Lançamento Músicas de quatro pernambucanos estão no novo disco de Gal Costa, Estratosférica Cantora baiana celebra 50 anos de carreira em 2015 e lança álbum pop com músicas de novos artistas, como Mallu Magalhães e Criolo

Por: Luiza Maia - Diario de Pernambuco

Publicado em: 18/06/2015 10:00 Atualizado em: 18/06/2015 10:14

"Eu me sinto realizada porque olho pra trás e vejo uma carreira rica", comemora Gal. Foto: Bob Wolfenson/Divulgação
"Eu me sinto realizada porque olho pra trás e vejo uma carreira rica", comemora Gal. Foto: Bob Wolfenson/Divulgação
O recifense Pupillo, da Nação Zumbi, compositor, produtor e instrumentista de uma penca de projetos nos últimos meses, já estava satisfeito e muito por assinar a bateria do novo disco de Gal Costa. No fim da primeira semana de gravações, em São Paulo, ele recebeu uma proposta inesperada. “Para minha surpresa, na sexta, ela me deu este susto: do nada, pediu uma música. Para cima, leve, festiva. O resto ficou a cargo da gente”, conta.

Na mesma noite, Pupillo - desabituado a compor sob encomenda - recrutou a esposa, Céu, e o conterrâneo Junio Barreto. Concluíram em um novo encontro, no dia seguinte. No domingo, a composição chegou aos e-mails de Gal e Marcus Preto, o diretor acústico do disco e dos shows Espelho d’água e Ela disse-me assim, tributo a Lupicínio Rodrigues, no qual ele toca.

“Mandei por e-mail. Primeiro, com medo, porque aí ela ia ouvir e, se não gostasse... ‘Tomara que nem veja, nem comente nada’. No domingo mesmo, respondeu. Preto também disse que ela tinha curtido”, diz Pupillo. O nome era Alfazema de aiô. Pouco antes de finalizada a ficha técnica, Céu sugeriu mudar. E, durante ensaio de Ela disse-me assim, mais uma boa notícia: a promoção à canção-título.

Além de Estratosférica, Junio foi agraciado na seleção com Jabitacá, parceria com os pernambucanos Bactéria e Lira. Ele completa o quarteto presenteado com a voz de Gal, uma das mais importantes intérpretes da música brasileira. Para comemorar a data, ela estampa um sorriso sereno e cabelos esvoaçantes na capa do álbum, lançado após o ousado e moderno Recanto, com composições de Caetano Veloso e produção dele com o filho, Moreno.

A canção de abertura é a que arrancou lágrimas da cantora. Ela se afasta da zona de conforto com o rock Sem medo nem esperança, de Antonio Cícero e Arthur Nogueira. “A poesia fala tudo que eu queria falar. É muito apropriada ao meu momento”.

Artistas mais novos, como Mallu Magalhães, Criolo, Marcelo e Thiago Camelo, além do sempre jovem Tom Zé e o trio Arnaldo Antunes, Marisa Monte e Cezar Mendes, nunca gravado por ela, compuseram para o disco, que passeia por rock, bossa nova, psicodelia e música dançante em atmosfera pop e jovial.

Nos festejos de 50 anos de carreira e 70 de idade, Gal faz questão de olhar para frente. “Para trás, nunca. O disco tem relação com tudo o que eu fiz, todas as Gal, mas quero o novo”. Ela se diz “ligadona” em redes sociais e acompanha as novidades musicais pela internet, através do YouTube e Spotify. Pernambuco ainda não tem data na agenda de Estratosférica (Sony, R$ 25) e o show dela agendado para outubro, na Caixa Cultural, foi cancelado. Ela disse-me assim passará pelo estado, ainda sem data confirmada.

Eles e Gal

 (Foto: Caroline Bittencourt/Divulgação)
Lira
Jabitacá - sobre a mais bela flor, encontrada na cidade situada entre Sertânia e Arcoverde - foi selecionada entre três músicas enviadas por Lira via Marcus Preto. A canção está no disco O labirinto e o desmantelo, dele. Ele conheceu Gal nos bastidores de um show em homenagem a Waly Salomão, promovido pelo filho dele, em 2014.

 (Foto: José de Holanda/Divulgação)
Junio Barreto
Triplamente escolhido, Junio não conhece a cantora pessoalmente. Conversou por telefone, sobre Santana, parceria com João Carlos incluída em Hoje (2005) e já gravada por Lenine e Maria Rita. “Ainda terei esse prazer. É uma honra imensa ser cantado por ela”, acredita o coautor das letras de Estratosférica e Jabitacá.

 (Foto: Acervo pessoal)
Bactéria
O tecladista chegou à casa de Lira, em São Paulo, quando Jabitacá já estava sendo concluída, em meio a doses de suco de acerola, por incrível que possa parecer. Ao violão, contribuiu para a segunda parte. “Cresci com meu pai, que era músico, ouvindo Gal, e hoje ela canta uma música feita por mim”, festeja.

 (Foto: Facebook/Reprodução)
Pupillo
Integrante da banda montada para o disco, conheceu Gal já no estúdio. Ele elogia o clima de abertura e comemora a inclusão de novos artistas, como ele. “Ela sempre teve esta arma na mão, de lançar novos artistas. É interessante uma artista do nível dela não se acomodar. Vou carregar a experiência para sempre”, diz.

Ouça a canção Quando você olha pra ela, composta por Mallu Magalhães:



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