Parceria na arte Grupos franceses e brasileiros dividem tradições no Encontro de Pífanos Além dos locais Mamulengo Presepada, Ventoinha de Canudo e Mestre Zé do Pife e as Juvelinas, o encontro recebe os franceses do La pifada e Maracaju

Por: Correio Braziliense

Publicado em: 02/08/2015 09:30 Atualizado em:

Uma coincidência e a força do nome do mestre Zé do Pife possibilitaram o 1º Encontro de pífanos de Brasília, que ocupa a partir de hoje o Centro Tradicional de Invenção Cultural, na 813 Sul. A sede do grupo Seu Estrelo e o Fuá do Terreiro recebe até terça uma programação de apresentações e oficinas de grupos brasileiros e franceses em um intercâmbio bastante improvável. Além dos locais Mamulengo Presepada, Ventoinha de Canudo e Mestre Zé do Pife e as Juvelinas, o encontro recebe os franceses do La pifada e Maracaju. “Esse encontro é uma vontade antiga”, avisa Isa Flor, uma das Juvenílias.

Em 2009, durante o pequeno festival Epifanias, realizado no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), os grupos brasilienses acharam que seria interessante promover a troca cultural com outras bandas do país. Na época, integrantes da Flautins Matuá, de Campinas, foram morar na França e fundaram por lá duas bandas de pífano, a La pifada e a Maracaju. Com um som mais moderno, os meninos de São Paulo passaram a incorporar músicos e referências da cultura francesa. Este ano, eles já tinham uma viagem programada para o Brasil, o que facilitou o encontro. “Nós sempre mantivemos o contato com eles, uma rede mesmo”, explica Isa Flor. “E o desejo deles ia além de conhecer as bandas do Brasil, eles queriam conviver com o mestre Zé.”

Zé do Pife, 72 anos, é, na verdade, Francisco Gonçalo da Silva. Ele ganhou o nome porque fazia pífanos com restos de canos da construção do metrô de São Paulo, onde trabalhou nos anos 1990, antes de um breve retorno a Pernambuco natal e da vinda para Brasília. O pífano entrou na vida de Zé quando ele tinha por volta de oito anos, na forma de um galho de jerimum. Era uma maneira agradável de passar o tempo na roça. O avô viu, achou que o garoto tinha talento e montou uma banda mirim de pífanos com os garotos locais.

Zé cresceu tocando, enquanto também trabalhava na construção civil, até vir para Brasília e se dedicar completamente ao instrumento. Em 2007, começou a dar aulas na Universidade de Brasília (UnB) a convite do Diretoria de Esporte, Arte e Cultura (DEA). Virou referência. Conheceu as Juvelinas, um grupo de moças por volta dos 20 anos que estavam em sua primeira turma e queriam formar uma banda, e virou o Mestre Zé do pife. “Desde então, muita gente conheceu o pífano em Brasília, mas a gente não conseguia ter referências internas, não conseguia que outras bandas viessem para cá”, diz Isa Flor.

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