Cultura Edital Rumos 2015/2016 é de R$ 15 milhões e bane limite máximo para cada projeto cultural Na edição anterior, cerca de 15 mil projetos foram inscritos. Dos 101 contemplados, quatro são pernambucanos

Por: Larissa Lins - Diario de Pernambuco

Publicado em: 31/08/2015 15:20 Atualizado em: 31/08/2015 17:21

Eduardo Saron, diretor do Itaú Cultural, comandou coletiva de imprensa sobre o Rumos 2015/2016. Foto: Ivson Miranda/Divulgação
Eduardo Saron, diretor do Itaú Cultural, comandou coletiva de imprensa sobre o Rumos 2015/2016. Foto: Ivson Miranda/Divulgação

São Paulo - Anunciado nesta segunda-feira (31), em São Paulo, o investimento em torno de R$ 15 milhões em produções culturais é o ponto mais chamativo na 17ª edição do programa Rumos, promovido pelo Itaú Cultural. A despeito do corte de verbas aplicado à maioria dos festivais e eventos de temática semelhante no país, por efeito da crise econômica, o novo edital do Rumos aumentou o aporte financeiro - foram aplicados R$ 13,5 milhões na última edição. Além disso, o valor máximo de orçamento por projeto (antes, fixado em R$ 400 mil) foi banido do edital. "Qualquer previsão de valor será aceita, sem teto. E, claro, criteriosamente avaliada pelas nossas comissões, independente do custo", explicou Eduardo Saron, diretor do Itaú Cultural, em coletiva de imprensa.

A dinâmica aplicada na edição anterior, que agrupa os projetos em grandes eixos temáticos - não mais restritos exclusivamente à dança, às artes cênicas, à literatura, ao audiovisual, entre outros segmentos, como nas 15 primeiras edições do Rumos - foi mantida. Simplificada, inclusive. Os 13 eixos de classificação usados na edição 2013/2014 foram reduzidos a três: criação (e desenvolvimento), documentação e pesquisa. Ao se inscrever, o artista pode escolher uma ou mais modalidades. O sistema de perguntas e respostas aplicado no formulário de inscrição, no intuito de desburocratizar o processo, também foi mantido. E os critérios de seleção dos contemplados, resumidos em singularidade, relevância e consistência. "As definições são dadas pelos agentes culturais, não pela instituição", reforça Saron. Segundo o diretor, pesquisas feitas pelo instituto revelam que 30% dos inscritos na última edição não havia, até então, submetido qualquer projeto a outros editais. Ele interpreta o dado como uma aprovação ao modelo simplificado do edital.

"Neste ano, também criamos uma comissão preliminar, que nos ajudará na primeira fase de seleção. São 30 nomes, mantidos em sigilo, que criarão uma base de dados sobre os projetos, como um ranking, que servirá de referência para a comissão final", explicou Aninha Fátima de Souza, gerente de Comunicação do Itaú Cultural. Nessa primeira etapa, são eliminados somente os projetos que não atendam aos requisitos básicos, enquanto os demais seguem para a classificação. Na comissão final, formada por 20 membros, há artistas e produtores culturais de todas as regiões do país, incluindo o cineasta Jeferson De (Distraída para a morte, Narciso rap e Bróder) e, de Pernambuco, o professor e pesquisador da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) Marcos Galindo. Os contemplados serão anunciados até o dia 10 de maio de 2016. Uma vez assinado o contrato, todos terão até 36 meses para desenvolver seus projetos.

"Esse é, possivelmente, o maior edital de cultura atual. Especialmente em um ano seco em recursos, como este. Além de fomentar ideias, ajuda a mapear as tendências da produção cultural no país", declarou Jeferson De, que participa pela primeira vez da comissão. A fim de pulverizar os investimentos, Eduardo Saron declarou que o Itaú Cultural espera, de cada membro desse grupo, a ação militante em prol da própria região de origem. "Isso é natural e saudável. Queremos aumentar a capilaridade do Rumos, ampliar o alcance", afirmou. Para isso, será promovida ainda uma caravana de divulgação, que deve visitar todas as capitais do país nos próximos meses, destrinchando o Rumos aos artistas locais. No Recife, a data prevista para a ação é 21 de outubro deste ano.

O cineasta Jeferson De integra, pela primeira vez, a comissão de seleção do programa. Foto: Ivson Miranda/Divulgação
O cineasta Jeferson De integra, pela primeira vez, a comissão de seleção do programa. Foto: Ivson Miranda/Divulgação


Na edição anterior, cerca de 15 mil projetos foram inscritos. Dos 101 contemplados, quatro são pernambucanos: A solidão do sol em cinzas do ar - viola nordestina (de Hugo Linns), O obscuro fichário dos artistas mundanos, a Orquestra Brasileira de Fotografia (de Gilvan Barreto) e a Tocada (de Filipe Carlos de Albuquerque Caligário). "Para este ano, não temos estimativas de inscritos. Mas estamos preparados para atender à demanda, mesmo se o número crescer", concluiu Saron. As inscrições começam nesta terça-feira (1º) e seguem até o dia 6 de novembro, pelo site Rumos. (A repórter viajou a convite do Itaú Cultural)

Duas perguntas >> Eduardo Saron, diretor do Itaú Cultural

Por que a decisão de eliminar o valor máximo na inscrição dos projetos?

Parece loucura, é ousado. Mas nós percebemos, na última edição, que muitos projetos se "artificializaram" para se encaixar nos valores pré-estabelecidos. Alguns custariam muito mais do que R$ 400 mil, que era o nosso teto, mas foram se enxugando, se enxugando, a fim de se adequar. E terminaram prejudicados ou, pelo menos, muito diferentes de como haviam sido idealizados. O que ocorreu também foi o inverso. Muitos projetos custariam menos e foram acrescidos de itens desnecessários até que atingissem esse teto. Achamos que valia a pena correr o risco de deixar os orçamentos livres, a cargo dos agentes artísticos. Os valores serão analisados pelo Itaú Cultural da mesma forma, mas agora tendem a ser mais adequados aos projetos. Menos artificiais. É um ato de ousadia. Mas vai fazer com que as propostas ganhem fluidez.

Além do fomento às obras, quais os benefícios de um programa como esse?
Temos uma amostragem enorme, de 15 mil projetos inscritos no último edital. Isso nos ajuda a mapear o que está sendo produzido em termos de cultura, no nosso país. Nos ajuda a ter uma ideia do que os artistas querem, do que têm planejado, do que está acontecendo, como podemos ajudá-los, de que precisam. Podemos usar esses dados para analisar esses movimentos.

>> NÚMEROS: Rumos 2013/2014

15 mil inscritos
101 selecionados
660 inscritos em Pernambuco
4 selecionados em Pernambuco
R$ 13,5 milhões em investimentos



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