Prata da casa
Pupillo: músico pernambucano vai de Nação Zumbi a Gal Costa
Batizado de Romário Menezes, ele atua como baterista, compositor, produtor e diretor artístico de shows
Por: Luiza Maia - Diario de Pernambuco
Publicado em: 08/07/2015 21:08 Atualizado em: 08/07/2015 21:14
Nação Zumbi é considerada prioridade para ele. Foto: Andre Fofano/Divulgação |
A Nação Zumbi é a prioridade, garante Pupillo. Mas, enquanto circula em turnê com a banda pernambucana, o baterista recifense de 41 anos Romário Menezes de Oliveira Junior - nome de batismo quase desconhecido, convidado por Chico Science através de um bilhete escrito à mão guardado por ele até hoje - se divide entre participação como instrumentista convidado em faixas e apresentações, produção de álbuns de outros artistas, direção de shows, criação de trilhas sonoras e composições - uma sob encomenda para a cantora Gal Costa e escalada para o título de Estratosférica, recém-lançado.
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Pupillo já negou convites por achar que não poderia contribuir, mas não tacha nenhum estilo de bom ou ruim. No filme Quase samba, de Ricardo Targino, cuja trilha sonora é assinada por ele, teve a oportunidade de trabalhar com Roberta Miranda, ícone da música sertaneja. “Ela é um amor de pessoa, uma artista gigante, mas com uma cabeça muito aberta. Passamos a tarde inteira juntos, dando risadas e descobrindo coisas em comum”, elogia.
Apesar de ter saído do Recife para morar em um apartamento dividido com a Nação Zumbi na década de 1990 - primeiro no Rio de Janeiro, depois em São Paulo -, Pupillo acompanha a cena local e comemora o profissionalismo dos artistas, com destaque para o cinema. Inquieto e curioso, ele já tocou com Gilberto Gil, Caetano Veloso, Gal Costa, Marisa Monte (participou, junto com Lúcio Maia e Dengue, da turnê Verdade uma ilusão) e mantém os ouvidos atentos às novidades. “Quero muito trabalhar com Aninha Martins (recifense). Tomara que dê tempo e que ela queira também. A gente se fala, mas as coisas precisam andar. Quando der para a gente fazer algo juntos, vou me dedicar bastante”, promete. O tempo é pouco, ao contrário da vontade de criar.
As facetas
Vinte anos após a 1ª apresentação nos EUA, no Central Park, ainda com Chico Science nos vocais e participação de Gilberto Gil (mas sem Pupillo na bateria), a Nação volta ao local no SummerStage, dia 2 de agosto. Planejam novo álbum do projeto paralelo Los Sebosos Postizos e lançam música com Lenine, Cupim de ferro, de Carbono. “Somos contemporâneos. Sempre houve respeito mútuo. Valeu pelos 20 anos que a gente ficou se vendo de longe”, celebra, sobre a parceria inédita.
Idealizado por ele para o baile do bloco Enquanto Isso na Sala da Justiça de 2015, o Frevo do mundo foi apresentado em Belo Horizonte e deve virar o disco. “A ideia era fazer um repertório sem bairrismo com relação ao frevo”. O álbum será baseado no show, que teve Bloco da bicharada, interpretado por Siba (foto), A filha da Chiquita Bacana, por Céu, e Frevo mulher, por Tulipa Ruiz. O nome é inspirado no álbum homônimo do selo de Pupillo, Candeeiro Records, em 2007, com Eddie, China e Orquestra Imperial.
Em cartaz no Cinema da Fundação, aos sábados, domingos e às terças, o filme Sangue azul, de Lírio Ferreira, tem trilha sonora assinada pelo pernambucano. "Lírio é um diretor com muito cuidado com cada cena. Pesquisa muito as músicas, sugere e escuta as sugestões que a gente tem". Quase samba, de Ricardo Targino, com dueto de Otto e Roberta Miranda em Meu dengo, também. Ele trabalhou para Baixio das bestas, de Cláudio Assis, Árido movie, de Lírio, em parceria com Kassin, Berna Seppas e Otto, e Sólo dios sabe, do mexicano Carlos Bolado, com Alice Braga.
"O meu trabalho com Otto e Lira diz muito do que sinto e acredito na música. Tenho orgulho da discografia deles. Eles têm perfil parecido com o de Chico (Science), de compartilhar, construir algo novo", diz. Apesar de ter começado na produção em Afrociberdelia (1995), com a Nação Zumbi, Baião de viramundo (2000), tributo a Gonzagão, é o primeiro com assinatura dele. Produziu os discos solo de Lira, pós-Cordel, e trabalha na pré-produção de Ottomatopeia, de Otto (foto).
O primeiro trabalho artístico de Pupillo em parceria com a cantora paulista Céu foi o 3 na massa. Ela interpreta Doce guia, em Na confraria das sedutoras, primeiro álbum do projeto criado por ele e Dengue e com várias cantoras, como Leandra Leal, Thalma de Freiras e Nina Becker. Juntos, os artistas - e agora casal - dividem vários projetos. Com Junio Barreto, compuseram Estratosférica, para Gal Costa. Ela está no Frevo do mundo e ele será o produtor do próximo disco dela.
Escalado para a turnê Ela disse-me assim, de Gal Costa, tributo ao cantor Lupicínio Rodrigues, Pupillo tocou bateria em quase todas as faixas do novo disco da cantora baiana. Após circular o mundo ao lado de Marisa Monte (foto) em Verdade uma ilusão, gravou para Canções para depois do ódio, de Marcelo Yuka, ex-Rappa, e para o CD da Abayomi Afrobeat Orquestra, grupo carioca cuja sonoridade é influenciada pelo nigeriano Fela Kuti, produzido por ele e gravado e mixado por Bruno Giorgi, filho de Lenine.
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