Arte Mostra com obras pouco conhecidas de Brecheret chega ao Recife Exposição traz 107 desenhos e 30 esculturas, com curadoria de Daisy Peccinini, historiadora, crítica de arte e professora da USP.

Publicado em: 16/06/2015 09:40 Atualizado em:


As diversas fases de Brecheret estão representadas, com obras que englobam cinco décadas, na qual a busca pela síntese se alia a uma visão reabilitada do sexo feminino. Crédito: Instituto Ricardo Brennand/Divulgação
As diversas fases de Brecheret estão representadas, com obras que englobam cinco décadas, na qual a busca pela síntese se alia a uma visão reabilitada do sexo feminino. Crédito: Instituto Ricardo Brennand/Divulgação

O Monumento às bandeiras, uma das esculturas mais emblemáticas de São Paulo, consolidou Victor Brecheret (1894-1955) como um dos artistas mais importantes do século 20 no Brasil e nome de ponta do Modernismo no país. No entanto, a fama da obra também esconde, aos olhos mais leigos, a curiosidade do ítalo-brasileiro em experimentar as possibilidades de sua criação. É sob uma faceta ainda pouco vista de seu trabalho - as esculturas de corpos femininos e respectivos esboços em desenho - que a obra dele chega ao Recife, com a mostra Brecheret - mulheres de corpo e alma, com abertura nesta terça-feira (16), no Instituto Ricardo Brennand.

A exposição traz 107 desenhos e 30 esculturas, com curadoria de Daisy Peccinini, historiadora, crítica de arte e professora da USP. Entre as obras escolhidas estão duas que participaram da Semana de Arte Moderna de 1922: O ídolo (1918) e Soror dolorosa (1920), além da última obra feita por ele, Cabeça de Marisa, feita em gesso.

A mostra é dividida em oito segmentos, no caso dos desenhos, e em cinco, das esculturas. Entre eles, estão nus frontais, dorsais, de perfil e de mulheres indígenas, que apresentam um outro desenho corporal. “É uma arte refinada, tranquila, harmônica. Não aborda grandes paixões e dramas”, afirma a estudiosa, que se debruça sobre a obra de Brecheret desde o fim dos anos 1960.

As diversas fases de Brecheret estão representadas, com obras que englobam cinco décadas, na qual a busca pela síntese se alia a uma visão reabilitada do sexo feminino. “Ele achava que a mulher em sua plenitude era a mulher nua, não em um sentido estritamente erótico, mas em um sentido primordial. Ele tinha uma verdadeira devoção pela figura feminina e falava que a mulher precisa ter um ventre definido, e essa parte do corpo deveria ser adorada, pois é ela que gesta a vida”, avalia a curadora.

Segundo Daisy, a exposição também tem a função de tirar Brecheret apenas do posto de artista moderno, admirado por nomes como Picasso, e mostrar sua importância para a atualidade. “A mostra tem a preocupação de oferecer ao público o prazer da percepção, de abrir a sensibilidade ao diálogo com a escultura, porque ela dialoga diretamente com o nosso corpo. É preciso olhá-la e voltar a olhar, pois ela ocupa o espaço. É como um alimento que você degusta com tranquilidade num mundo em que a rapidez torna tudo muito banal”.

BIOGRAFIA
Victor Brecheret nasceu em Farnese, na Itália, e veio morar em São Paulo aos dez anos de idade. Estudou no Liceu de Artes e Ofícios e completou estudos de escultura em Roma. Volta a São Paulo em 1919 e torna-se conhecido dos artistas que fariam parte do Movimento Modernista. Em 1921, vai morar em Paris e não fica na cidade para a Semana de Arte Moderna, em 1922. Mantém carreira tanto em Paris quanto no Brasil e participa de edições da Bienal de São Paulo e da Bienal de Veneza. Morre em São Paulo, em 1955.

CURADORIA
Daisy Peccinini fez mestrado, ainda nos anos 1960, sobre a obra de Victor Brecheret e escreveu dois livros sobre ele: Brecheret - A linguagem das formas e Brecheret e a Escola de Paris.


Serviço

Exposição Brecheret - Mulheres de Corpo e Alma
Abertura: terça-feira (16), às 19h30
Onde: Instituto Ricardo Brennand (Alameda Antônio Brennand, s/n, Várzea)
Visitação: terça a domingo, das 13h às 17h, até 19 de julho
Ingressos: R$ 20 e R$ 10 (meia)
Informações: 2121-0352



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