Cinema Orson Welles 100 anos: cinco filmes para entender o cineasta Entre os destaques, "Cidadão Kane", responsável pela estreia meteórica do diretor no cinema

Por: Afonso Bezerra - Lugar Certo

Publicado em: 06/05/2015 16:17 Atualizado em: 06/05/2015 18:41

Multifacetado, Orson Welles somou intensas experiências no teatro, no rádio e, sobretudo, no cinema. A união das linguagens desses três elementos formatou o estilo do diretor americano. Entre glórias e fracassos, como a meteórica estreia com o Cidadão Kane e as obras incompletas que lhe renderam a fama de díficil relacionamento, Welles emplacou no cinema mundial importantes inovações na questão da narrativa e dos enquadramentos. Para compreender o percurso do cineasta centenário, o Viver separou  cinco obras que ajudam a entender a identidade de Orson Welles na tela grande.


Cidadão Kane (1941)

Oriundo do teatro e do rádio, a estreia de Orson Welles no cinema foi com o Cidadão Kane, obra gestada com todos os requintes de um clássico. Sempre citado nas listas dos melhores filmes de todos os tempos, Kane narra a história de ascensão de um magnata da comunicação. O estilo e os recursos usados na produção são surpreendentes para o início da década de 1940. O diretor ousou com novas técnicas de narrativa e nos enquadramentos. Nesse filme, o próprio Orson incorpora o protagonista da história.


O processo
(1962) 


Em O Processo, Orson Welles encontrou elementos instigantes para a sua intensa criatividade. A história de Joseph K, personagem da obra do checo Franz Kafcka  que é preso logo ao amanhecer. Sem saber os motivos, mobilizou o diretor que já acumulava a intenção de registrar os  clássicos da literatura, como Dom Quixote. Sem atuar na frente das câmeras, Orson se dedicou à finalização do filme, que ele mesmo considerava sua obra-prima.


Othelo (1952)

A relação de Orson Welles com a obra de Shakeaspeare é anterior às produções cinematográficas. Em Otello, Welles consolida essa ligação com o autor inglês. Um clássico do século XVII, a história de Otelo, o mouro de Veneza narra momentos de traição, inveja e rivalidade. Para o diretor norte-americano, a produção do filme marcou sua aproximação com os estúdios europeus e a rejeição do público  nos Estados Unidos.


It's all true ( 1942)

Apesar de não te sido concluído e editado pelo próprio Orson Welles, o filme It's all true é um marco na carreira do diretor. As imagens remanescentes do período em que ele filma a cultura brasileira demonstram a intensidade do viés político de suas produções. O material ganhou sentido após a edição realizada pelos diretores Bill Krohn, Richard Wilson e Myron Meisel em 1993. Aqui no Brasil, Welles registrou o carnaval, a origem do samba e a reivindicação dos jangadeiros cearenses que, em 1941, viajaram de Fortaleza até o Rio de Janeiro para reivindicar direitos trabalhistas.



Soberba
(1942)

Antes de vir ao Brasil, Orson Welles estava envolvido em polêmicas com o magnata do jornalismo William Randolph Hearst, que se sentiu atingido com o filme Cidadão Kane. Depois do seu primeiro sucesso cinematográfico, Welles tentou empreender com total incentivo da produtora RKO em um novo filme. Mas o resultado não foi positivo, era Soberba, que acabou sendo alterado enquanto Welles cumpria a missão do filme It's All true. O resultado da edição acabou iniciando um ciclo de crises envolvendo o diretor e as produtoras. A obra conta a história de uma família do século 19, inspirada em um romance do americano Booth Tarkington.



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