Ator Renato Livera, o Simut, de Os Dez Mandamentos, estrela peça premiada no Recife

Um casal que tenta refazer a vida após um acidente encontra uma vizinha que muda radicalmente o destino de todos. Esta é a premissa de Savana Glacial, da Cia. Físico de Teatro, que ocupa o palco da Caixa Cultural Recife de quinta (22) a sábado (24). A montagem estreou há cinco anos e foi vencedora do Prêmio Shell de melhor texto em 2010. O elenco é composto por Andreza Bittencourt, Camila Gama, Diogo Cardoso e Renato Livera. Este último também interpreta o atrapalhado Simut, na novela Os dez mandamentos, da Record/TV Clube.

O espetáculo, dirigido por Renato Carrera, conta com pouquíssimos elementos cênicos e faz o espectador questionar os limites entre ficção e realidade. O ponto de partida é a mente de Michel, um escritor, e sua esposa, Meg, que sofre de perda de memória recente.

Segundo Renato, a ideia era montar uma peça na qual o enredo se apoia na relação entre os personagens. A dramaturgia, escrita por Jô Bilac, foi construída a partir dos ensaios do grupo, em um processo colaborativo e coletivo. “Montamos o espetáculo com um dinheiro mínimo. As pessoas participam dos nossos projetos porque estão juntas em prol de uma ideia e não de uma linguagem específica. Nós somos muito híbridos em cena, e, embora estejamos muito ligados a algo mais físico, nossos espetáculos são muito diferentes entre si”.

ENTREVISTA // RENATO LIVERA
O goiano radicado no Rio de Janeiro está em sua terceira novela na Record. A primeira foi Máscaras, de 2012, e a segunda foi Pecado mortal, de 2014. Agora, o fundador da Cia. Físico de Teatro volta aos palcos após o sucesso da novela Os dez mandamentos, e de seu personagem, Simut.

O que é voltar ao teatro após o sucesso de Os dez mandamentos?
Tem muita gente que quer ver o artista fora da caixinha. Fiz mais dois espetáculos este ano, mas, a novela me demandou muita atenção e essa vai ser a primeira oportunidade que vou ter de pisar no palco com essa novidade das pessoas me verem após a repercussão do Simut. Muita gente até me dá palpites sobre o que devo fazer. Vir ao Recife também é significativo porque a cidade foi uma das primeiras capitais a darem liderança de audiência para Os Dez Mandamentos.

Quais as diferenças que você vê entre o trabalho no teatro e na TV?
A forma com a qual a gente executa o trabalho é muito diferente. Fui adquirindo mais tranquilidade com o tempo e agora estou mais preparado, porque posso usar na TV um pouco do que faço no teatro. Uso muito da fisicalidade da Cia. Físico no Simut. Ao mesmo tempo, o tempo é completamente outro e as coisas podem mudar muito. Às vezes, o personagem de uma novela é pequeno e vai crescendo ao longo da trama. Também pode acontecer de recebermos um capítulo em cima da hora e decorarmos um volume grande de texto em pouco tempo. No teatro e cinema, há mais tempo de compor o personagem, mas o ator precisa mesmo de se virar nos 30 para termos um leque de opções. Sempre fiz muita atividade física, muito esporte, dança, para sempre estar preparado para o que viesse.

Quando você viu que o Simut tinha emplacado?
Foi a partir do momento em que o personagem começou a fazer os cremes para a vilã Yunet. Quando ela usou o creme e deu tudo errado, as pessoas começaram a entender meu papel na trama. Depois da perseguição de Yunet contra o Simut, o reconhecimento foi rápido. Já aconteceram várias coisas curiosas comigo com o sucesso da novela. Eu moro numa ilha e eu estava dentro de um barco para chegar lá. Me abordaram dizendo "o creme deu errado, não é?". Fiquei sem entender na hora, mas percebi que a referência era a da novela.

Houve algum estranhamento em fazer uma novela bíblica?
Há um estranhamento natural, mas, ao mesmo tempo, sempre tentei deixar o texto mais próximo do público. Falo de maneira não tão formal como a que estamos acostumados a ouvir quando se trata da Bíblia. As pessoas já a conhecem e quis comunicar seu conteúdo de forma universal. Tento não tomar partido de nada, por mais que o personagem esteja, agora, começando a questionar o poder dos deuses egípcios.

Quais são os planos para depois da novela?
Estou em negociação com a Record para outro trabalho, mas ainda não há nada fechado. Em paralelo a isso, quero estrear meu primeiro monólogo em 2016. Ele se chama Holouco, inspirado no livro Holcausto Brasileiro, de Daniela Arbex. Nele, quero falar sobre os direitos humanos. Hoje, as pessoas estão sendo massacradas por várias injustiças e meu desejo é trazer isso à tona.

SAIBA MAIS

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A companhia é composta pelos atores Renato Livera e Camila Gama, com atores convidados a cada produção. O primeiro trabalho estreou em 2008 e foi o texto Felizes para sempre, de Mário Bortolotto. Os seguintes foram Savana Glacial, Fã-clube, de 2012, e Temporada de verão, de 2014.

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Os atores Renato Livera e Camila Gama ofecerem vagas para uma oficina de interpretação hoje e amanhã, das 14h30 às 18h30. São duas turmas, com 20 participantes cada, e são aceitos iniciados nas artes cênicas a partir de 16 anos. As inscrições podem ser feitas pelo email [email protected] e é preciso informar nome completo, idade e relação com o teatro.

SERVIÇO
Savana Glacial, da Cia. Físico de Teatro
Quando: De hoje a sábado, às 20h
Onde: Caixa Cultural Recife - Avenida Alfredo Lisboa, 505, Bairro do Recife
Ingressos: R$ 20 e R$ 10 (meia)
Classificação indicativa: 14 anos
Informações: 3425-1900