Cinema
FESTBRASÍLIA: Competição começa com terror urbano e conto de fadas rural
Primeiros filmes concorrentes foram exibidos na noite de quarta-feira
Por: Júlio Cavani - Diario de Pernambuco
Publicado em: 17/09/2015 07:03 Atualizado em: 17/09/2015 10:22
Longa-metragem A Família Dionti tem bonitas paisagens como cenário. Foto: Caraminhola/ Divulgação |
Infância, manifestações sobrenaturais e cidades do interior cruzaram-se nas temáticas dos três filmes ficcionais projetados na primeira noite da mostra competitiva do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro. Command action, de João Paulo Miranda Maria, e À parte do inferno, de Raul Arthuso, confirmaram que a seleção de curtas deste ano é promissora e desafiadora, enquanto A família Dionti, de Alan Minas, apontou para certo conservadorismo narrativo entre os longas. Entretanto, como ainda faltam cinco dias de programação, todas as conclusões conjunturais ainda são pura especulação.
A família Dionti é ambientado em uma época indefinida (em algum ponto entre as décadas de 1980 e 2000) em um vilarejo do interior de Minas Gerais que parece parado no tempo. Contradições entre roupas, utensílios e cenários, entretanto, podem indicar que tudo se passa em um ambiente fantástico, em um não-lugar ou em uma realidade paralela, já que o sobrenatural manifesta-se em escala crescente ao longo do filme. No início, parece uma história comedida que idealiza uma situação rural onde a passagem de um circo pode mudar a vida das pessoas, mas os fenômenos mágicos multiplicam-se aos poucos até predominarem a ponto de tudo virar um conto de fadas brasileiro. A reação da plateia que ficou até o fim foi ótima e já é possível falar em prêmio do júri popular, mas não se trata de um filme de apelo comercial, já que o ritmo não se vende a um estilo importado. O filme pode agradar o público infanto-juvenil, só que a falta de uma linguagem mais pop pode ser um empecilho para despertar o interesse das crianças e adolescentes.
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Mais urbano, À parte do inferno dá continuidade a uma sequência de filmes paulistanos que têm investido (com competência) em exercícios de terror costurados ao redor do sobrenatural e pode ser situado ao lado de exemplos recentes como Trabalhar cansa, Quando eu era vivo, Estátua e Colostro. Ele funciona bem dentro dessa proposta e atinge o clímax pretendido, mas caminhos mais originais e esteticamente autônomos sempre são mais bem-vindos.
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