Show Chuck Billy: uma entrevista exclusiva com o vocalista da banda de thrash metal Testament Grupo lendário é uma das atrações da primeira edição do Hellcifest, neste sábado

Por: Emanuel Leite Jr - Diario de Pernambuco

Publicado em: 11/11/2015 19:37 Atualizado em: 13/11/2015 15:01

Foto:  Stephanie Cabral/Divulgação
Foto: Stephanie Cabral/Divulgação

A história do Testament se confunde com a do thrash metal, em especial a da região norte-americana da Bay Area, de onde saíram também, dentre outras, Metallica, Slayer e Megadeth. Pioneiro do gênero - ainda sob a nomenclatura de Legacy (1983-1986) -, o Testament surgiu efetivamente em 1986. Altura em que Chuck Billy, uma das vozes mais representativas deste que é um dos mais populares dos subgêneros do metal, entrou na banda.

Em 30 anos de carreira, o grupo jamais esteve no Recife. Lacuna histórica que vai ser preenchida neste sábado (14), na primeira edição do Hellcifest, do mesmo pessoal que produz o Abril Pro Rock. O show do Recife abre a turnê latino-americana de 14 datas que a lenda do thrash metal vai realizar com o Cannibal Corpse, ícone do death metal. Os caras do Decomposed God e as meninas da Vocífera, ambos de Pernambuco, completam o line-up do festival. O evento acontece no Clube Português e os portões vão ser abertos a partir das 19h.

O Viver conversou com exclusividade, por telefone, com Chuck Billy. O músico contou um pouco de sua trajetória de três décadas dedicadas ao metal. Falou, também, sobre sua nova experiência como empresário - cuida, dentre outras, de outra lenda thrash, o Exodus - e recorda quando tentou entrar no Sepultura, em 1997, quando a banda brasileira procurava por um novo vocalista. Chuck também prometeu um show de cerca de uma hora e meia, adiantando, inclusive, algumas músicas que a banda não toca há alguns anos e que já são certas de aparecer no setlist.

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O Testament se destaca como uma das principais bandas do thrash metal mundial nas últimas três décadas. Como você poderia resumir essa experiência?

Bem, quando nós começamos a banda, nossos sonhos e desejos eram o que faríamos para sempre em nossas vidas. E, felizmente, até agora, já tivemos 30 anos para continuar a levar a banda adiante. Acredito que, definitivamente, crescemos como banda desde os primórdios do thrash metal até os dias atuais e o álbum Dark Roots of Earth. De lá para cá, percorremos um longo caminho, sobrevivemos às diversas mudanças na cena musical e estamos aqui até hoje. Tenho orgulho disso.

Realmente, vocês sobreviveram ao teste do tempo e ainda seguem em turnês. Este ano, já fizeram tour com o Exodus e agora vêm à América Latina com o Cannibal Corpse. Qual é a sua expectativa para esta turnê?

Estamos muito empolgados! Todas as vezes que vamos à América do Sul, na verdade, é muito excitante. Da última vez, fomos com o Anthrax, mas não tocamos em tantas cidades. Desta vez, com o Cannibal Corpse, vai ser muito bom fazer todas estas cidades com eles. Nunca fizemos turnê juntos, então acho que vai ser uma bela oportunidade para os fãs de thrash e death metal.

E como surgiu a ideia de fazer uma tour com uma banda de death metal?

Foi uma ideia do promotor da turnê. Ele quis colocar as duas bandas juntas. Ele pensou que seria uma grande ideia e uma grande oportunidade para ambas as bandas. Então, ambos concordamos. Dissemos 'sim, vamos nessa!'

Há pouco você mencionou o Dark Roots of Earth. O álbum foi lançado em julho de 2012, e de lá para cá, vocês já fizeram 240 shows e têm pela frente mais 14 datas na América Latina. Vocês esperavam estar na estrada por tanto tempo?

Sim! Nós sempre procuramos fazer isso. Quero dizer, na realidade, é o que sempre pretendemos. Compomos um novo álbum e, especialmente agora, que não gravamos álbuns tão rápido como fazíamos nos anos 1980. A gente lançava um disco a cada ano, praticamente. Agora procuramos lançar o álbum e entrar em turnê por um bom tempo e depois é que paramos para pensar em compor um novo trabalho. Isso ajuda, também, a que possamos planejar tudo corretamente para o lançamento seguinte.

Por falar nisso, em 2016, completam-se quatro anos desde o último álbum.


Nós vamos ter um novo álbum em breve.

Legal! Quanto do novo álbum já está composto, então?

Já temos muita coisa escrita. Nós pretendemos lançar o álbum nos primeiros meses do ano que vem. Então, depois da turnê com o Cannibal Corpse nós vamos voltar para casa e esperamos concluir o processo de composição para que toda a banda possa entrar em estúdio.

Alguma ideia de quando vocês entram em estúdio?

Bem… É complicado. Porque vamos voltar da tour em dezembro, já no período das festividades de fim de ano. Então, provavelmente, apenas depois do Ano Novo.

Então, ainda seria prematuro falar em data de lançamento, né?

Pois é. Ainda não temos uma data exata definida. Mas, definitivamente, queremos que o álbum saia ainda no primeiro quarto do ano que vem.

E já definiram quem vai produzir o álbum?

Ainda é muito cedo para dizer. Ainda não chegamos a esse ponto.

Vocês têm excursionado com o baixista Steve DiGiorgio e o baterista Gene Hoglan, eles vão gravar o novo trabalho?

Sim, eles vão! E estamos muito animados com isso. Estou muito feliz por ter o Steve de volta à banda. Ele nos acrescenta toda uma outra dimensão ao Testament com seu estilo no baixo. Além disso, ele é muito bem-humorado, nestes anos na estrada, ele traz mais diversão às turnês, sabe? E o Gene é espetacular! Então, nós estamos com uma formação fantástica e estamos todos nos divertindo.

Vamos falar um pouco de você. Agora também se aventura no campo empresarial, agenciando bandas como Exodus, Soilwork e outras, através da Breaking Bands LLC. Como foi isso?

É algo que já falávamos há muitos anos, mas que nunca se concretizava. Então, há pouco mais de um ano, nós decidimos levar adiante. Eu, Jonny Z [responsável pelo lançamento do Metallica e também do próprio Testament] e Maria Ferrero conversamos e batemos o martelo.

Para quem não sabe, Jonny é o dono da Megaforce Records, Maria trabalhava na gravadora e foi ela quem assinou o primeiro contrato do Testament. Já nos conhecemos há muito tempo e pensamos que tínhamos uma boa equipe para começar esta empresa de gerenciamento.

E como tem ido?

Está indo tudo bem. Tem pouco mais de um ano. Já estamos pensando em aumentar a nossa cartela de clientes no ano que vem. E tem sido um processo de aprendizado, sem dúvida alguma. Mas, para mim, é um passo natural, sabe?

Percebo. É até uma forma de você partilhar um pouco de sua experiência de mais de 30 anos no Metal, né?

Exatamente. Para mim, é algo inevitável na minha carreira, passar a atuar também nesta área.

Falando sobre sua carreira e já que você vem para o Brasil. Em 1997, você gravou versão de Choke para a audição do Sepultura para a escolha do novo vocalista, após a saída de Max Cavalera. Alguém te convidou ou você mesmo resolveu tentar?

Eu mesmo resolvi tentar. Mas, acho que esperei muito tempo. Eu gravei a fita muito tarde. E acho que eles já haviam tomado a decisão de escolher o Derrick quando mandei minha gravação.

Tem a gravação disponível no Youtube…


Sério? Eu não sabia que estava no Youtube. É bem diferente da versão final, né?

Sim, um pouco diferente, mas ficou muito bom.

Ahh! Obrigado.

Como você disse, o Sepultura escolheu o Derrick Green. E Andreas Kisser disse em algumas entrevistas recentes que você foi muito bem, mas que é a cara do Testament e eles queriam alguém completamente novo. No fim, foi melhor para ambos, não?

Sem dúvida! Quem sabe o que seria do Testament hoje em dia se eu estivesse no Sepultura, né? Seria um pouco complicado conciliar as agendas das duas bandas. São dois grupos que vivem em turnês e seria um pouco complicado.

Para finalizar, falemos um pouco sobre o show no Recife. Esta vai ser a primeira vez de vocês por aqui.

É sempre muito massa quando podemos visitar uma cidade pela primeira vez! É muito excitante para mim, pois adoro tocar em uma cidade onde nunca estive.

Este também vai ser o primeiro show da turnê latino-americana. O que os fãs podem esperar?


Nós pretendemos fazer um show maior do que o normal. Preparamos um set de uma hora e meia de apresentação. Vamos tocar alguns clássicos old school, bem como músicas que não tocamos há algum tempo. Acho que vai ser muito legal. Acrescentamos algumas canções que ensaiamos ao longo da última semana. Estamos prontos e mal esperamos por isso!

Pode nos adiantar algumas dessas novidades do setlist?

Vamos tocar Henchman [Ride], que não tocamos há algum tempo. Vamos tocar também Dog Faced Gods e Legions of the Dead. Deixe-me ver o que mais… Ahh! True Believer! Vamos colocá-la no set. Decidimos colocar mas algumas músicas do álbum The Gathering, além de DNR e 3 Days in the Darkness, que já costumamos tocar. Vai ser bom!

SERVIÇO:

Hellcifest

Data:
Sábado, 14 de novembro de 2015
Local: Clube Português do Recife
Hora: 19h (abertura dos portões)
Ingressos:
R$ 120,00 (Meia Entrada - Válido apenas com a apresentação da carteira de Estudante)
R$ 150,00 (Social + 1kg de Alimento não perecível entregue no local no dia do evento)
R$ 240,00 (Inteira)
R$ 250,00 (Camarote - Preço individual)



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