A última vez em que Buddy Valastro decorou um bolo inteiro foi em junho passado. O casamento de sua assistente, Nikki, foi razão forte o suficiente para fazê-lo dedicar 12 horas à confeitaria. Por que “Nikki é como se fosse da família”. O chef patissier ítalo-americano vive mais com contratos do que com glacês e pastas americanas. A alcunha de Cake Boss, afinal, não se mantém sozinha.

O apelido "Chefão do Bolo" (em português) é homônimo ao primeiro reality show, que estreou há seis anos. Em 2010, o programa ganhou ares de competição com The next great baker, e sua versão em espanhol El desafio de Buddy Latino America, lançado por ele na Argentina, na Colômbia e no México. Antes disso, Buddy mostrou que também é bom de fogão no programa Kitchen boss - com menu italiano e pegada intimista "na cozinha de casa".

As receitas de Valastro vão além da televisão: enquanto comandava a doceria comprada pelo pai em 1964, em Nova Jersey, a Carlo’s Bakery, além de outras nove filiais nos Estados Unidos, Buddy lançou pelo menos quatro livros de culinária, todos disponíveis em português, e fincou sua bandeira de açúcar no lado brasileiro do Atlântico.

Em julho passado, Buddy passou um mês inteiro em São Paulo, gravando Batalha dos Confeiteiros, o mais novo reality na famiglia, a ser exibido pela TV Clube/Record a partir do dia 30, depois de A fazenda. O último confeiteiro em pé será responsável por tocar a Carlo’s Bakery São Paulo, a primeira filial fora dos Estados Unidos. Em entrevista por e-mail, Buddy elogiou o churrasco brasileiro, falou sobre novo reality e sobre suas mil e uma atividades.



Entrevista>> Buddy Valastro
"Sou apenas um confeiteiro de Nova Jersey"

Como Batalha dos Confeiteiros será original, em meio a tantos realities culinários?
É um ambiente estressante, mas de crescimento. O objetivo é encontrar alguém em que eu confie, criativo, eficiente e que seja valioso acréscimo à famiglia Carlo’s Bakery. Não estou julgando apenas para conceder um prêmio, estou procurando alguém que tomará conta da Carlo’s Bakery em São Paulo! Há muito em jogo para o vencedor.

Como consegue estar envolvido em tantos projetos ao mesmo tempo e com uma família tão grande?
São tantas coisas. Tenho minha produtora, a Cakehouse Media, estou lançando um novo conceito de restaurantes, chamado The Sweet Room, viajando em turnês... Não tenho dicas nem método de como fazer, apenas faço. Tenho sonhos e objetivos e me empenho para torná-los realidade, todos os dias. Raramente tiro folga porque penso no que poderia estar produzindo. Tenho sorte, no entanto, de trabalhar com minha família, que está sempre comigo.

A culinária brasileira já rendeu alguma contribuição ao seu renomado estilo italiano?
Os brasileiros têm uma abordagem única ao churrasco que quero totalmente incorporar à minha cozinha. Quanto à confeitaria, quero aprender a fazer brigadeiros, mas - talvez - pelo bem da minha saúde, seja melhor não.

Você se sente pressionado por ser ídolo de tantos?
Não. Sou apenas um confeiteiro de Nova Jersey, que acredita no sonho americano e as pessoas se indentificam com isso. Se sentisse alguma pressão para mudar, não seria quem sou.

Você acha que algum dos seus filhos vai seguir os passos do Cake Boss?
Não ficaria surpreso, mas nunca se sabe – e quero que eles sigam seus sonhos, quaisquer que sejam.

Há algum plano à vista para aprender português?
Tenho tentando aprender uma palavra aqui, outra ali, e espero aprender tanto quanto possível, mas não tenho tempo de sentar e ter aulas, propriamente, ainda.

Quando foi a última vez em que você decorou um bolo inteiro?
Minha assitente Nikki acabou de casar. Ela é como se fosse família e queria presenteá-la com um bolo inesquecível. Nunca mais tinha virado a noite em um projeto. O bolo de Nikki tinha oito andares, e trabalhei por 12 horas numa decoração clássica, com oito andares, guirlandas e rendas. É uma técnica que requer foco e atenção em um bolo tão grande. Estava exausto ao terminar, mas ficou incrível. Ela adorou. Valei muito à pena.

Você tem um bolo obra-prima?
Meu próprio bolo de casamento. Fiz o design para a minha esposa, Lisa, e ajudei na montagem. Claro que tem um valor sentimental, mas estava realmente lindo. O bolo tinha mil flores de açúcar. Foram dois dias inteiros montando e decorando. Ficou quase tão lindo quanto minha linda noiva.

As restrições, alergias e diferentes opções alimentares são um desafio à confeitaria hoje em dia?
Tenho certeza que podem ser, mas há tantas alternativas e maneiras de se modificar uma receita nos dias de hoje. Acredito que a parte mais difícil são as alergias a nozes, porque a maioria das padarias não são livres delas. Carlo’s Bakery é bem tradicional, neste sentido.