Música Sertanejos movem multidões, mas encontram resistência em parte do público Morte precoce do cantor Cristiano Araújo reacende o debate

Por: Adriana Izel - Correio Web

Publicado em: 30/06/2015 12:21 Atualizado em: 30/06/2015 13:02

Cristiano Araújo estava no auge do sucesso: missa de sétimo dia do cantor será realizada hoje em Goiânia. Foto: Antonio Chahestian/Rede Record/Reprodução
Cristiano Araújo estava no auge do sucesso: missa de sétimo dia do cantor será realizada hoje em Goiânia. Foto: Antonio Chahestian/Rede Record/Reprodução

A repercussão da morte do cantor Cristiano Araújo em um trágico acidente na madrugada do dia 24 na BR-153, entre os municípios de Goiatuba, Morrinhos e o trevo de Pontalina (Goiás), levantou a discussão em torno do artista. Enquanto milhares de pessoas lamentavam a morte, outras ainda se perguntavam quem era o sertanejo. Cristiano Araújo conquistou espaço no mercado em 2011, ao lançar a faixa Bara bará, uma mistura de sertanejo com música eletrônica. A partir daí, garantiu lugar entre os principais artistas do gênero, mas não chegou a ter uma repercussão nacional como Paula Fernandes, projetada por Roberto Carlos, e Michel Teló, que virou febre mundial com Ai se eu te pego.

Mesmo assim, o cantor conseguia mover multidões de fãs e já era visto como um ídolo. Araújo vivia uma das melhores fases da carreira, com a música Hoje eu tô terrível, tocada repetidamente nas rádios do Centro-Oeste, depois de ter assinado um contrato com a Audiomix, empresa da dupla Jorge & Matheus, responsável pelo festival Villa Mix. Possivelmente, em pouco tempo, o artista entraria para o rol dos cantores da elite do gênero universitário, como Gusttavo Lima e Luan Santana.

Mas por que, então, ele não era conhecido do grande público brasileiro? A explicação é simples. A música sertaneja é um dos estilos que mais encontram resistência entre o público geral. “É um gênero que não atinge 100%. Eles fazem sucesso no interior do Brasil, mas não são unanimidade nas grandes capitais, que são mais influenciadas por ritmos estrangeiros, como pop, rock e jazz”, explica o pesquisador de cultura popular Edvan Antunes.

Antunes, que é autor do livro De caipira a universitário: A história da música sertaneja, ressalta que os cantores sertanejos reinam absolutos nas cidades menores. “O sertanejo é o estilo que hoje mais toca nas rádios. Quando se sai das grandes capitais, os artistas sertanejos são formadores de opinião e conseguem hipnotizar o público, porque eles conseguem se comunicar com a realidade daquelas pessoas, especialmente, na vertente romântica”, comenta.

Ídolos

Não era apenas Cristiano Araújo que mobilizava centenas de fãs sem ter reconhecimento global. O gênero está repleto de representantes que são admirados por quem consome o estilo musical, mas sequer têm seus nomes conhecidos por quem não acompanha o ritmo. Conheça alguns.

Já fazem sucesso

Henrique & Juliano
Os irmãos começaram no interior de Tocantins fazendo cover dos Mamonas Assassinas. Inspirados por João Paulo & Daniel, criaram a dupla. Em 2012, quando lançaram Não tô valendo nada, em parceria com João Neto & Frederico. Depois, os hits Separa, namora, Recaídas, Até você voltar e Cuida bem dela.

Henrique & Diego
Dupla criada em 2005, em Cuiabá. Em 2009, gravaram o independente Te peço de volta. Em 2013, numa gravadora, lançaram Ao vivo em Campo Grande. Entre os hits, Me liga, Canudinho e Zuar e beber. O mais recente é Suíte 14, com o funkeiro MC Guimê.

Léo Magalhães
Iniciou na música cantando em bares em Teófilo Otoni, em Minas Gerais. Na discografia tem 12 CDs e quatro DVDs. Em 2003, despontou com os hits Camas separadas, Amor rebelde, Cara metade e Só dá ela no meu coração. Dos mais recentes, O gelo que ela me deu, Aí o homem chora e Maltrata.


Marcos & Belutti
Marcos começou como compositor, com sucessos gravados por Zezé di Camargo & Luciano e Edson & Hudson. Uniu-se a Belutti em 2007. São responsáveis por Domingo de manhã, uma das mais tocadas nas rádios . Ainda têm Fica comigo e Amor pra vida inteira.

Israel & Rodolffo
Amigos de infância, gravaram um demo aos 10 anos. Mas, foi em 2011, que lançaram a carreira com o DVD Do jeito que eu queria. O estouro foi em 2012, com Marca evidente. São autores das canções Amor que é bom ninguém quer dá, Contos de fadas e Imprevisível, do mais recente álbum.

Em busca de afirmação

Thiago Brava
Influenciado pelo samba e pagode, levou os ritmos para o sertanejo. É conhecido por disseminar o arrocha, com Namora bobo e 360.

Gabriel Gava
Um dos precursores do sertanejo arrocha, Gava ficou conhecido com o hit Fiorino. Antes de divulgar a música, ele já havia lançado o CD Máquina do tempo.

Matheus & Kauan
Os irmãos goianos iniciaram a dupla em 2010. Foi uma parceria com Jorge & Matheus, a canção Mundo paralelo, que levou a dupla ao reconhecimento.

Conrado & Aleksandro
Os mato-grossenses criaram a dupla em 2003. Em 2009 lançaram o disco  Anjo querido. Os hits são Só se for gelada, Afinal, Halls preto e Hoje tem.

Zé Felipe
Filho do cantor Leonardo e irmão de Pedro (Pedro & Thiago), aprendeu a tocar violão com o pai e decidiu virar sertanejo em 2013, ao participar de um pout- pourri. O primeiro álbum foi Você e eu (2014).

João Lucas & Marcelo
Ficaram conhecidos pelo hit Eu quero tchu, eu quero tcha, que estourou no mundo do futebol. Depois veio Louca louquinha.

Kléo Dibah & Rafael
Começaram a tocar nos bares de Minas Gerais. O primeiro hit foi Se eu me entregar (2011). Neste ano, apostaram em parceria com Gusttavo Lima, a faixa Cicatrizes.

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