Murilo Cervi trabalha em um escritório de contabilidade, em São Paulo, de segunda a sexta-feira. A descrição não faz jus, no entanto, à fama do YouTuber que é uma das estrelas da edição 2015 da Super-Con - convenção de animes, games, HQs e cosplayers marcada para este sábado e domingo, no Chevrolet Hall, em Olinda. O canal de Murilo, o Muca Muriçoca, tem mais de um milhão de inscritos e seus vídeos somam mais de 976 mil visualizações.

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No Facebook, são mais de 420 mil seguidores. Quase tudo o que Muca fala, vira frase de efeito repetida por fãs em eventos para o qual é contratado em todo país. Antes de voltar a Pernambuco, onde esteve em janeiro passado, para o AnimaRecife, a webcelebridade trocou e-mails com o Viver sobre rotina, fama, humor, situações inusitadas com fãs, YouTube e otakus (como se chama, no Brasil, os que curtem as culturas japonesa e geek). Confira.

 
Entrevista >> Muca Muriçoca
"Um desafio e objetivo do meu canal é interligar cada vez mais tribos diferentes e mostrar que todos podem ser felizes em seus mundos"

Você transformou uma tiração de onda do seus fãs ("Muca Viado") em um dos seus slogans... e foi genial. No entanto, no humor é fácil cruzar a linha do desrespeito. O que você tenta fazer para que a zoeira com os entrevistados não acabe sendo demais? E vice-versa?
O desrespeito é subjetivo, na minha opinião. Eu brinco com as namoradas de amigos no modo hardcore...(rs) tem gente que se assusta, não tenho muito como controlar isso. Durante a entrevista, vou sentindo até onde posso ir com cada entrevistado. Comigo, deixo aberto para brincarem também. Vira uma via de mão dupla, aí rola legal!

Você é idolatrado por um público adolescente. Pensa em que mensagem está passando para eles? Ou eles que se virem?
Não tenho a pretensão de educá-los, nem dizer o que está certo ou errado... mas que disseminem o respeito às diferenças e que levem a vida sorrindo, pois assim ela é mais prazerosa. Minha mensagem é de união, amizade e força para enfrentar os desafios da vida.

Como é sua rotina? Como faz para produzir tanto material para o canal?
Trabalho em escritório de contabilidade de segunda a sexta-feira e, no próprio escritório, temos uma sala específica para o canal. Em média, consigo dedicar pelo menos uma hora por dia, com o Dudu e Robinho (minha equipe). É nos finais de semana, normalmente, que acontecem as filmagens. Vou aos eventos, brinco com o pessoal, faço as entrevistas e, na segunda, a edição já come solta! É bem trabalhoso, mas o resultado vale a pena!

Com certeza vocêr não criou o canal para ser um fracasso, mas o resultado ainda lhe espanta?
O resultado não me "espanta" porque ainda não tenho a noção da dimensão exata do que estamos atingindo, mas nos eventos, sim, fico impressionado com a quantidade e o calor de tanta gente que gosta de mim e das minhas bobeiras.

Já temeu pela própria segurança em alguma convenção?
Sim. Tem eventos que a quantidade de pessoas é muito grande, e eles acabam tentando me agarrar (não sei pra quê... ahuhauhua). Basta uma pessoa perder a noção para induzir outros a fazerem o mesmo. Mas - normalmente - a galera respeita bastante. O meu maior temor é pela segurança deles mesmos, que ficam em volta pulando. Às vezes têm crianças, meninas, dá receio de alguém se machucar, mas cada vez mais os eventos estão se adequando ao público e vice-versa.

Qual a situação mais inusitada que você já passou em um evento?
Entre tantas coisas bizarras que já vivenciei e proporcionei, a que mais se destaca foi durante a sessão de fotos (meeting). Eu gosto de abraçar meus inscritos e fazer brincadeiras com eles a todo momento. Nesta situação uma pessoa veio me abraçar, eu apertei seu peito e disse: ‘E aí tetinha, tá gordinho, hein?! Vamos malhar!’ e fiquei com a mão no peito dessa pessoa olhando pra câmera, de repente ela me falou: “ Muca, eu sou uma menina “.... EU NÃO SABIA ONDE ENFIAR A CARA... Pedi desculpas, ela levou na brincadeira, mas eu queria um buraco pra me enterrar. Todos os Staffs da sala quase enfartaram de rir.. Acho que essa foi a situação mais inusitada até agora..rs

Como é essa vida de celebridade fora dos eventos otakus? O assédio é grande ou ainda dá para andar na rua?
Ainda dá pra andar tranquilamente na rua sim, vez ou outra alguém me pede uma foto. Às vezes, percebo que ficam olhando de longe na dúvida se sou eu ou não...rs eu gosto de ser abordado! :)

Qual o seu vídeo favorito, no Muca Muriçoca?
Gosto de muitos, difícil falar somente de um. Vários foram marcantes... o vídeo da cantada do pepino – que teve uma repercussão gigantesca, as descobertas dos mitos japinha da nerf, lâmina espiritual também são marcantes.

E no YouTube, qual o vídeo que você já viu zilhões de vezes?
Repetidamente, ouço mais músicas do que vejo vídeos. Mas lembro que via muito Rafinha Bastos.

Você já esteve no Recife. Foi recebido com presentinho no aeroporto, tirou onda com tubarão... o público nas convenções é todo parecido ou tem particularidades?
Cada região tem sua peculiaridade e também varia da estrutura do evento. Tem evento que quer as apresentações mais comportadas, tem evento que quer as apresentações com cara de show de rock. A gente dança conforme a música! rs

A concorrência entre os canais no YouTube é brutal, a julgar pela quantidade de opções. Isso lhe preocupa? Como ficar na crista?
Não me preocupa, pois não vejo como concorrência, mas como oportunidades. É legal que cada vez mais pessoas estejam inscritas no YouTube, assim têm mais chances de conhecerem o meu canal. Buscamos sempre fazer conteúdos e edições boas pra reter essa galera que cai, por acaso, num vídeo meu.

Por que você acha que quem não é otaku tem preconceito com quem é?
O preconceito é algo intrínseco no ser humano. Baladeiro tem preconceito com quem não é, solteiro tem preconceito com quem é casado, rockeiro tem preconceito com sertanejo e assim vai... um desafio e objetivo do meu canal é interligar cada vez mais tribos diferentes e mostrar que todos podem ser felizes em seus mundos e ainda compartilhar de novas opções!

Serviço
Super-Con 2015
Quando: Sábado (18/7) e domingo (19/7), das 10h às 21h
Onde: Chevrolet Hall (Complexo Salgadinho, s/n, Olinda)
Quanto: Ingressos a R$ 45 (meia-entrada/antecipada), R$ 90 (inteira/antecipada) e R$ 85 (combo meia/dois dias de evento); R$ 50 (social + 1KG de alimento não-perecível); R$ 90 (combo social + 1KG de alimento não-perecível/dois dias do evento)
Informações: (81) 98838-1656