Debate FLIPORTO: O triângulo amoroso entre Javier Cercas, o passado e a verdade Autor catalão conversou com escritor Eric Nepomuceno neste sábado

Por: Fellipe Torres - Diario de Pernambuco

Publicado em: 15/11/2015 08:00 Atualizado em: 15/11/2015 05:41

Crédito: Fliporto
Crédito: Fliporto

 
Assim como é a obra do maior destaque da Fliporto 2015, o catalão Javier Cercas - um “território pantanoso do dito e do não dito, da verdade ou da ficção”, - foi o debate com o também escritor Eric Nepomuceno, neste sábado. Em uma das mesas mais aguardadas do evento, Javier fez reflexões a respeito do tipo de literatura que dá conta da realidade e se relaciona com o passado.
 
Ele contou que, nos primeiros livros publicados queria ser um escritor pós-moderno, então falava do presente. Tudo mudou com Soldados de Salamina, seu livro mais conhecido. "Mudou minha vida em muitos aspectos, me tornou escritor profissional, e ali surgiu o passado. Desde então, minha novela é a relação do passado com o presente."

Para Javier, vivemos na "ditadura do presente", propiciada pelos meios de comunicação, onde a história presente passa muito rápido. Muitas pessoas, na opinião dele, acham que o passado é algo "velho, que está nas bibliotecas, que interessa somente a alguns feras como eu". Em seguida, completou: "Mas o passado é uma parte do presente.  O passado não está morto, sequer é passado, como diz Faulkner". 
 
Depois de comentar vários episódios históricos e comentar o novo livro, Javier Cercas passou a teorizar sobre as verdades distintas da literatura e da história. Para ele, a verdade da literatura é "moral, abstrata, universal, busca o que ocorre a todos os homens em todas as circunstâncias e em qualquer lugar. Por isso, Aristóteles dizia que a literatura é superior à história". Cercas concluiu o raciocínio citando Madame Bovary como caso de um livro de ficção, mas que contém grandes verdades universais. 


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