Artes visuais Daniel Senise, expoente da Geração 80, realiza exposição "Quase Aqui" A mostra, em cartaz no Rio de Janeiro, traz o artista e sua investigação sobre luminosidade, história da arte e memória

Por: Isabelle Barros

Publicado em: 31/08/2015 19:13 Atualizado em: 31/08/2015 19:17

O artista visual Daniel Senise realiza exposição na comemoração dos dez anos do Oi Futuro. Crédito: Guga Melgar/Divulgação
O artista visual Daniel Senise realiza exposição na comemoração dos dez anos do Oi Futuro. Crédito: Guga Melgar/Divulgação

RIO DE JANEIRO - A memória que pode estar embutida em uma imagem, a história da arte e o estatuto da luz nas artes visuais tecem a trama da exposição Quase aqui, que o artista Daniel Senise abriu no Oi Futuro Flamengo,no Rio de Janeiro. Um dos expoentes da Geração 80, Senise desdobrou a pintura em outros suportes e trouxe o resultado de sua pesquisa para quatro ambientes diferentes do local. A mostra faz intervenções no espaço expositivo e aproveita a ideia de site specific¸ou seja, traz obras feitas especialmente para o Oi Futuro, que comemora dez anos de existência. A curadoria da mostra é de Alberto Saraiva e Flávia Corpas.

O mote Quase aqui, segundo Daniel, tem a ver com uma possível resposta para a pergunta “onde está a pintura?”. “Hoje, estamos quebrando os limites culturais e as linguagens estão misturadas. A pintura, no meu trabalho, é uma resposta a um estímulo que tenho desde pequeno: a imagem”. A partir disso, Daniel concebeu um trabalho sem título, que ocupa o térreo do Oi Futuro. A instalação, feita com fitas crepe a partir de backlights, faz uma referência tanto ao ambiente urbano, com uma estrutura que remete ao desenho espacial dos andaimes, quanto ao uso da perspectiva, técnica importante na arte ocidental.

Instalação sem título no térreo faz uso da perspectiva em sua concepção. Crédito: Carla Meneghini/Divulgação
Instalação sem título no térreo faz uso da perspectiva em sua concepção. Crédito: Carla Meneghini/Divulgação

Subindo para o mezanino, o espectador se depara com a série Galeria 1, na qual o artista desloca o olhar para o espaço fora do centro do quadro. Mesas de trabalho utilizadas pelo artista nos últimos anos compõem uma espécie de moldura que traz os vincos do tempo e do trabalho do artista. “O que seria o ‘fundo’ da pintura se torna a área de interesse, traz memória”, afirma a curadora Flávia Corpas.

As referências à história da arte voltam ainda na instalação Caminhante, uma alusão à tela Caminhante sobre o mar de névoa, de Caspar David Friedrich, do século 19. Senise tirou o revestimento de drywall que envolvia a sala e trouxe à tona a estrutura original do prédio, datada do início do século 20. A intensidade da luz faz com que sempre pareça ser dia dentro do espaço e é mais um comentário sobre a luminosidade na pintura, ainda que ela se espraie por todo um espaço em vez de estar contida na tela.

Em "Caminhante", o artista retirou a parede que escondia a estrutura original do prédio do Oi Futuro. Crédito: Carla Meneghini/Divulgação
Em "Caminhante", o artista retirou a parede que escondia a estrutura original do prédio do Oi Futuro. Crédito: Carla Meneghini/Divulgação

Já Mundial, a última obra da exposição, está fundada em uma ilusão: a projeção de uma foto do quarto onde Senise cresceu inquieta por trazer à tona o caráter efêmero da memória. Quanto mais o espectador se aproxima da imagem, mais ela se torna inacessível a ele.


*A jornalista viajou a convite do Oi Futuro

+ OI FUTURO FLAMENGO
No dia da abertura da mostra de Daniel Senise, no último dia 27, mais dois artistas passaram a expor seu trabalho no Oi Futuro Flamengo: A cristaleira, de Bruno Miguel e Janela Provisória, de Maria Lynch. O primeiro trabalho traz mais de 60 objetos domésticos como copos, travessas e taças, retrabalhados a partir de resina. Suas formas se mantém, mas se tornam objetos que carregam memória e uma certa dose de kitsch. Já Maria Lynch traz uma foto ampliada dela mesma nascendo, em uma imagem tirada por seu pai. O impacto da imagem, ampliada a ponto de ser vista em vários locais do bairro do Flamengo, traz a arte pública como mote de discussão no Oi Futuro.

+MOSTRA COMOVER
Nesta segunda, o Oi Futuro Ipanema abre a mostra CO-MOVER, dos egressos do projeto Oi! Kabum, que tem ramificações também em Belo Horizonte, Salvador e Recife. A exposição traz 40 trabalhos em conteúdo multimídia dos estudantes.



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