Por: Fellipe Torres - Diario de Pernambuco
Publicado em: 27/10/2015 09:40 Atualizado em: 27/10/2015 13:03
André Arribas, editor da Pé da Letra. Foto: Festival Publique-se/Divulgação |
Ser escritor, salvo raras exceções, é mau negócio. Um dos motivos é a lógica por trás do mercado editorial no modelo tradicional, cujas dificuldades desestimulam e até podem levar à falência um aspirante a best-seller. Os entraves, por outro lado, somente dão mais força às iniciativas de caráter independente, como as plataformas de autopublicação, na internet, e os coletivos de edições artesanais. Desta terça-feira (27) até domingo (1º), no Museu da Cidade do Recife, vários protagonistas desse novo cenário se reúnem no Publique-se! Festival de Publicação Independente. Trata-se do primeiro encontro do gênero realizado no Nordeste, organizado pela editora Livrinho de Papel Finíssimo. O acesso é gratuito.
Para ele, muitos autores têm posturas tão questionáveis quanto editoras. “Muitos chegam no profissional do mercado e dizem que estão dispostos a receber ‘tantos’ mil reais pelos direitos do livro e mais ‘tantos’ exemplares. Depois, abrem mão do resto. Não acho legal. Os grupos independentes querem se juntar com o autor que vai para a guerrilha, vá trabalhar, pois também pensamos na participação do criador, com uma política de transparência em relação a dinheiro”, acrescenta Caju. Na opinião dele, o maior pecado do escritor contemporâneo é ficar refém de grandes editoras.
Entre os debates, estão as participações de Tatiana Martins (sobre a experiência do Fotolibras, com oferta de oficinas a pessoas com deficiência), André Arribas (editor da Pé de Letra) e o cartunista Rafael Coutinho, filho do ilustrador Laerte. Ele fala sobre o futuro dos quadrinhos brasileiros. “A produção tem caminhado para a expressão digital. Uma coisa não vai impedir a outra, mas o impresso terá menos necessidade de existir. Nós ainda trabalhamos com métodos muito arcaicos de impressão. Fazer uma tiragem de 2 mil cópias para ver se vai vender ou não é um luxo que não podemos mais correr”, comenta Coutinho.
Guerreiros
Saiba mais sobre três editoras independentes participantes do Publique-se
Polvilho Edições
O coletivo de Belo Horizonte, em Minas Gerais, é um núcleo de criação e produção editorial independente, pautado na valorização do trabalho autoral e na potência do processo. Funciona desde 2012. Valoriza a autopublicação, promove encontros de fazedores num espaço aberto à experimentação em palavra e imagem, com uma configuração editorial alternativa.
Castanha Mecânica
O escritor pernambucano Fred Caju começou em 2011 a editora Castanha Mecânica. Na primeira fase, até 2014, editava os livros sem custos. Em 2014, passou a cobrar pelas publicações. Agora, vai aderir às publicações artesanais, impressas, sem deixar de lado o online. O primeiro título será publicado em novembro. Ele tem importado material da Paraíba e eliminando algumas etapas da produção de um livro.
Lote 42
Fundada em 2012, diz-se editora sem preconceitos quanto a suportes. Para eles, um livro é ao mesmo tempo de papel e digital. Cada obra com o selo Lote 42 dialoga com as redes à sua maneira. Um livro da marca não se esgota na última palavra. Os textos se desdobram e invadem redes sociais, entre outras produções do autor. É mantido pelos jornalistas João Varella, Thiago Blumenthal e Cecília Arbolave.
Serviço
Publique-se! Festival de Publicação Independente.
Quando: de terça a segunda-feira (02)
Onde: Museu da Cidade do Recife – Forte das Cinco Pontas – Praça das Cinco Pontas, s/n – São José
Informações: festivalpubliquese.com.br