Musical "Toca Raul!": musical em homanagem ao roqueiro chega a Pernambuco neste sábado O tributo a Raul Seixas, protagonizado pelo ator e músico Renato Ignácio, inclui sucessos como Guita, Ouro de tolo e Tente outra vez

Por: Larissa Lins - Diario de Pernambuco

Publicado em: 30/05/2015 10:01 Atualizado em: 29/05/2015 17:57


Na cidade de Salvador da década de 1960, o rock and roll não era sempre bem-vindo. Dona Maria Eugênia chamava de maluquice o “barulho” que o filho fazia no quarto, com os instrumentos musicais. Estava mais preocupada com o boletim do garoto, que reprovara anos na escola por faltar às aulas para ouvir música nos bares locais. Quando o baião do pernambucano Luiz Gonzaga ressoava pela casa, Dona Eugênia tentava entender por que o filho comparava aquele ritmo ao som “estranho” do tal Elvis Presley.

Para Raulzito, que naquela mesma década se juntaria aos Panteras, baião e rock eram irmãos. Até então, mãe e filho não desconfiavam, mas o baiano cabeludo se tornaria um ícone do rock nacional. Construiria legado robusto o bastante para se manter vivo décadas após a morte, em discos relançados e em espetáculos como o musical Viva Raul - O tributo, que chega ao Teatro Guararapes, em Olinda, hoje, reunindo obras primas como Guita, Ouro de tolo e Tente outra vez.

Renato Ignácio conserva barba e cabelo desgrenhados há anos. Foto: Andrea Simoes/Divulgação
Renato Ignácio conserva barba e cabelo desgrenhados há anos. Foto: Andrea Simoes/Divulgação


Em cerca de duas horas no palco, o músico e ator Renato Ignácio interpreta Raul Seixas - que completaria 70 anos no próximo dia 28 de junho, se naquele agosto de 1989 a morte, sobre a qual cantava, não o tivesse alcançado. Fases como a do disco de estreia Raulzito e os Panteras (1968) e da última turnê em vida, com Marcelo Nova, não são exploradas no repertório. “Preferimos nos focar na fase solo, mais conhecida”, explica o cover. Embora faixas menos populares, como Tu és o MDC da minha vida e Let me sing, let me sing, estejam na lista para presentear os fãs.

“Com seis figurinos e 27 músicas, tento devolver o Maluco Beleza aos fãs, com cenários e efeitos visuais que reconstroem os shows”, explica Renato. Para o papel, comprimento da barba e corte do cabelo são mantidos há anos iguais aos do ídolo, além do sotaque cuidadosamente estudado. Os arranjos instrumentais são forjados dos originais, sob direção artística de Carlos Branco Gualberto (criador do musical All you need is love, em homenagem aos Beatles). O show desta noite é o segundo da turnê, que estreou em São Paulo, em fevereiro de 2015.



SERVIÇO
Viva Raul – O Tributo
Quando: Dia 30 de maio (sábado), às 21h
Onde: Teatro Guararapes, no Centro de Convenções de Pernambuco (Av. Prof. Andrade Bezerra, S/N - Salgadinho, Olinda)
Quanto: R$ 50 (balcão meia), R$ 100 (balcão inteira), R$ 70 (plateia meia) e R$ 140 (plateia inteira)
Informações: 3182-8020

>> TOCA RAUL “Toca Raul!” serão palavras-chave no musical Viva Raul - O tributo, há muito comuns nas plateias brasileiras. As mesmas que fizeram o roqueiro Bruce Springsteen entoar a mística Sociedade alternativa no Rock in Rio de 2013, e que dão nome ao projeto de discotecagem da filha de Raul, Vivi Seixas. Seguida por músicos estrangeiros e nacionais, a ordem é repetida em bares e shows por todo o país. “Toca Raul!”, ouve-se quase sempre. E nomes como Zé Ramalho, Barão Vermelho, Titãs e Zezé di Camargo e Luciano estão entre os músicos que já regravaram sucessos do roqueiro.

Renato Ignácio estudou o sotaque baiano de Raul para agregar realismo à performance. Foto: Andrea Simoes/Divulgação
Renato Ignácio estudou o sotaque baiano de Raul para agregar realismo à performance. Foto: Andrea Simoes/Divulgação


>> ENTREVISTA: Renato Ignácio

Como se envolveu com a obra de Raul Seixas?
Quando ganhei meu primeiro violão, aos dez anos, comecei a tocar músicas do Raul, aquelas mais populares nas rádios. Comecei a compor músicas autorais aos 15 anos e, quando as mostrava a amigos, me perguntavam se eram do Raul. Mas eram minhas. As letras e os arranjos eram naturalmente parecidos com os dele. Então comecei a pesquisar sua obra mais a fundo. Há seis anos, me apaixonei pelas músicas definitivamente. Passei a assistir a diversos vídeos para reproduzir as performances.

Qual o roteiro do musical?

Apresentamos os maiores hits da carreira do Raulzito. Há algumas faixas mais “lado B”, como Tu és o MDC da minha vida. E as clássicas, como Metamorfose ambulante e Cowboy fora da lei. Nos concentramos na fase solo, mais icônica, em carreira solo. A plateia delira com hits como Tente outra vez e Carimbador Maluco (Plunct, plact, zum).

Raul foi uma figura controversa. Aclamado pela obra, mas criticado pelos vícios na vida pessoal. Como você o interpreta?
Particularmente, acho que todo ser humano tem seu livre arbítrio. Ele foi um ser humano como qualquer outro. Tentou acertar em algumas coisas e errou em outras. Deixou uma mensagem maravilhosa. Pode ajudar muita gente, incentivar muita gente. Vejamos a música Tente outra vez, por exemplo. Quantas pessoas não foram encorajadas por essa letra? Ele mesmo tentou várias vezes de novo. É um ser humano que fez o melhor possível. Viveu intensamente e deixou sua obra eternizada.

Hits e músicas menos populares se alternam no repertório. Foto: Anderson Xexa/Divulgação
Hits e músicas menos populares se alternam no repertório. Foto: Anderson Xexa/Divulgação



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