Entrevista Henry Cavill e Armie Hammer vivem espiões da década de 1960 no filme O Agente da UNCLE Cinco filmes de espionagem estão entre os lançamentos nos cinemas em 2015. Em entrevista cedida ao Viver, os dois atores comentam esse fenômeno

Por: Júlio Cavani - Diario de Pernambuco

Publicado em: 03/09/2015 12:30 Atualizado em: 03/09/2015 12:37

Henry Cavill e Armie Hammer em cena de O Agente da U.N.C.L.E. Foto: Warner Bros./Divulgação
Henry Cavill e Armie Hammer em cena de O Agente da U.N.C.L.E. Foto: Warner Bros./Divulgação
 
Rio de Janeiro - Agentes secretos estão em alta no cinema este ano. Pelo menos seis filmes de espionagem aparecem entre os lançamentos de 2015. No primeiro semestre, foram lançadas as comédias Kingsman e A espiã que sabia de menos. Em novembro, chega às telas 007 contra Espectre, nova aventura de James Bond. Nesta semana, Missão Impossível: Nação secreta, Hitman: Agente 47 e O agente da UNCLE estão em cartaz ao mesmo tempo.

O cinema de espionagem prova de que é possível alcançar infinitas possibilidades a partir dos mesmos ingredientes básicos. O que vai definir a qualidade do filme não é necessariamente a originalidade, mas a maneira como os elementos clássicos são combinados com criatividade. Missão Impossível: Nação secreta, por exemplo, é um bom representante do gênero. Ele não traz grandes novidades, mas a orquestração dos recursos é perfeita e gera emoções operísticas. Já Hitman, baseado em um jogo de videogame, não contribui para o tema, já que restringe-se a apresentar uma sequência de tiroteios entre personagens sem personalidade cativante.

Inspirado em um seriado da década 1960, O agente da UNCLE adota um estilo retrô para buscar um diferencial. No lugar de transportar os espiões para os dias de hoje (como ocorre com 007 e Missão Impossível, atualizados a cada nova versão), o diretor Guy Ritchie preferiu fazer um filme ambientado na época da série original.

O ritmo intenso do submundo de Londres era o maior mérito dos melhores filmes do cineasta (Snatch: Porcos e diamantes, Jogos, trapaças e dois canos fumegantes e Rock'n'Rolla), mas ele não parece à vontade para retratar o ambiente luxuoso dos espiões que trabalham com estrutura milionária. Ritchie capricha demais no visual, nas músicas, nas roupas, nas joias, nos zooms e na montagem vai-e-vem, mas não domina a elegante ginga das tramas de espionagem. Valorizar mais a superfície do que o conteúdo nem sempre funciona. Afirmar um estilo pode ser importante, mas não é tudo.

TOM ZÉ
A melhor coisa do filme O agente da UNCLE é a trilha sonora. Se o seriado original já tinha bons temas instrumentais do compositor Hugo Montenegro, o novo longa-metragem o homenageia com o trabalho do produtor musical Daniel Pemberton. Há também canções clássicas cantadas por Nina Simone, Rita Pavone, Louis Prima, Roberta Flack e Luigi Tenco, além de uma peça do maestro Ennio Morricone. O cantor brasileiro Tom Zé também participa com Jimmy renda-se (1970) tocada em alto volume.



ENTREVISTA // ARMIE HAMMER E HENRY CAVILL

O agente da UNCLE retrata as aventuras de dois agentes secretos, um russo e um norte-americano, na década de 1960, em plena Guerra Fria. Apesar de serem de países inimigos, eles precisam trabalhar juntos para investigar um grupo terrorista. A dupla é interpretada respectivamente por Armie Hammer e Henry Cavill, que vieram ao Rio de Janeiro para divulgar o filme e cederam entrevista ao Viver. Ambos os atores são mais conhecidos por já terem incorporado heróis icônicos. Cavill é o Super-Homem (e Clark Kent) nos filmes O homem de aço (2013) e Batman vs Superman (a ser lançado em 2016). Hammer, que viveu os irmãos gêmeos investidores de A rede social (2010), protagonizou O cavaleiro solitário (2013). O agente da UNCLE, na verdade, retrata as ações de um trio, já que eles trabalham junto com uma mecânica-espiã alemã vivida pela atriz sueca Alicia Vikander. Pessoalmente, os intérpretes são o contrário dos personagens: Hammer é mais extrovertido e Cavill mais contido.

TRÊS PERGUNTAS PARA ARMIE HAMMER E HENRY CAVILL

Na opinião de vocês, por que filmes de agentes secretos fazem tanto sucesso?

Henry Cavill - O legal é que existem várias versões diferentes de agentes secretos e espiões. Ele reúnem muita coisa que o público quer ver, como sex appeal, ação, aventura e histórias bem contadas.
Armie Hammer - Provavelmente a única coisa do mundo mais antiga do que a prostituição é a espionagem. Pessoas gostam de espionar a vida das outras pessoas, que gostam de ouvir as conversas dos outros ou de tentar descobrir o que está acontecendo atrás de uma porta. Tem gente que bisbilhota as mensagens no celular do amigo e da namorada ou olha a vida dos outros pelas janelas dos prédios. É um tipo de curiosidade natural.

A música tem uma papel muito importante nesse filme, assim como em todos os trabalhos de Guy Ritchie. É possível perceber essa preocupação durante as filmagens?
Armie Hammer
-  Daniel Pemberton, compositor da trilha sonora, visitou o set de filmagens uma vez e esse foi o único momento em que discutimos algo sobre a música. Guy nunca nos disse que tipo de música tocaria em cada cena. Sinto que as músicas são como personagens do filme.
Henry Cavill - Passamos muito tempo ensaiando na casa de Guy Ritchie, na sala da casa dele, onde construímos todos os personagens a partir do roteiro. Mesmo assim, não lembro de ouvir música na casa dele.

Houve uma preocupação em ser fiel ao seriado da TV?
Armie Hammer
- Foi uma honra trabalhar com esses personagens incríveis de uma grande seriado de TV. A série fez parte da infância de muita gente e temos muito respeito por essas memórias. Ao mesmo tempo, queríamos fazer algo novo. O passado do meu personagem, por exemplo, não é mostrado no programa de TV. No filme, mostramos a gênese da história, a criação e a origem da UNCLE. O filme é feito também para quem não conhecia o seriado, é para todo mundo.
Henry Cavill - Napoleon Solo é um personagem divertidíssimo de interpretar. Ele não é um espião típico. Na verdade, ele é apenas um ladrão que foi chantageado para trabalhar para a CIA e aceitou trabalhar como espião para não ir à prisão.



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