Cinema GRAMADO 2015: Quantidade de filmes rodados em Brasília chama a atenção Exibido na noite de quarta, O Outro Lado do Paraíso está entre os três longas-metragens da programação que foram filmados no Distrito Federal

Por: Júlio Cavani - Diario de Pernambuco

Publicado em: 13/08/2015 15:13 Atualizado em: 13/08/2015 15:39

Curta-metragem Macapá é todo construído a partir da imagem de um rosto. Foto: Daniel Donato/ Divulgação
Curta-metragem Macapá é todo construído a partir da imagem de um rosto. Foto: Daniel Donato/ Divulgação
 
Dos sete longas-metragens da mostra competitiva do Festival de Gramado, três foram filmados em Brasília: O fim e os meios, O último cine drive-in e O outro lado do Paraíso. Mais do que uma coincidência, essa ampla presença da capital como cenário das produções é resultado do estímulo oferecido pelo edital atualmente em funcionamento no Distrito Federal, que proporcionalmente é o maior mecanismo de patrocínio ao audiovisual do país (no último resultado, nove projetos de longas-metragens receberam recursos para a etapa de produção).

Na noite de quarta, foi exibido O outro lado do Paraíso, de André Ristum, que retrata a construção de Brasília a partir do ponto de vista de uma criança, um menino filho de um operário interpretado por Eduardo Moscovis. O filme mostra como a família saiu do interior de Minas Gerais para buscar uma vida melhor na futura capital federal, onde o pai passa a participar de lutas sindicalistas e é perseguido quando os militares tomam o poder em 1964. Finalizado em 2014, o longa-metragem ganha um novo significado no atual contexto político brasileiro (principalmente por causa da questão do golpe) e chega a ter apologias sutis às ideias de Karl Marx. A narrativa tem um tom bastante didático que pode funcionar bem em exibições para alunos de escolas.

A programação de longas-metragens da noite começou com Presos, da Costa Rica. Ao retratar a arriscada relação amorosa entre uma estudante e um presidiário, o filme demonstra que o país tem uma produção cinematográfica consistente que merece ser descoberta. A direção do cineasta Esteban Ramírez é precisa, com uma condução de ritmo que prende a atenção, reforçada por ricas interpretações do elenco e por uma interessante caracterização cultural (com valorização do hábito de dançar). 

Macapá, um dos melhores curtas da programação também foi exibido na quarta. A partir da imagem do rosto de uma mulher, o filme adota a metalinguagem para explorar um recurso cinematográfico de manipulação das emoções. Minimalismo e conceitualismo são usados a favor de um conteúdo essencialmente humano, que se sobrepõe aos experimentalismos.




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