Luto Amigos e familiares dão o último adeus a Ivinho, guitarrista do Ave Sangria

Publicado em: 15/06/2015 10:17 Atualizado em:


Ivinho foi destaque em show de reunião do Ave Sangria, em setembro de 2014. Crédito: Alcione Ferreira/DP/D.A Press
Ivinho foi destaque em show de reunião do Ave Sangria, em setembro de 2014. Crédito: Alcione Ferreira/DP/D.A Press

Familiares, amigos e músicos que conviveram com o guitarrista da banda Ave Sangria, Ivson Wanderlei Pessoa, carinhosamente chamado de Ivinho, prestaram o último adeus ao músico neste domingo (14). O artista faleceu na noite da sexta-feira passada (12), aos 62 anos, de falência múltipla dos órgãos. Ele estava internado desde o dia 4 deste mês, no Hospital Otávio de Freitas, em Tejipió, devido a uma hemorragia digestiva, em deccorência de uma cirrose, que foi diagnosticada no início do ano. O enterro ocorreu, às 11h30, no Cemitério de Casa Amarela.

Durante o velório, os amigos e familiares fizeram uma emocionante homenagem a Ivinho ao cantar músicas de sucesso da banda, uma das mais significativas em Pernambuco durante os anos 1970, ícone do rock psicodélico e influência para gerações de músicos do estado.

Almir de Oliveira cantou a primeira música do LP do Ave Sangria, de autoria própria, batizada de Dois navegantes, e Tivo Lívio optou pela música Sentimento forte, composta por Ivinho. As homenagens ao guitarrista prosseguem no próximo sábado, quando os integrantes do Ave Sangria farão um show na Virada Paulista, no Sesc Pinheiro, em São Paulo, na madrugada do dia 20 para o 21 deste mês. “Éramos amigos desde a infância. Lembro como ele ficou feliz ao receber da mãe a primeira guitarra. O instrumento era a característica da banda e seu timbre era exclusivo. O show que faremos em São Paulo será dedicado a ele. Ivinho deixa saudade e um trabalho incrível na música”, disse Almir.

Ele faz questão de ressaltar que, em relação ao futuro da banda, tudo continuará do mesmo jeito. “Após quarenta anos, sobrevoamos o deserto para retornamos ao palco. Voltamos a nos apresentar no dia dois de setembro do ano passado”, ele lembrou. O show ocorreu no Teatro de Santa Isabel, palco da despedida da formação original do grupo, quatro décadas antes, ápice de um desgaste provocado pela perseguição aos artistas pelo regime militar. A desenvoltura do guitarrista foi o ponto alto da apresentação de 2014, testemunhada por uma casa lotada e com fãs do lado de fora.



O músico Sinay Pessoa que chegou a fazer um disco com Ivinho, batizado de Caçador de frutas, lançado pela Continental e produzido pela CDA, conta que o guitarrista era considerado o maestro da banda, e Marco Polo (o vocalista), o poeta. “Além de solista, Ivinho era compositor, fazia muitos arranjos com sua guitarra. Era o DNA da banda” observou. Apesar da importância para o grupo e da projeção obtida pelo talento com a guitarra - ele foi o primeiro brasileiro a se apresentar no Festival de Montreux, na Suíça, em 1978, templo do jazz -, Ivinho amargava uma vida de dificuldades sob o teto de um cortiço alugado no bairro da Boa Vista. Ganhava um salário mínimo e tropeçava com frequência no vício em bebida. No fim de abril, ele foi internado com hemorragia gástrica no Hospital Agamenon Magalhães. Não participou do show do Ave Sangria na primeira noite do Abril Pro Rock, substituído por Paulo Rafael.

Considerado um dos melhores instrumentistas do estado, Ivinho entrou na Ave Sangria junto com Almir Oliveira. Apaixonado pela guitarra, foi o compositor de um dos temas instrumentais do LP do Ave Sangria, Sob o Sol de Satã. Nela, tocou quase todos os instrumentos, com exceção da bateria, gravada por Israel Semente Proibida. O músico chegou a fazer parte da banda de Alceu Valença.

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