Artes cênicas Pernambucano João Falcão fala sobre sua versão de "Ópera do Malandro" que estreia no Recife Adaptação do musical de Chico Buarque tem apresentações nestes sábado, às 17h e 21h

Por: Isabelle Barros

Publicado em: 19/10/2015 19:01 Atualizado em: 20/10/2015 09:34

A boemia do bairro carioca da Lapa é o pano de fundo do musical. Crédito: Leo Aversa/Divulgação.
A boemia do bairro carioca da Lapa é o pano de fundo do musical. Crédito: Leo Aversa/Divulgação.

Um clássico teatral de Chico Buarque ganhou mais uma adaptação para os palcos a partir do talento do diretor pernambucano João Falcão, radicado no Rio de Janeiro há mais de duas décadas. A Ópera do Malandro, montada pela primeira vez em 1978, vai ter duas sessões neste sábado no Teatro Guararapes, às 17h e às 21h. A montagem está em cartaz desde agosto do ano passado e traz uma ousadia cênica com relação às outras adaptações: todos os papeis femininos são interpretados por homens. Há apenas uma mulher em cena, Larissa Luz, que vive o personagem João Alegre, que pontua a trama com comentários.

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A trama do espetáculo, pontuada por canções emblemáticas de Chico - Geni e o zepelim, Folhetim e O meu amor - mostra a história de Max Overseas, que tem como antagonista Duran, dono de uma rede de bordéis no Rio de Janeiro dos anos 40. Ele consegue se casar em segredo com Teresinha, filha de Duran, criada no exterior para ficar longe da atividade ilícita dos pais. O repertório, por sinal, é composto não apenas por canções originais da Ópera do Malandro, mas pelo álbum Malandro, de 1985, e por músicas da adaptação do espetáculo que Ruy Guerra fez para o cinema, no mesmo ano.

Em "Ópera do Malandro", os papeis foram trocados: os personagens femininos são feitos por homens. Crédito: Leo Aversa/Divulgação.
Em "Ópera do Malandro", os papeis foram trocados: os personagens femininos são feitos por homens. Crédito: Leo Aversa/Divulgação.

A ópera foi composta por Chico Buarque com inspiração na Ópera dos três vinténs, de Bertolt Brecht, que, por sua vez, foi fortemente inspirada em A ópera do mendigo, do britânico John Gay, uma sátira aos poderosos da época. O tom farsesco e a crítica social são temas que unem os três espetáculos. Este é o segundo espetáculo da Barca do Corações Partidos, companhia formada a partir do espetáculo anterior de João Falcão, Gonzagão, a lenda.


TRÊS PERGUNTAS // JOÃO FALCÃO

A Ópera do Malandro é um espetáculo que já foi revisitado por diretores como Gabriel Vilela e pela dupla Moeller e Botelho. Em que o teu olhar sobre essa história é singular?
A minha memória da Ópera do Malandro vem da adolescência. É um repertório que me marcou muito e traz Chico Buarque em um momento muito fértil de sua criação. Poucos musicais no mundo inteiro têm hits como esse. Quando me chamaram para fazer o espetáculo, achei o convite muito oportuno. O tema do espetáculo é o poder do dinheiro e de como, para algumas pessoas, ele está acima de tudo. Isso nunca foi tão vivo nos noticiários e na vida. 

Você pode falar um pouco mais sobre o processo de escolha do repertório? Você fez algumas alterações com relação às músicas do espetáculo original. A partir de que critérios isso aconteceu?
Na verdade, só tornei a narrativa um pouco mais ágil. Fiz uma adaptação temporal, mas propus mais mudanças de linguagem no espetáculo. Chico me deu carta branca e só vui o espetáculo pronto. Ele nem percebeu as diferenças, especialmente em relação às novas canções.

Os musicais no Brasil vêm tendo uma crescente atenção do público e da crítica ao longo das últimas décadas. Como você posiciona seu trabalho dentro desse contexto?
Considero a primeira peça que fiz, Muito pelo contrário, de 1981, um musical. Sempre tive essa busca e, depois disso, fiz muitos musicais ao longo da minha carreira. Recentemente, fiz as contas e vi que tinha composto mais de 80 músicas originais sao longo da minha carreira. Nunca fiz nada no estilo da Broadway, sempre usei música brasileira, para mim a mais rica do mundo. Mesmo assim, respeito esse tipo de musical e acho que eles contribuíram para termos mais qualidade tanto na preparação de atores quanto na técnica. Nós, no Brasil, estamos mais preparados, evoluímos muito.

SERVIÇO
Ópera do Malandro, com direção de João Falcão
Quando:
24 de outubro, às 17h e às 21h
Onde:
Teatro Guararapes - Centro de Convenções de Pernambuco, Complexo de Salgadinho, s/n, Olinda
Informações:
3182-8020
Ingressos: 
R$ 160 (inteira) e R$ 80 para a plateia e R$ 140 (inteira) e R$ 70 para o balcão, à venda na bilheteria do teatro, lojas Reserva dos shoppings Recife e Plaza, Livraria Jaqueira e www.ingressorapido.com.br.
Classificação:
14 anos
Duração:
180 minutos (já com intervalo de 15 minutos)

Confira trecho do espetáculo:




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