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TV O futuro da televisão: os desafios da telinha que completa 65 anos no Brasil Emissoras enfrentam desafio de manter conteúdo original e atual que possa interagir com as mídias sociais

Por: Fernanda Guerra - Diario de Pernambuco

Publicado em: 17/09/2015 10:43 Atualizado em: 17/09/2015 11:44

Sérgio Marone como o faraó Ramsés em cena de Os Dez Mandamentos. Foto: Record/Divulgação
Sérgio Marone como o faraó Ramsés em cena de Os Dez Mandamentos. Foto: Record/Divulgação

O dia 18 de setembro de 1950 está marcado na história da comunicação: assinala a transmissão inaugural da TV brasileira (Tupi). Após 65 anos, o veículo de comunicação tomou novas formas físicas e de meio de produção e exibição. O avanço da internet é fator preponderante nas transformações dos últimos anos e das inovações que estão por vir. A tevê se desdobra para acompanhar as evoluções tecnológicas, lidar com outras mídias, manter o telespectador convencional e atrair os internautas.

Para isso, as emissoras fazem experimentos constantes que vão do telejornalismo ao entretenimento. “O maior problema é o modelo de negócio. O desafio é conseguir incorporar a interatividade sem perder o retorno financeiro”, analisa a pesquisadora Paula Reis, da Universidade Federal de Pernambuco. A televisão, hoje, sustenta-se com publicidade. Para encontrar outros caminhos, as emissoras começam a oferecer novos serviços. “A Record e a Globo possuem serviço de assinatura com diferentes pacotes. É uma mudança interessante. Dá um certo controle ao espectador e mexe com a forma de financiamento da televisão, com a cobrança de mensalidade”, complementa a professora Mayka Castellano, do curso de estudos e mídias da Universidade Federal Fluminense.

Paula Reis enxerga o momento atual como um período de transição do veículo. Não é o fim da televisão, como os mais pessimistas acreditam, e, sim, uma busca incessante pela sobrevivência diante no cenário de convergência midiática. “O Jornal nacional vem exibindo reportagens mais inovadoras, com repórteres mais jovens e mais livres”, exemplifica.

A fragmentação da audiência é uma das mudanças recentes, devido à expansão da TV por assinatura, web e streaming. A teledramaturgia sofre o impacto, mas ainda é o produto de maior audiência da TV aberta. Mas não chega nem perto da média alcançada por Roque Santeiro (1985), que lidera o ranking com 67 pontos. Hoje, a disputa acirrada entre Os dez mandamentos, da TV Clube/Record, e A regra do jogo, da Globo, é inédita, já que ameaça a soberania da teledramaturgia global.

As séries que você não pode deixar de ver em setembro

Alguns autores e diretores apostam em uma linguagem mais universal, ao incorporar elementos de seriados internacionais, com mudanças na narrativa, fotografia e até no formato de capítulos. Os dez mandamentos, A regra do jogo e Verdades secretas seguem o formato. “O Brasil diversifica o tipo de dramaturgia. Deixa de se restringir às novelas para pensar em novos formatos. Antes, as séries seguiam o formato de se esgotar em um capítulo, como Sai de baixo. Já agora os seriados têm um arco narrativo que se estende a uma temporada”, compara Mayka. Desde a década de 1970, as novelas são comercializadas no exterior. A aposta em um padrão internacional pode satisfazer o mercado internacional.

Os desafios

Entretenimento

A programação ao vivo se consolidará como um diferencial, já que o gravado estará sob demanda para o usuário, segundo Paula Reis. De segunda a quinta-feira, a TV Clube/Record exibe na faixa das 22h30 atrações ao vivo, com Xuxa Meneghel e Gugu. A Globo também estimula programação interativa, como o humorístico Tomara que caia. Anteontem, a final do MasterChef Brasil (Band) foi alvo de críticas por não ter sido um episódio totalmente ao vivo.

Teledramaturgia

Algumas emissoras têm investido em uma narrativa mais complexa. A regra do jogo e Verdades secretas são exemplos disso. “A teledramaturgia não é um modelo esgotado, mas ela entra nessa cultura das séries ao criar produções mais alinhadas com o resto do mundo”, acrescenta Mayka. Na TV por assinatura, a Lei da TV paga deve continuar a impulsionar a produção de conteúdo independente.

Sob demanda
Nunca se vendeu tantos serviços de assinatura de televisão na internet. Além dos conteúdos disponibilizados em aplicativos de emissoras ou canais como HBO e Telecine Play, o Netflix deixou de ser um mero exibidor de conteúdos para também lançar produção original brasileira. No próximo ano, ele estreia a primeira produção ficcional, intitulada 3%, que terá Bianca Comparato (foto) e João Miguel.

Audiência
A televisão é um hábito, mas novas formas de consumo obrigam o Ibope a oferecer ferramentas mais abrangentes de medição. O consumo de dispositivos móveis já é aferido no Rio de Janeiro e São Paulo, ainda sem previsão do resto do Brasil. Também não há data do lançamento para a medição de streaming na televisão, que medirá a audiência do conteúdo através de computadores. A chegada do instituto alemão GfK também proporcionará mudanças no cenário de medição e começa a operar no dia 1º de outubro.

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