua Bispo Coutinho, 726, Alto da Sé – Olinda) ocupa uma das primeiras edificações de Olinda, fundada por Duarte Coelho em 1537. É espaço para exposição e estudo da arte sacra ou de inspiração religiosa. O acervo fixo reúne objetos de culto, como santos populares e de procissão, relicários, custódias e pinturas religiosas. Destaque é a coleção de imagens antigas eruditas, policromadas e douradas, do século 16. Visitação de terça a domingo, das 10h às 17h. Informações: 3184-3154
 
Mepe
O Museu do Estado de Pernambuco (Avenida Rui Barbosa, 960, Graças) tem no acervo mais de 14 mil obras, uma parcela dedicada à arte sacra, com estátuas, crucifixos e oratórios. Um dos itens que valem a pena ver é uma porta de oratório contendo cenas da Paixão de Cristo, pintada entre os séculos 17 e 18. A obra faz parte da coleção Brás Ribeiro, com cerca de 1.800 peças, desapropriada pelo estado em 1950 e entregue ao museu. Informações: 3184-3170

IRB
O Instituto Ricardo Brennand (Alameda Antônio Brennand, s/n, Várzea) tem várias obras sacras e religiosas destinadas a representar os últimos momentos de Jesus Cristo. Entre elas, estão cinco peças, a Descida da cruz, peça de madeira policromada do século 18, Bom Jesus da agonia, a tela A crucificação, de Pierre Jan van der Ouderaa (1841-1915), e um políptico sobre madeira do século 20, do artista alemão Johann Kluska (1904-1973). A capela do instituto também mostra 14 estações da via sacra, com placas de bronze e madeira pintadas a óleo. Informações: 2121-0352

Igreja Matriz de Santo Antônio
A Igreja Matriz do Santíssimo Sacramento de Santo Antônio (R. Imperatriz Teresa Cristina, S/N - Boa Vista), construída entre 1753 e 1790, tem estilo barroco colonial. No altar, além do sacrário com o Santíssimo Sacramento, há imagens do padroeiro Santo Antônio e do mártir São Sebastião. Painéis de Sebastião da Silva Tavares, famoso pintor sacro do século 19, integram a decoração. O Batismo de Jesus, quadro do início do século 19, assinado por José Eloy da Conceição, é uma das principais obras sacras da igreja. Informações: 3224-5076

Igreja e Mosteiro de São Bento
Em Olinda, a Igreja e o Mosteiro de São Bento (R. São Bento, s/n, Olinda) reúnem painéis do pintor José Eloy da Conceição, retratando a vida de São Bento. A fachada da igreja exibe desenhos do mestre-pedreiro Francisco Nunes Soares, e a sacristia tem móveis esculpidos em cedro e decoração feita com espelhos de cristal. Lampadários de prata do século 18 e uma imagem em tamanho natural de Cristo crucificado rodeado de anjos estão entre os destaques do lugar, além do Menino Jesus de Olinda, escultura feita em barro cozido por Frei Agostinho da Piedade, entre 1635 e 1639. Em 1998, a Igreja do Mosteiro de São Bento foi elevada a Basílica Menor pelo Papa João Paulo II. Informações: 3316-3288

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