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Consciência negra Girl power: as damas negras do feminismo O discurso contra a desigualdade transformado em livro encerra a série de reportagens sobre a semana da Consciência Negra

Por: Fellipe Torres - Diario de Pernambuco

Publicado em: 18/11/2015 09:24 Atualizado em: 18/11/2015 11:45

Beyoncé incorporou discurso de escritora nigeriana Adichie. Crédito: Reprodução da internet/newsintels.com
Beyoncé incorporou discurso de escritora nigeriana Adichie. Crédito: Reprodução da internet/newsintels.com

Crédito: Reprodução da internet/newsintels.com
Crédito: Reprodução da internet/newsintels.com
Há três anos, Toni Morrison, 84, recusou-se a escrever a autobiografia por achar a própria história desinteressante. Nascida em família pobre no período da Grande Depressão, nos EUA, teve como grandes companhias de juventude as obras de Jane Austen e Liev Tolstói. Foi professora, editora de livros... Sim, a depender de como é contada, a trajetória de qualquer pessoa pode soar ordinária. Não é o caso desta senhora, a primeira escritora negra a receber o Nobel de Literatura, em 1993.Tão contraditória quanto a decisão de não publicar a própria biografia é o fato de negar a classificação de suas obras como “feministas”, uma marca indelével. “Não escrevo livros ‘istas’. Prefiro ser livre o quanto posso. Ao invés de fechar, abrir portas. (...) Não concordo com o patriarcado e não acho que deve ser substituído pelo matriarcado. É questão de acesso igualitário, de abrir portas para todos os tipos de coisa”, definiu, em entrevista a um site.

Crédito: Reprodução da internet/newsintels.com
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Nos romances, as personagens são mulheres negras marcantes, de forte personalidade e protagonistas. São narrativas como Amada, já transposta para as telas e os palcos. A discrição de Morrisson contrasta com o ativismo da conterrânea Toni Walker, 71, cujo drama A cor púrpura garantiu-lhe repercussão mundial, sobretudo após a adaptação para o cinema por Steven Spielberg, em filme homônimo, interpretado por Whoopi Goldberg. O livro vendeu mais de 5 milhões de exemplares em 25 idiomas. Defensora incondicional dos direitos de negros e mulheres, Walker não somente é autora de mais de 30 obras marcadas pela temática, mas figura conhecida por encampar luta contra questões polêmicas, como a mutilação genital feminina em países africanos. “Não estou convencida de que as mulheres são educadas ou têm o senso da própria história o suficiente ou que entendem a crueldade da qual os homens são capazes e o prazer que alguns sentem em ver você passar por isso. É como usar salto alto que machuca, mas a gente aguenta porque é sexy”, disse ao The Guardian.

Crédito: Reprodução da internet/newsintels.com
Crédito: Reprodução da internet/newsintels.com
As trajetórias das veteranas impulsionaram a escritora nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie, 38, a se apropriar de discurso semelhante. Em 2013, participou do TED Talks com a palestra Sejamos todos feministas, com milhões de visualizações na internet e transformada em livro. Em meia hora, ela conta episódios como quando um jornalista a aconselhou a não se rotular assim, pois “feministas são mulheres infelizes porque não conseguem arranjar maridos”. Adichie inspirou Beyoncé a passar adiante a mensagem. Em Flawless, trechos do discurso da escritora foram incorporados à canção (Mamãe me deu uma boa educação/ Meu papai me ensinou a amar os que me odeiam/ Minha irmã me ensinou a falar o que penso/ Meu homem faz com que me sinta gostosa pra caramba/ Sou perfeita!).
 
 






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