Cine Braziliense Em Big jato, o cineasta pernambucano Cláudio Assis turbina história de Xico Sá

Por: Correio Braziliense

Publicado em: 19/09/2015 20:27 Atualizado em:

“No meu cinema, não faço concessão. É bom ter um cinema forte”, pontua Cláudio Assis, diretor de Big Jato, o quarto longa-metragem a entrar na disputa do festival Cine Brasília. Desinteressado em comparações, Assis quer ver os colegas cineastas bem e com bons filmes. Desde o curta Texas Hotel, exibido em 1999 — meio acolhido, meio rechaçado — o diretor pernambucano tem ciência do que é passar pelo palco do evento. “Num festival, você pode vaiar, pode aplaudir. Pode tudo! O que interessa é que sempre gostei do público da cidade: é tanto, que estou trazendo meu filme pra cá”, comenta.

Trabalhar com pessoas competentes e que gostem do ofício é lei para Assis. “Só sou um deles; na equipe, sou apenas o animador de todos”, diz. A amizade afinou a ponte entre o cineasta e Big Jato: Xico Sá, autor do livro em que o filme é baseado, é amigo de muitos anos e “adorou” o filme, enquanto o cineasta Tião (simplesmente) deu a dica para o amigo testar o ator alagoano Rafael Nicácio, vindo do curta Sem coração. Intérprete da fase adolescente do protagonista, Nicácio estimula a generosidade de Cláudio Assis — “é um menino muito bom e que tem futuro.”

Na primeira fase de Big Jato, quem interpreta Xico Sá é Francisco de Assis Moraes, filho de 11 anos de Cláudio Assis. Na concepção, o diretor realizou uma fábula, “o nascimento de um poeta”, criado do enfrentamento entre o pai Francisco (que “não quer poesia; quer trabalho e camisa suada”) e o tio, Nelson, ligado a rádio e literatura. Pra quem lembra de A febre do rato, vale o aviso de que aquele era mais visceral. “Big Jato é mais família. Não é que eu tenha mudado e não é que o filme não tenha atitude, mas o longa está mais para a reflexão. Digo que ele é mais lúdico”, observa.

Único dos longas em disputa feito em película, Big Jato foi finalizado em 4K, sob orçamento de R$ 1,2 milhão. Em três semanas de filmagens, a precisão foi premente. “Para encarar a película, você tem que amadurecer o que você pretende dizer. Não é que eu seja contra o digital: tenho projetos nesse suporte. Mas a qualidade na película é muito maior. Acho que o 35mm é como LP — não vai acabar”, opina o diretor. Com estudados planos de cinema, Cláudio Assis assume, pela primeira vez uma trama que não saiu da sua cabeça.

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