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Heróis Novo filme do Quarteto Fantástico explora pouco os poderes dos heróis Adaptação dos quadrinhos da Marvel chega aos cinemas nesta quinta

Por: Júlio Cavani - Diario de Pernambuco

Publicado em: 04/08/2015 18:00 Atualizado em: 05/08/2015 12:00

O Coisa é o personagem que tem as mutações melhor explicadas. Foto: Fox/ Divulgação
O Coisa é o personagem que tem as mutações melhor explicadas. Foto: Fox/ Divulgação
 
Quarteto Fantástico tem menos cenas de ação do que os filmes de super-heróis lançados recentemente. O vilão Doutor Destino, por exemplo, só é revelado perto do final e antes disso praticamente não há em quem bater. Economizar na pancadaria para valorizar o conteúdo da trama é um caminho interessante, mas o roteiro precisaria ser menos previsível. Há também peças que fazem falta para o conjunto fazer mais sentido, apesar de o ritmo das cenas ser bem conduzido para prender a atenção do início ao fim.

O filme é concentrado na formação do grupo de heróis. Os superpoderes só são mostrados na segunda metade, já que a proposta é explicar como eles foram transformados nessas poderosas criaturas. Os nomes clássicos Doutor Fantástico, O Coisa, Tocha Humana e Mulher Invisível não chegam a ser mencionados. Os personagens são identificados apenas como Reed Richards (interpretado por Miles Teller, o baterista de Whiplash), Johnny Storm (Michael B Jordan), Sue Storm (Kate Mara) e Ben Grimm (Jamie Bell, de Ninfomaníaca e Billy Elliot).

Ainda não há uniformes com o número 4 estampado. Eles são uma equipe de cientistas e mecânicos, recém-saídos da adolescência, reunidos para construirem uma máquina de teletransporte capaz de fazer objetos desaparecerem e reaparecerem em um local distante. Durante os experimentos, descobrem que o aparelho funciona como um portal para outro planeta aparentemente localizado em alguma dimensão paralela. Como dá pra adivinhar, é essa viagem interdimensional que vai transformá-los em seres mutantes.


Destino (Victor Van Doom, vivido por Toby Kebbel) estava ao lado deles, mas desaparece no meio do filme e depois ressurge como inimigo da humanidade. O trecho em que ele está ausente é um dos furos do roteiro, já que ninguém parece sentir sua falta, como se ele nunca houvesse existido entre os demais personagens. Também faltam explicações sobre a origem dos poderes do Quarteto. Não fica claro o motivo de cada um ter sofrido uma mutação diferente. Apenas O Coisa tem uma justificativa, que lembra A mosca.

Sem grandes batalhas, o filme precisaria de um conteúdo mais consistente no campo da ficção científica, mas teorias fictícias plausíveis nem sequer são esboçadas. Há uma pequena crítica sobre o comportamento predatório dos seres humanos, que daria origem às motivações do vilão, mas isso já havia sido explorado com X-Men e Vingadores. Os efeitos especiais, inclusive, são artificiais demais. O fogo, por exemplo, não parece ter calor e as explosões de energia não disfarçam a computação gráfica.

Das mudanças em relação aos gibis originais da Marvel, a mais bem-vinda é a presença de um personagem negro entre os protagonistas, apesar de ter sido necessário criar uma situação de adoção meio forçada para justificar essa inclusão racial, que deveria ter mais naturalidade.

Criado em 1961, o Quarteto Fantástico é um grupo de heróis clássico nos quadrinhos, mas nos cinemas ainda não deu origem a um filme à altura de seu potencial.

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