Luto Corpo de Abelardo da Hora Filho, morto aos 56 anos, será embalsamado e chega ao Recife nesta quarta Filho do artista plástico Abelardo da Hora faleceu na noite da segunda-feira (23). Ele estava internado em hospital em São Paulo

Por: Viver/Diario - Diario de Pernambuco

Publicado em: 24/11/2015 09:30 Atualizado em: 24/11/2015 10:57


Abelardo da Hora Filho cuidou do acervo do pai após falecimento em 2014. Foto: Acervo Pesoal/Divulgação
Abelardo da Hora Filho cuidou do acervo do pai após falecimento em 2014. Foto: Acervo Pesoal/Divulgação

O corpo de Abelardo da Hora Filho, falecido nesta segunda-feira (23), será transferido para o Recife nesta quarta-feira (25). Procurado pelo Viver, o parente e músico Nonô Germano explica que, devido à hora, decisões sobre velório e sepultamento só serão tomadas nesta terça (24). O corpo passará por embalsamamento.

Filho do escultor Abelardo da Hora, morto em 2014, Abelardinho, como era conhecido, estava internado em São Paulo, em tratamento após sofrer um AVC na semana passada. Ele já tinha recebido alta da UTI e se recuperava, mas sofreu parada cardíaca fulminante na noite desta segunda-feira. O administrador tinha 56 anos e deixa três filhos.

Após o falecimento do pai, Abelardo Filho cuidou do enorme acervo deixado por ele. Uma das ações mais recentes foi a curadoria da exposição Abelardo da Hora 90 Anos: Vida e Arte, que levou 110 peças do artista a todo o país e também cumpriu temporada na Caixa Cultural do Recife, em agosto. Na ocasião, disse ao Viver: “Fiz da preservação do legado dele o trabalho da minha vida.”

Na página pessoal de Abelardo Filho no Facebook, amigos e familiares prestaram as últimas homenagens. "Ontem partiu meu tio querido... o Senhor o chamou de volta... fica a saudade e a certeza de que ele está nos braços do pai!", escreveu a sobrinha Tatiana da Hora.

No Dia dos Pais deste ano, Abelardo da Hora Filho foi convidado pelo Viver para falar sobre o pai. Confira o depoimento:

ABELARDO
, PAI
Nos últimos anos de vida, Abelardo da Hora (1924 - 2014) chamou o filho, de mesmo nome, para conversar. Disse que inverteriam os papéis: “A partir dali, eu seria o pai e ele, o filho.” Na infância, Abelardo (filho) achava curioso o trabalho do pai, diferente do que faziam os pais de todos os colegas, com funções mais burocráticas. “Ele fazia arte e eu sabia que vivíamos daquilo.” Generosidade e bom humor foram, para ele, as características mais marcantes do mentor. “Foi preso inúmeras vezes pela ditadura, torturado inclusive, mas se manteve alegre ao longo da vida”, recorda. Abelardo se refugiava no atelier de casa durante horas, diariamente, e assobiava (ou cantarolava) enquanto moldava novas obras. Os filhos tentavam manter o silêncio e, depois, eram convidados a opinar sobre as estátuas em produção. Nos últimos dez anos de vida, o artista reunia a família aos domingos, quando recitava textos de Guerra Junqueiro a Edgar Alan Poe, além dos de sua própria autoria  “A figura paterna de Abelardo sempre norteou a minha vida, pelos exemplos de solidariedade, justiça e retidão.”

ABELARDO, ARTISTA
Abelardo da Hora deixou mais de 1.200 obras sob os cuidados da família, especialmente do filho de mesmo nome. São esculturas, gravuras, poemas. Em 2004, foi criado o Instituto Abelardo da Hora, em esquema de Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP), responsável pela preservação do acervo. Abelardo da Hora Filho planeja, há mais de dez anos, transformar o atelier da Rua do Sossego, Centro do Recife, em museu aberto ao público. Por enquanto, as obras são expostas em mostras esporádicas. “Ele pediu que mantivéssemos o acervo todo reunido e, sobretudo, ao alcance do povo pernambucano.” A partir do dia 12, o Recife recebe a inédita Abelardo da Hora 90 anos: Vida e arte, com 110 peças, na Caixa Cultural, no Centro. Advogado e administrador, Abelardo da Hora Filho abandonou a carreira burocrática para se dedicar ao legado do pai. “Fiz desse o trabalho da minha vida”, diz. No dia a dia, se divide entre visitas ao atelier e reuniões para promover a obra, principalmente através de exposições, Pernambuco afora.



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