Literatura Carina Rissi lança novo livro da série Perdida, que vai virar filme Autora de São Paulo assinará e apresentará "Destinado" em dez cidades do país

Por: Raquel Lima - Diario de Pernambuco

Publicado em: 28/09/2015 09:22 Atualizado em: 14/12/2015 13:52


 (Foto: Adriano Capela/Divulgação)

A reclusão de um escritor é cada vez mais um processo encerrado com o ponto final da nova obra. O ato de lançar um livro inclui, muitas vezes, uma maratona de filas, risos, lágrimas, gritos, selfies e autógrafos. A lista de autores que pausam a escrita e se lançam em excursões pelo país já é diversa. Nos últimos meses, passaram pelo Recife: Colleen Houck, Kiera Cass, Ronaldo Fraga, Thalita Rebouças, só para citar os mais recentes. E vêm por aí: Afonso Solano e Meg Cabot.

Uma das autoras nacionais que, mesmo com medo de avião, encara turnês e assédio de rock star, Carina Rissi começa a peregrinar o país neste mês - com paradas confirmadas em Manaus, Brasília, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo e outras cinco cidades. O Recife ficou de fora, mas Rissi foi convidada da edição passada da Fliporto, em Olinda.

Destinado, terceiro título da série Perdida (2011) e quinta obra de Carina Rissi a ganhar o prelo da Editora Record, estará nas livrarias a partir desta segunda-feira, com a primeira edição esgotada na pré-venda. Os vinte mil primeiros livros foram vendidos em pouco mais de um mês. "É muita coisa! Ainda mais para alguém que, lá no comecinho da carreira, tinha a pretensão de vender absurdos mil livros no ano. Sinceramente, eu não podia estar mais feliz!", comemora Carina.

Na Bienal do Livro do Rio, enquanto Destinado ainda estava em edição, a paulistana saiu da cidade de Ariranha, com oito mil habitantes, para assinar mais de dois mil livros e celebrar a marca de 190 mil unidades vendidas em quatro anos de carreira. "Essa interação, o olho no olho, é uma das coisas que eu mais gosto no meu trabalho. Uma das mais importantes também", opina Carina. Na entrevista a seguir, a autora fala ainda sobre chick-lit, preconceito, pirataria, internet e antecipa projetos.

Entrevista >> Carina Rissi
"Não escrevo para ganhar prêmios ou para críticos"


Quais o ônus e o bônus de ser um escritor tão festejado pelos fãs?
Adoro interagir como os meus leitores! É uma diversão só, além de receber tanto carinho que, às vezes, me pergunto se realmente mereço. Eles são maravilhosos. A parte ruim disso é que acabo me distraindo muito. Eu juro que vou entrar nas redes sociais e ficar só por cinco minutinhos, e quando eu vejo se passaram duas horas e meu trabalho não rendeu muito (risos).

Você não esconde o medo que tem de avião em seus perfis nas redes sociais. Como faz para excursionar por dez cidades?

Eu acho que o que eu sinto é mais que medo. É pânico! Só de pensar em voar, já começo a suar (risos). Ir para o Norte é um sonho antigo, mas Manaus é um dos destinos mais distantes aqui de São Paulo, e isso significa mais tempo dentro da aeronave. Então, depois de muito pensar, bolei um jeito de ir para lá que eu pudesse lidar. Vou de carro para Brasília, e de lá pego um avião para Manaus.

Como é a rotina durante a turnê?
Uma correria só. Como faço quase tudo de carro, estou sempre com o tempo cronometrado e, às vezes, nem consigo ver a cidade. Acordo meio desnorteada, sem saber onde é que eu estou.

O chick-lit é criticado como um gênero menor e até sexista pela própria definição de livros sobre o universo feminino. Você discorda...
Eu não tenho problemas com o popular. Não escrevo para ganhar prêmios ou para críticos. Crio minhas histórias para divertir pessoas reais. Agora, quando eu ouço a expressão "mulherzinha" (no sentido pejorativo) tenho vontade de subir no octógono e ficar esperando aquele carinha gritar "it’s tiiiiiiime (tá na hora)"! Brincadeiras à parte, até pouco tempo, a literatura era basicamente de homens que escreviam sobre mulheres perfeitas para o público masculino, salvo algumas exceções. É engraçado ver o quanto incomoda uma mulher escrever sobre outra, uma imperfeita que foge dos padrões do romantismo, e ser tachada de literatura frívola. Ao meu ver, esses defeitos (inseguranças, neuras, medos) são exatamente o que faz o chick-lit ser tão popular. As mulheres que leem se identificam. Homens que leem reconhecem algo de suas amigas-namoradas-irmãs-primas-mãe. Não é um gênero destinado apenas para as mulheres, mas para qualquer pessoa que tenha senso de humor e saiba rir de si mesmo.

Como você lida com a crítica?
Bem, eu acho. Aprendi que um escritor é julgado o tempo todo e é necessário ter a cabeça no lugar para não se deixar levar. Hoje não deixo a crítica me influenciar. Nem a positiva, que poderia me levar lá para cima e me tiraria o contato com o mundo real, nem a negativa, que me jogaria para baixo. Eu leio as críticas, absorvo o que for coerente, e sigo em frente.

Seu trabalho é muito pirateado. O livro anterior, No Mundo da Luna, teve milhares de downloads ilegais antes de ser lançado. Qual a sensação de ver algo seu copiado?
É muito frustrante. Não é apenas o meu trabalho sendo distribuído gratuitamente, mas o trabalho de dezenas de pessoas (o pessoal do editorial, do marketing...). Editoras não publicam livros porque é legal, é um negócio, e como toda empresa, eles esperam ver retorno financeiro. A pirataria atrapalha demais, e torna a vida do escritor mais difícil. Se ele não vende, as chances de conseguir lançar outro trabalho são reduzidas.

Não há como parar o download ilegal. Você vê alguma saída?
Não, não consigo ver uma saída além da conscientização de que é ilegal, que é ruim para o escritor que você gosta, e para a editora que o publica.

Qual você considera sua maior ferramenta como autora?
A linguagem que uso para escrever? Para inspiração, uso a música. Definitivamente, a música!

Qual o maior desafio de escrever um livro em série?
No meu caso, é não me sentir sozinha com meus personagens. Em Encontrada (segundo livro da série Perdida) tive muita dificuldade com isso. Normalmente sou eu, meu computador e aquele bando de amigos imaginários. Quando estou trabalhando em uma série, sinto como se centenas de olhos me observassem por sobre o ombro. Foi um processo lento e difícil superar isso.

Tem outra série à vista?
Procura-se um marido vai ganhar dois spin-offs. Um deve sair em março do ano que vem (Mentira perfeita) e o outro ainda não tem data definida. Vou explorar um pouco mais os homens da família Cassani, porque... né?

Qual o desafio de escrever Destinado?
Bem, esse livro é completamente diferente de tudo que eu já fiz. Saí da minha zona de conforto (minhas heroínas destrambelhadas) e me aventurei no universo masculino, na mente de um homem do século dezenove. Não foi fácil. Foi um processo muito intenso e talvez por isso eu não tenha me desligado do Ian ainda. Esse é o meu livro favorito da série.

A série Perdida será levada, pelo diretor Luca Amberg, ao cinema. Quão envolvida você está neste processo?
Ajudei na concepção do roteiro de Perdida – o filme, mas meu envolvimento termina aí. Acho que terei alguma voz no que se refere a produção sem si, mas será apenas opinar mesmo. Não manjo nada de cinema, acho melhor deixar para quem entende do assunto (risos).

Depois de Destinado, o que vem por aí?
Destinado está chegando às livrarias nesta segunda, e eu espero que os leitores se divirtam e se apaixonem um pouco mais por essa história de amor improvável. Em março, deve sair Mentira perfeita, onde vou contar sobre a Júlia, uma garota totalmente focada na carreira e na saúde frágil da tia, e que, depois de uma mentirinha de nada, se mete numa confusão imensa e precisa arranjar alguém para fingir ser seu noivo. No segundo semestre teremos o quarto livro da série Perdida, onde Elisa Clarke será a protagonista.


Sinopse de Destinado por Carina Rissi
"Neste novo capítulo da série conheceremos todas as facetas de Ian Clarke (marido, pai, irmão mais velho, patrão, amigo, homem) e acompanharemos sua maneira de lidar com problemas, os próprios medos, e um mundo totalmente diferente do seu"
 
Serviço
Destinado - As memórias secretas do Senhor Clarke
Editora Record/Selo Verus
Páginas 462
Preço sugerido: R$ 42

 

Pé na estrada: a tour de Destinado
São Paulo (SP): 4/10, às 14h, na Livraria Saraiva - Shopping Patio Paulista
Vitória (ES): 9/10, às 18h, na Livraria Saraiva Shopping Vitoria
Rio de Janeiro (RJ): 11/10, às 13h, na Saraiva RioSul
Campinas (SP): 16/10, às 18h, no Leitura Campinas Shopping
Curitiba (PR): 18/10, às 15h, na Livraria Curitiba Shopping Palladium
Belo Horizonte (MG): 24/10, às 15h, na Leitura Shopping BH
Goiânia (GO): 28/10, ás 18h, na Saraiva Falmoyant
Brasília (DF): 29/10, às 19h, na Saraiva Pátio Brasil
Belém (PA): 31/10, às 15h, na Livraria Leitura Pátio Belém
Manaus (AM): 2/11, às 15h, na Saraiva Manaura Shopping

 



MAIS NOTÍCIAS DO CANAL