Cinema Zé do Caixão: oito coisas que você provavelmente não sabia sobre o Rei do terror nacional Vida do cineasta será abordada na série de mesmo nome, que estreia nesta sexta-feira 13 no canal Space

Por: Pedro Siqueira - Diario de Pernambuco

Publicado em: 13/11/2015 09:55 Atualizado em: 13/11/2015 16:15

Cineasta Jose Mojica Marins comemora mais de 50 anos de carreira. Foto: Divulgação
Cineasta Jose Mojica Marins comemora mais de 50 anos de carreira. Foto: Divulgação

Sexta-feira 13, data temida por muitos, mas, neste ano, bastante celebrada pelos fãs de José Mojica Marins. É que às 22h30, o canal Space exibe o primeiro episódio da série Zé do Caixão, que reconta a trajetória do cineasta (e do personagem que o marcou) ao longo de seis episódios. Cada capítulo foca em uma produção diferente de Mojica, explorando desde o pioneirismo no cinema de terror nacional até as aventuras na indústria pornográfica.

"No Brasil, as pessoas não são tão cultas", diz Matheus Nachtergaele em entrevista exclusiva


Na série, baseada na biografia Maldito: A vida e o cinema de José Mojica Marins, o Zé do Caixão escrita por Ivan Finotti e André Barcinski (roteirista), Mojica é interpretado por Matheus Nachtergaele. A riqueza de detalhes nos figurinos, cenários e trejeitos do personagem impressionou os fãs. Mas apesar de ser uma figura conhecida no Brasil inteiro, algumas pessoas costumam esquecer que Zé do Caixão é apenas um personagem, e que a vida pessoal de Mojica tem tantas (ou talvez até mais) histórias curiosas como a de seu alter ego. No esquenta para a estreia da série, o Viver reuniu algumas. Confira:

Nascimento e primeiras experiências com cinema
O Rei do Terror Nacional não poderia ter nascido em melhor data. 13 de março de 1936, uma sexta-feira. Filho único, morou com a família nos fundos de um cinema em São Paulo, onde seu pai trabalhava como gerente. Foi lá que Mojica teve sua primeira experiência inusitada com a sétima arte. Em entrevistas, ele conta que, aos quatro anos, foi convidado para conhecer a cabine de projeção no dia em que era exibido um filme educativo sobre doenças venéreas femininas. "Quando olho, vejo uma vagina com gonorreia, um troço horroroso", afirma Mojica.

De onde veio Zé?
Apesar de muitos considerarem a carreira de Mojica a partir de À Meia-Noite Levarei Sua Alma (1964), o cineasta já tinha no currículo filmes como A Sina do Aventureiro (1958). Ele conta que a ideia do coveiro macabro que atende por Zé do Caixão veio de um pesadelo. "Era uma figura sombria, que eu não conseguia ver o rosto. Tentava me arrastar para minha cova, onde estava escrito a data de minha morte, que eu não queria saber". O resto é história.

Fotos: Divulgação
Fotos: Divulgação


A voz do além

Em quase todos os filmes da saga de Zé do Caixão, Mojica teve que ser dublado. A exceção é Encarnação do Demônio (2008). Nos anos 1960, era comum que o áudio dos filmes fosse regravado em estúdio, por questões de nitidez e captação. Zé do Caixão já foi dublado por Laercio Laurelli e Araken Saldanha.

Zé do Caixão ícone pop

Mesmo com os temas sinistros dos filmes e a perseguição da Censura, Mojica tornou-se personagem folclórico com Zé do Caixão. Ele aparece, por exemplo, na capa do disco A Peleja do Diabo com o Dono do Céu, de Zé Ramalho. A fama rendeu, pasmem, uma marca de cosméticos inspirada no personagem, e até uma impagável marchinha de carnaval: "Eu moro no Castelo dos Horrores. Não tenho medo de assombração. Ô ô ô, eu sou o Zé do Caixão".



Do terror para o pornô

Nos anos 1980, quando o cinema nacional vivia o auge das pornochanchadas, Mojica conseguiu mais uma vez ser transgressor com 24 Horas de Sexo Explícito (1985). Reza a lenda que o cineasta, amigos de jornalistas da redação do finado Notícias Populares, anunciou que procurava as "mulheres mais feias do cinema pornô". O auge da empreitada foi a contratação de um enorme cachorro de raça Pastor Alemão, que participou daquela que é considerada a primeira cena de zoofilia do cinema nacional.

Coffin Joe: A fama no exterior

A partir dos anos 1990, Mojica era conhecido no Brasil como um personagem folclórico, mas seus filmes não recebiam a devida atenção. Foi então que cópias em VHS de À Meia-Noite Levarei Sua Alma começaram a circular pelos Estados Unidos através da distribuidora Something Weird, catapultando a carreira de Mojica, lá conhecido como Coffin Joe. "Em 30 anos, no Brasil, eu ganhei 50 capas de revistas. Esse mesmo número eu ganhei em menos de um ano nos Estados Unidos", afirma Zé.

Fotos: Divulgação
Fotos: Divulgação


Zé do Caixão Rock and Roll

O estúdio de Mojica já foi visitado por personalidades musicais como White Zombie e Sepultura. O primeiro, grupo liderado por Rob Zombie, homenageou Zé do Caixão em show no Estádio Pacaembu, em 1996. Já o Sepultura participou da célebre cerimônia em que Zé do Caixão cortou suas enormes unhas, em 1998.

Mojica Gourmet

Em 2014, Mojica passou por maus bocados, chegando a ficar três meses internado para tratar problemas do coração. Em seu blog no  R7, o amigo e roteirista André Barcinski relatou que o cineasta sofreu com a dieta do hospital. Segundo Barcinski, uma das especialidades de Zé na cozinha é o "kibe de quinze queijos" (isso mesmo, quinze).

Confira na íntegra o documentário Maldito, sobre a vida e obra de José Mojica Marins:



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