São João Novas bandas de forró reinventam clássicos da música Xote Marley, Conjunto Bole-Bole e Pife Floyd estão entre os grupos que fazem versões cover com criatividade a partir de rock, reggae e canções da década de 1980

Publicado em: 20/06/2015 08:02 Atualizado em: 20/06/2015 08:55

Conjunto Bole-Bole faz versões pé-de-serra para músicas dos anos 80. Fotos: Kelvin Andrade/ Divulgação
Conjunto Bole-Bole faz versões pé-de-serra para músicas dos anos 80. Fotos: Kelvin Andrade/ Divulgação
 
Originalidade nem sempre significa criar algo totalmente novo. Resgatar o que já existe de uma forma imprevisível também pode ser um gesto criativo. É isso o que demonstram grupos como Conjunto Bole-Bole, Xote Marley, Pife Floyd e Bloco do Sargento Pimenta Sargento Pimenta, que usam o forró para reinventar clássicos da música. No repertório deles, o rock vira baião e o reggae é transformado em xote.

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A guitarra é substituída pelo pífano e o que era eletrificado torna-se pé-de-serra. Assim como ocorre no carnaval, o São João às vezes abriga certa repetitividade no repertório de algumas festas, até porque há músicas irresistíveis e praticamente obrigatórias para serem tocadas nos arraiais. Para diminuir as redundâncias, a renovação de composições originais é essencial, mas esses quatro exemplos mostram que ainda há novos caminhos a serem explorados na trilha das versões cover.

CONJUNTO BOLE-BOLE:


Formado em Olinda, o Conjunto Bole-Bole tem remexido com a memória do forró contemporâneo. "Nosso repertório é um mix do chamego dos anos 80", define o zabumbeiro Rudá Rocha. Eles viajaram ao passado e pararam a máquina do tempo na década de 1980, quando havia um clima de irreverência nos sucessos radiofônicos dos forrozeiros. O grupo resgata clássicos recentes que ficaram famosos na vozes de cantores como Jorge de Altinho (Nem ligue e Sou feliz), Assisão (Eu quero meu amor e Pau nas coisas), Clemilda (Rosa da praia) e Alcymar Monteiro (Nem olhou pra mim). Além do percussionista, participam Adiel Luna (vocal), Guga Amorim (triângulo) e Julio Cesar (sanfona), que transportam a estética oitentista para um formato mais acústico, com cara de pé-de-serra: "Os arranjos daquela época eram marcados por metais, guitarra e bateria", diferencia Rudá. nos shows, o Conjunto Bole-Bole também faz homenagens aos mestres Dominguinhos (canções menos famosas, como Zé do rock e Ter você é ter razão) e Genival Lacerda (rei das músicas de duplo sentido).

PRÓXIMOS SHOWS:
- Neste sábado, a partir das 19h, no São João da Macuca (Fazenda da Macuca, distrito de Poço Comprido, Correntes)
- Dia 27, às 23h, na festa de São Pedro da creperia Rouge (Praça de Casa Forte)

XOTE MARLEY

Nirvana, Pearl Jam, Bee Gees e Sublime estão no repertório da Xote Marley. Foto: Anderson Barros/ Divulgação
Nirvana, Pearl Jam, Bee Gees e Sublime estão no repertório da Xote Marley. Foto: Anderson Barros/ Divulgação

Se Michael Jackson e Bob Marley fossem nordestinos, eles seriam forrozeiros? Essa situação hipotética é experimentada pelo trio Xote Marley, que promove arrastapés ao som de Nirvana, Pearl Jam, Bee Gees, Beatles, Pink Floyd e Sublime, entre outros nomes da música internacional (e nacional também), cujos sucessos ganham versões em ritmo de forró. Criado em 2014, o grupo tem tido uma agenda cheia nas festas juninas em 2015 e já chegou a tocar em outros estados. O estilo principal é o xote e, curiosamente, eles usam uma guitarra no lugar da sanfona, junto com zabumba e triângulo. Os vocais são bastante utilizados para substituir trechos com outros instrumentos.

PRÓXIMOS SHOWS:
- Neste sábado, às 20h, no São João Café do Castro Alves (Rua do Lima, 280, Santo Amaro)
Dia 25, no Taca Mais Música (Shopping Tacaruna)
Dia 26, às 21h, na Bodega Do Futuro (Rua do Futuro, 181, Aflitos)
Dia 27, às 20h, no São Pedro do Café Castro Alves

PIFE FLOYD

Pife Floyd é uma banda e uma agremiação carnavalesca. Fotos: Gustavo Alencar/ Divulgação
Pife Floyd é uma banda e uma agremiação carnavalesca. Fotos: Gustavo Alencar/ Divulgação

Este é um caso em que um trocadilho deu origem a uma banda: "O Pife Floyd surgiu da própria brincadeira com o nome, a partir de uma conversa entre amigos", explica o músico Mateus Samico. O grupo começou como um bloco de carnaval, que sai sempre nos sábados e nas quartas de cinzas em Olinda, mas aos poucos iniciou uma carreira também em festas ao longo do ano, com cortejos no meio do público e também shows no formato de palco. A proposta básica é usar os pífanos como elo de ligação entre o rock e gêneros brasileiros como baião, xote, frevo, samba e marchinha. No repertório, nomes como Pink Floyd, Led Zeppelin, Jethro Tull, Black Sabbath e Deep Purple convivem harmoniosamente com Luiz Gonzaga, Dominguinhos, Jackson do Pandeiro, Hermeto Pascoal e Sivuca.

PRÓXIMO SHOW:
- Dia 26, às 22h, na festa Forró Adubado (Espaço Angola Mãe, Rua Ilma cunha, 243, Bonsucesso, Olinda)

BLOCO DO SARGENTO PIMENTA (RJ)

Grupo carioca tocou no Recife em maio. Foto: I Hate Flash/ Divulgação
Grupo carioca tocou no Recife em maio. Foto: I Hate Flash/ Divulgação

O bloco carioca que faz versões carnavalescas para músicas dos Beatles criou um show especial junino, com músicas do quarteto britânico tocadas como xote e baião. Eles apresentaram o novo projeto no Recife em maio, na festa Arrayeah, promovida no Baile Perfumado.


ESTILIZADOS
No universo do forró "estilizado", é comum que sucessos internacionais ganhem versões em português. A banda sergipana Calcinha Preta, por exemplo, já fez esse tipo de tradução pelo menos 25 vezes, com direito a releituras de músicas de U2, Scorpions, Bruno Mars, Celine Dion, Fergie, Michael Jackson, Rihanna e Cindy Lauper. O grupo Noda de Caju tranformou My immortal, da Evannescence, em Meu mundo sem você. Come as you are, do Nirvana, virou Liga o som, do Forró Estorado. Wish you were here, do Pink Floyd, deu origem a Ciclone, da Banda Quero Mais. A internet é cheia de listas que revelam essas transações.

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