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O fascínio de Hollywood por criminosos da vida real em longas como Jogada de Mestre

Trama recria o sequestro do magnata holandês Freddy Heineken e do seu motorista, em 1983, em Amsterdã

Publicado: 18/05/2015 às 09:20

Anthony Hopkins em cena de "Jogada de mestre". Crédito: Divulgação/

Anthony Hopkins em cena de "Jogada de mestre". Crédito: Divulgação/


Anthony Hopkins em cena de "Jogada de mestre". Crédito: Divulgação
Qual o seu vilão favorito no cinema? Em estudo realizado pela Universidade Estadual da Califórnia, nos Estados Unidos, essa pergunta foi feita a 1166 pessoas para mapear as preferências do público espectador. Entre os mais citados está Hannibal Lecter, serial killer com “maior apelo intelectual”, representação de uma mente insana e brilhante.

[SAIBAMAIS] O canibal eternizado por Anthony Hopkins em O silêncio dos inocentes é descrito como “o monstro com menos inibições morais” e é benquisto entre os mais jovens. Ele também é considerado o vilão número um pelo American Film Institute. No livro A psicologia vai ao cinema (Cultrix, 2014), o psicólogo Skip Dine Young atribui essa preferência ao aumento de um “efeito de exposição”, pois os assassinos homicidas têm sido mais frequentes nos últimos anos, enquanto filmes antigos apostam mais em criaturas não humanas.

“Os fãs tendem a se concentrar mais na sua admiração por qualidades negativas e patológicas (‘pura maldade’ e ‘graves problemas psicológicos’) e proficiência no assassinato. Preferir vilões em função do seu nível de rigor assassino pode ter implicações morais perturbadoras, mas também poderia refletir uma sincera capacidade de apreciar qualidades que repousam na essência de ser um vilão competente”, analisa o autor.

O raciocínio faz ainda mais sentido se considerarmos o fato de Hannibal Lecter ter sido inspirado em um assassino real, o médico mexicano Alfredo Ballí Treviño. O mesmo vale para criminosos protagonistas de filmes como Horror em Amytiville, Psicose, O massacre da serra elétrica, Mente assassina, Zodíaco, Helter skelter, Jack, o estripador, O bandido da luz vermelha.

Mas não são apenas os homicidas da vida real que inspiram os roteiristas de Hollywood. O mundo do crime como um todo costuma ser retratado pelas lentes dos cineastas, desde estelionatários, estupradores, plagiadores, até assaltantes de banco. Um dos casos mais recentes é Jogada de mestre, também estrelado por Hopkins, cuja trama recria o sequestro do magnata holandês Freddy Heineken e do seu motorista, em 1983, em Amsterdã, na Holanda. Eles ficaram três semanas trancados em um armazém e foram soltos após o pagamento de cerca de 16 milhões de euros aos captores. O valor é considerado o mais alto já pago pela liberação de um sequestrado.



A ideia do crime surge quando um grupo de amigos é afetado por uma grave crise econômica na Europa. Acostumados a pequenos delitos, eles realizam um assalto para levantar o dinheiro necessário para organizar o cativeiro e todos os detalhes do golpe. Consumado o sequestro, começam a surgir os problemas. Desde a estreia, o filme tem sido elogiado por entusiastas das tramas envolvendo crimes engenhosos e criticado por parte de cinéfilos mais exigentes (entre as falhas apontadas, estão erros de continuidade e desenvolvimento dos personagens). A produção realmente não é das mais brilhantes de Daniel Alfredson (diretor de dois títulos da versão sueca da trilogia Millenium), mas funciona bem como entretenimento para quem busca um filme de ação sem muito compromisso.

 

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