Entrevista Em show surpresa no Recife, Saulo canta Gonzagão e elogia música pernambucana Mais nordestino e percussivo, o cantor surpreende os fãs com pocket show de Baiuno no RioMar, um dia antes do show no Baile Perfumado

Por: Marina Simões - Diario de Pernambuco

Publicado em: 31/07/2015 10:10 Atualizado em: 03/12/2015 18:46

Cantor baiano agradeceu ao público a energia e elogiou a música pernambucana. Foto: Marina Simões/DP/DA Press
Cantor baiano agradeceu ao público a energia e elogiou a música pernambucana. Foto: Marina Simões/DP/DA Press

Troca de energia e amor. O cantor Saulo fez uma surpresa aos fãs do Recife na tarde desta quinta-feira (30). Ele chegou na cidade para lançar o novo disco Baiuno, com show nesta sexta-feira (31), no Baile Perfumado, mas antes promoveu um pocket show gratuito na Livraria Cultura do RioMar Shopping, em Boa Viagem.

Confira os shows do roteiro do Divirta-se


Cerca de 180 pessoas puderam assistir ao show intimista e acústico de uma hora e meia de duração. Apenas com voz e violão, Saulo cantou sucessos da carreira da época da Banda Eva, faixas inéditas do novo projeto e homenageou a música pernambucana. "Bate uma onda diferente quando venho pra Recife. Me sinto muito alegre em ser músico e ser respeitado em um lugar que respeito tanto, um lugar de gente tão importante para a cultura brasileira e vocês ainda me dão bola", disse.

Descontraído e sem seguir roteiro, ele conversou com o público e perguntou quais as músicas eles queriam ouvir. "Nunca sei como começar e o que fazer, mas saibam que vou fazer de coração", disse antes de cantar a primeira música Que nem jiló, de Luiz Gonzaga. Em seguida cantou Olha pro céu e Ai que saudade de ocê. Do novo disco tocou Floresça, Tambor menino, Outra vez e Prece ao coração. O cantor ainda relembrou as faixas do disco Saulo Ao vivo, O mundo estava em guerra mas aqui é carnaval e Dia de frevo. Em certas canções, Saulo improvisou o som de instrumentos com a boca, como em Veloso cidade.


Durante entrevista, o cantor deu detalhes da turnê que foi lançada em Brasília. "Considero Baiuno o primeiro álbum, porque o Saulo ao Vivo ainda era uma transição, muitas músicas de outros trabalhos. Nesse são treze inéditas. É um disco de músicos para a música!", explicou o baiano. No camarim, ele recebeu a amiga e cantora Nega Queiroga, que o presenteou com brinquedos populares como peão, estilingue e bola de gude.

Sobre o show desta sexta-feira Saulo adiantou que vai apresentar as faixas de Baiuno e em seguida fará uma espécie de baile relembrando os antigos carnavais. A ação do pocket show surpresa vai acompanhar o artista durante toda as cidades por onde a turnê passar. A estratégia é avisar o local do encontro somente duas horas antes do início da apresentação através das redes sociais de Saulo.


Entrevista >> Saulo

Saulo lança a turnê Baiuno em Brasília. Recife é a segunda capital a receber espetáculo. Foto:
Eder Mota/Divulgação
Saulo lança a turnê Baiuno em Brasília. Recife é a segunda capital a receber espetáculo. Foto: Eder Mota/Divulgação


Em Mokhtar você fala do sertão, cita Ariano Suassuna, Luiz Gonzaga e Patativa do Assaré e as mazelas sociais. Como compôs a letra?
Mokthar é um músico, um baterista africano, importante ser mundial! A canção começa com: “Disse Mokthar que tem que sentir ao invés de pensar”. Depois vejo Ferreira Gullar dizer: “Só a vida não basta”, era o que faltava para o texto nascer. É uma tentativa de poesia evocando os mestres das palavras. Uma busca desse “eu” Nordeste. Esse disco é mais nordestino que os outros. Desde Raiz de todo bem eu falo do 'Nordeste caba da peste" e agora deixo isso mais evidente.

Em que prateleira na loja esse disco se encaixa?
A intenção é fazer música que me faça bem. É prateleira MLB – Música Livre Brasileira.

Como foi o processo de composição e escolha das músicas desse repertório?
Esse disco veio completamente dos textos. Os textos apontaram a direção de tudo. E com Munir Hossn e Marcelus Leone que fizeram um trabalho incrível de produção musical, o som de Jacksandro Silva e foi tudo ganhando forma. Considero Baiuno o primeiro álbum , porque o Saulo ao Vivo ainda era uma transição, muitas músicas de outros trabalhos, nesse são treze inéditas. Um disco de músicos para a música! Cantam comigo: Seu Roberto Mendes, Munir, Júlia Saar, Ray Lema, Tó Brandileone, Dom Chicla, Lau, Vozes Reveladas...e grandes músicos como Mestrinho, Pipoquinha, Etiene,  Leonardo Montana, Zé Luís Nascimento, Ferreirinha, Juninho Costa, Abará e os caras maravilhosos que tocam comigo!

Descontraído, Saulo cantou para plateia emocionada na Livraria Cultura do RioMar. Foto: Marina Simões/DP/DA Press
Descontraído, Saulo cantou para plateia emocionada na Livraria Cultura do RioMar. Foto: Marina Simões/DP/DA Press

O lançamento do disco foi pela internet com um show em uma escola pública. Qual a importância de se aproximar das crianças e do ambiente escolar?
Arte, educação e esporte juntos, mudam qualquer cenário social. As crianças são o público mais verdadeiro!

O cenário do show também mostra a relação com o universo infantil. Qual o propósito?
Os textos levaram pra esse universo lúdico. Baiuno é a criança que mora em cada um de nós e que em algum momento se perdeu. Então, com a direção de Renan Ribeiro e cenário de Zuarte as coisas foram ganhando forma. A cada canção uma projeção aparece com essas referências de infância como pega-varetas, palavra cruzada... E no cenário ainda tem obras de arte do Zuarte que são as bicicletas com asas, mais lúdico impossível! Vamos tentar trazer essa memória afetiva dos tempos de infância.

Que artistas da música pernambucana costuma ouvir? Tem vontade de gravar com algum deles?
Já gravei com Spock e cantei no Galo da Madrugada com Nena, só sonho! Adoro China, Karina Bur e Mombojó. Amo e respeito muito Alceu e Geraldinho.

Há um sentimento de desânimo e intolerância crescente em parte da sociedade ocasionado pela situação política e econômica do país. O que diria para essas pessoas?
Levantem a cabeça e sigam! O que eles querem é que vocês não acreditem mais. Se informem e se mantenham livres.

O disco tem participações de vários artistas. É preciso adaptar o projeto para pegar a estrada e levar a turnê para as cidades brasileiras? Como funciona?
Sempre. Existe todo um trabalho com os músicos maravilhosos que tocam comigo pra gente conseguir levar esse show pra estrada. Na parte da sanfona, pedimos ajuda de Mestrinho, grande músico que participou com a gente. Ele indica a cada cidade por onde a turnê passa sanfoneiros locais pra fazer as canções, é uma forma de interagir com a cidade. Na turnê passada, escolhemos em cada cidade projetos sociais pra participar conosco na parte das cordas e foi uma experiência grandiosa. No show de Recife vamos receber o sanfoneiro Luizinho.

Como será o show que traz para o Recife?
Esse é o segundo show da turnê Baiuno que teve a estreia em Brasília. Fizemos tudo com o maior amor do mundo, cada pedaço desse show foi pensado com muito carinho para mostrar as músicas novas. Depois vamos fazer a festa juntos com as canções que todo mundo gosta e conhece!

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