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Mistério Enquanto Sobrenatural: A Origem chega aos cinemas, conheça cinco casos paranormais do Recife Parapsicólogo e pesquisador, Valter da Rosa Borges lista cinco casos misteriosos que investigou na capital pernambucana

Por: Larissa Lins - Diario de Pernambuco

Publicado em: 29/07/2015 21:10 Atualizado em: 30/07/2015 11:43


Valter da Rosa Borges é autor de mais de 20 livros, entre eles A Parapsicologia em Pernambuco. Foto: Larissa Lins/DP/DA Press
Valter da Rosa Borges é autor de mais de 20 livros, entre eles A Parapsicologia em Pernambuco. Foto: Larissa Lins/DP/DA Press

A estreia de Sobrenatural: a origem, que chega aos cinemas brasileiros nesta quinta (30), reforça o imaginário coletivo em torno dos fenômenos paranormais. O título soma-se a uma extensa lista encabeçada por clássicos como Poltergeist: o fenômeno, O exorcista, Invocação do mal e o recente Annabelle. Para o parapsicólogo recifense Valter da Rosa Borges (81), os enredos não apresentam nada de extraordinário. São casos de rotina na carreira do pesquisador, conhecido como “caça-fantasmas.”

Fundador do Instituto Pernambucano de Pesquisas Psicobiofisicas, Borges se dedica, desde a década de 1970, a investigar fenômenos paranormais no Recife. “Estudamos a telepatia, a premonição, a clarividência e, finalmente, a ação da mente sobre a matéria, que são desdobramentos da psicocinesia”, explica o pesquisador. Tudo isso, segundo ele, existe e já foi comprovado. O desafio é analisar e resolver cada caso, levantando hipóteses com metodologia científica e tratando distúrbios da mente.

Em entrevista exclusiva ao Viver, Borges listou alguns casos memoráveis e explicou alguns dos fenômenos mais abordados na indústria cinematográfica. Confira:

>> CASOS MARCANTES

Edifício Paris

Na década de 1980, Valter da Rosa Borges foi convidado por uma colega médica a investigar fenômenos paranormais no Edifício Paris, em Santo Amaro, Zona Norte do Recife. Com grande repercussão na imprensa e sociedade em geral, o caso envolvia todo o condomínio: em diferentes apartamentos, sendo um deles o mais afetado, objetos se moviam e quebravam sem explicação. Frascos de remédio, garrafas de bebida, jarros e peças decorativas cruzavam cômodos e eram arremessados contra as paredes. Policiais, um padre, um pastor evangélico, um medium e uma mãe de santo haviam sido convocados ao local, mas o mistério continuava a se repetir, sem solução.

“Era evidente que os fenômenos estavam sendo provocados por um poltergeist. Só precisei identificar quem era”, lembra Rosa Borges. A investigação é conduzida, a princípio, por eliminação de “suspeitos.” Na maioria dos casos, o “autor” é uma menina, entre 11 e 14 anos. No Edifício Paris, a poltergeist era uma adolescente, ex-babá, que havia presenciado a morte da criança de quem cuidava, por atropelamento. “Ela estava traumatizada. E precisei esclarecer, antes de tudo, que aqueles fenômenos não eram uma tentativa de comunicação da criança morta, como alguns acreditavam, mas uma manifestação da mente da própria menina”, explica Rosa Borges. Aquela foi a primeira vez em que ele testemunhou, in loco e em tempo real, o fenômeno poltergeist acontecer. “Enquanto conversava com a tal menina, uma garrafa se deslocou da cozinha até nós dois, em movimentos curvos e não-uniformes, e se estourou contra a parede”, recorda. O tratamento psicológico da jovem encerrou definitivamente o problema.

Fogo no armário
Também no Recife, um jovem viúvo contactou o IPPP em busca de ajuda depois que as roupas dele começaram a pegar fogo dentro do armário. Elas se queimavam, mas o fogo não chegava a se alastrar para o restante da casa. As investigações de Borges apontaram para mais um fenômeno poltergeist. A filha do viúvo, com saudades da mãe e ciúmes da madrasta, provocava a combustão espontânea das peças de roupa. O problema também foi resolvido com tratamento psicológico da garota.

Poltergeist de Beberibe
No fim da década de 1990, uma casa do bairro de Beberibe, na Zona Norte do Recife, virou cenário de fenômenos paranormais. Pedras se “materializavam” e caiam sobre o telhado, geralmente à 0h30 e às 6h. Seis adultos (três casais), duas crianças e uma adolescente moravam no local. Uma das mulheres adultas faleceu em acidente misterioso, relacionado ao caso paranormal. Enquanto guardava a louça, pratos começaram a “voar” pela casa. Tomada pelo susto, correu em direção aos fundos da propriedade, onde uma vala estava aberta para a construção de fossa séptica. A queda no buraco provocou sua morte.

A casa em Beberibe foi cenário de um dos casos mais intrigantes investigados pelo IPPP. Fotos: Arquivo/IPPP
A casa em Beberibe foi cenário de um dos casos mais intrigantes investigados pelo IPPP. Fotos: Arquivo/IPPP

Alguns meses mais tarde, as roupas da criança mais nova entraram em combustão espontânea. “Aquele foi um dos casos mais misteriosos, porque não havia na família membros na faixa etária comum aos poltergeists”, conta Borges. O caso foi investigado por pesquisadores do IPPP, mas não diretamente por Borges.  Outras roupas, um armário, um colchão e um sofá (foto) também foram queimados sem aparente explicação. Vidros trincavam e copos eram quebrados.
A família acreditava que o irmão mais velho, assassinado anos antes, fosse o agente causador dos fenômenos. Os pesquisadores do IPPP classificaram as manifestações como psicocinesia espontânea, após fotografar todos os objetos danificados e acompanhar a rotina da família.

O poltergeist, porém, não seria uma única pessoa. Mas, sim, as desavenças entre os moradores da casa, sendo dois deles os principais focos (a mulher que falecera e a adolescente, com 15 anos). “Os desentendimentos, a raiva, as tensões motivaram os fenômenos”, lista Rosa Borges. O caso se resolveu com tratamento psicológico e a separação da família - cada casal se mudou para um endereço diferente.

Borges não acredita em fantasmas. Para ele, são alucinações da mente. Foto: Larissa Lins/DP/DA Press
Borges não acredita em fantasmas. Para ele, são alucinações da mente. Foto: Larissa Lins/DP/DA Press

O fantasma da Faculdade de Direito do Recife

Na década de 1970, se espalharam boatos em torno de um fantasma que circulava pelos corredores da Faculdade de Direito do Recife. A lenda “rezava” que, todo vestido de preto, ele conversava com alguns alunos e professores e até comparecia a algumas aulas. Investigando, encontraram um rapaz que foi identificado como o tal fantasma. Tratava-se de um jovem com perturbações mentais, que frequentava a faculdade sem estar vinculado a ela. O mistério foi resolvido sem necessidade de tratamento psicológico.

Fontes espontâneas de água
O IPPP também foi contactado para investigar um fenômeno curioso: no apartamento de uma escritora, vazava água por lugares inusitados. Paredes, móveis, janelas. Mesmo em pontos nos quais não havia encanação embutida. “Ela já havia passado da idade de provocar os fenômenos do tipo poltergeist, mas estava guardando a angústia de um sério problema. Expliquei que não se tratava de algo sobrenatural, mas da ação da mente perturbada sobre a matéria. Algo muito raro”, conta Borges. Após acompanhamento psicológico, as fontes de água misteriosas cessaram.



>> OS FENÔMENOS

POLTERGEIST
Fenômeno raro, é provocado pela ação da mente sobre a matéria. O agente é, na maioria dos casos, uma menina entre 11 e 14 anos. Borges aponta as modificações hormonais dessa fase da vida como possível hipótese para a propensão aos fenômenos. Somadas a traumas e aflições intensas, as transformações no corpo da mulher intensificam a perturbação da mente. Objetos se movem, sem ação humana direta, ou entram em combustão espontânea. O tratamento é feito a partir de acompanhamento psicológico da pessoa que está provocando o fenômeno.

PREMONIÇÃO

Na parapsicologia, o termo correto é “precognição.” Valter da Rosa Borges acredita que algumas pessoas sejam dotadas de um sentido mais aguçado. Elas seriam capazes de prever acontecimentos do futuro. A intuição pode ocorrer, ainda, como fenômeno isolado, na mente de pessoas que não são necessariamente dotadas dessa aptidão. É uma sensibilidade rara da mente.

OBJETOS ALMADIÇOADOS
“Não existem objetos amaldiçoados”, determina Borges. Bonecas como a dos filmes Annabelle e Invocação do mal são fruto do imaginário coletivo, reforçado pelas religiões, pelo cinema e pela mídia em geral, segundo o parapsicólogo. O que pode ocorrer, de acordo com ele, é a psicometria: através do contato direto (através do tato) com o objeto, uma pessoa sentir-se ligada a outra (geralmente a dona do item). “O objeto serve como estímulo, sinal, facilitando a ação telepática”, explica.

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