Música Ex-baterista do Black Sabath promete fazer "solo monstruoso" em show no Recife neste domingo Vinny Appice já tocou com nomes com John Lennon e Ronnie James Dio

Por: Emanuel Leite Jr - Diario de Pernambuco

Publicado em: 30/05/2015 18:15 Atualizado em: 31/05/2015 15:42

Crédito: Divulgação
Crédito: Divulgação

Ele gravou com John Lennon, fez parte do Black Sabbath, da banda de Ronnie James Dio e fez turnê com Ozzy Osbourne. Lenda viva do heavy metal e hard rock mundial, o baterista Vinny Appice faz workshow neste domingo (31) no Estelita (Cabanga). Em apresentação única no Nordeste, o músico vai tocar clássicos da carreira e conversar com fãs, tirando as dúvidas sobre técnicas de bateria e contando detalhes de bastidores das gravações de clássicos do rock. Além disso, Appice vai dar uma canja com músicos pernambucanos - dentre eles, o guitarrista Antônio Araújo (da banda paulista de thrash metal Korzus). O evento está marcado para começar às 18h.

“No meu workshow, vou tocar músicas do Black Sabbath, contar um pouco de histórias dos bastidores da minha carreira e também vou mostrar e ensinar algumas técnicas bem legais que uso ao longo de toda a minha carreira. Além disso, vou fazer um solo de bateria monstruoso”, contou Vinny Appice, em entrevista exclusiva ao Viver. Ansioso por se apresentar no Brasil, Vinny ainda prometeu atender ao máximo de fãs possível e tirar foto com todos os que participarem do meet & greet.

Na conversa com a reportagem, Vinny contou um pouco da trajetória. Como conheceu John Lennon e teve a oportunidade de gravar com o ex-Beatle. Falou, também, da experiência única de fazer parte do Black Sabbath e da convivência, em especial, com o ex-companheiro do grupo, o vocalista Dio, falecido em 2010.

Entrevista >> Vinny Appice

Antes de tudo, gostaria que você falasse como você entrou no mundo da música.
Comecei na música através do meu irmão Carmine [baterista que já tocou com Rod Stewart, Ted Nugent, Ozzy Osbourne, dentre outros], que é 11 anos mais velho do que eu. Ele sempre teve bateria em casa e tocava e ensaiava com suas bandas lá. Quando eu era pequeno, sempre o assisti tocar e foi assim que me interessei em tocar também.

Você gravou o álbum Walls and bridges, de John Lennon. Como você conheceu o ex-Beatle?
Conheci John Lennon no estúdio Record Plants, em Nova York, entre 1974-75. Minha banda era empresariada pelo dono do estúdio, e nosso grande amigo e produtor Jimmy Lovine também produzia Lennon. Certa noite, Jimmy nos chamou enquanto ensaiávamos na sala do primeiro andar e ele falou que precisava de algumas palmas em uma música que estava gravando. Então, descemos para bater palmas e lá estava John Lennon, sentado. Nós enlouquecemos. As palmas foram para a faixa Whatever gets you through the night. Depois, John subiu na nossa sala e nos viu ensaiando. Mais tarde, me convidou para fazer um show com ele, que seria a última apresentação de sempre. Ainda gravamos três vídeos do show e gravamos várias coisas que nunca foram lançadas.

E Ronnie James Dio, como foi que o conheceu?
Eu conheci o Ronnie James Dio quando fui chamado para tocar com o Black Sabbath. Foi no estúdio SIR, na Sunset Boulevard, em Hollywood. Foi, também, a primeira vez que me encontrei com Tony Iommi e Geezer Butler. Todos nos demos muito bem e tivemos um grande dia. E eles disseram que eu estava dentro.

Como você se sentiu ao ser chamado para entrar no Black Sabbath?
Depois que toquei com a banda, eles me pediram para continuar a turnê, que era a do álbum Heaven and hell. Eu seria o baterista até que Bill Ward retornasse. O tempo foi passando e Bill nunca voltou - e já era hora de gravar um novo álbum, que seria o Mob rules. Então, naquele momento, eu estava definitivamente na banda. E foi uma grande honra ser convidado a integrar uma banda tão lendária e de músicos tão fantásticos.

Quando Dio deixou o Black Sabbath para formar sua própria banda, ele te chamou para ser o baterista. Como foi que rolou esse convite?
Lembro-me que, certa noite, estávamos no Rainbow Bar and Grill, em Hollywood, e Ronnie me contou que ele estava planejando deixar o Black Sabbath e começar uma banda própria. Então, ele me perguntou se eu gostaria de me juntar a ele. Aquilo, para mim, era algo sensacional e, logicamente, eu aceitei. Parecia algo excitante, seria espetacular tocar em uma banda nova, com um músico, cantor e compositor tão fantastico como o Ronnie. Seria, sem dúvida, muito divertido.

Você e Dio sempre se deram muito bem. O que você acha que ele viu em você, tanto como músico quanto como pessoa?
É verdade. Ronnie e eu nos demos bem logo de cara. Nós tínhamos muito em comum, ambos éramos italianos [descendentes] e de Nova Iorque. Ele sempre teve bom ouvido e escutou algo em mim que curtiu, além disso, eu sempre fui uma pessoa fácil com quem trabalhar.

Em 1991, você e Dio voltaram ao Black Sabbath e gravaram o Dehumanizer. Porém, pouco depois, saíram da banda novamente. O que aconteceu?
Gravamos o Dehumanizer e fizemos uma turnê pelo mundo. No último show, a banda receber a oferta de abrir para o Ozzy Osbourne na Califórnia, no que seria a apresentação de aposentadoria dele. Ronnie não quis abrir para o Ozzy e se recusou a fazer o show. A banda, por outro lado, também se recusou a cancelar a apresentação. Então, foi assim que a banda se separou novamente.



Você também fez uma turnê com o Ozzy. Como foi?
Ozzy cantando é fantástico. Foi uma honra tocar com a banda solo original dele. Ozzy é um cantor completamente diferente do Dio. Eu havia estado com ele várias vezes antes e nos demos muito bem. Nós nos divertimos muito na turnê. Ele era muito louco e engraçado. Foi tudo muito legal e a banda em si soava espetacular.

Em 2006, você gravou três músicas com Tony Iommi, Ronnie James Dio e Geezer Butler, o que se transformou no Heaven and Hell. Por que vocês não se reuniram como Black Sabbath?
Resolvemos chamar a banda de Heaven and Hell porque estávamos fazendo algo focado no material que tinha o Ronnie cantando. Não fizemos nada das músicas antigas com o Ozzy. Então, para que ficasse claro para os fãs, pensamos que seria melhor denominar como Heaven and Hell. Assim, os fãs não ficariam na expectativa de ouvir as músicas antigas do Ozzy, já que não iríamos tocá-las. Então, basicamente, nós estabelecemos uma diferença entre as duas bandas.

O Heaven and Hell gravou o álbum The Devil You Know. Você ficou satisfeito com o resultado?
The Devil You Know é um bom álbum. Não fiquei muito contente com a bateria ou a forma como a bateria soou ao fim. Acho que ficou meio escondido após a mixagem. As músicas foram escritas de uma forma diferente do que fazíamos antes. Costumávamos ir a uma sala de ensaio, fazer jams em alto e bom som, e compor músicas. The Devil You Know foi composto com uma bateria eletrônica e só depois eu toquei nas gravações. Então, como posso dizer, não houve aquela mesma chama como nos álbuns anteriores do Black Sabbath, na minha opinião.

Em novembro de 2009, Dio foi diagnosticado com câncer de estômago. Infelizmente, ele veio a falecer por conta da doença em 16 de maio de 2010. Faz cinco anos que ficamos sem um dos mais carismáticos e talentosos vocalistas do heavy metal. Qual é a dimensão da falta que ele faz?
A morte do Dio foi um choque para todos, pois perdemos um grande músico, pessoa e amigo. Ronnie amava sua música e seus fãs. Foi uma pena que o tenhamos perdido  tão cedo. Recentemente, relembramos os cinco anos de seu falecimento com um “fim de semana do Dio” em Los Angeles, incluindo apresentações com vários amigos dele e companheiros de banda. Serviu, também, para arrecadar dinheiro o instituto de câncer que ele havia criado, "Stand Up And Shout". Ele faz muita falta para todos nós e jamais vai ser esquecido.

Vinny, em quais projetos você está envolvido atualmente? Segue com o Hollywood Monsters, WMAI, alguma outra banda ou projeto solo?
Neste momento, estou envolvido com a banda The Last in Line, que é a formação original da banda de Dio, com Vivian Campbell na guitarra, Jimmy Bain no baixo e Claude Schnell nos teclados. Acabamos de gravar um álbum para a Frontiers Records e o lançamento está previsto para janeiro de 2016. Nosso primeiro show vai ser no cruzeiro do Def Leppard Rock, também em janeiro. Também estou envolvido em um show com meu irmão Carmine, chamado “uma noite com Carmine e Vinny”. Estamos com uma banda muito boa e tocamos juntos todas as músicas de nossa história no rock. Ao longo da apresentação, fazemos alguns duetos de bateria e também uma espécie de batalha de bateria, que compusemos. É um grande show! Inicialmente chamamos de Drum Wars (Drumwars.com), mas agora chamamos de show de rock. Também estou trabalhando em outro álbum do WAMI com um jovem guitarrista da Polônia, Iggy. Ele é muito bom! Estamos juntando algumas músicas, já pensando em um lançamento futuro. Além disso, tenho feito várias sessões de gravações, para diferentes artistas. Eu gosto disso. Gosto dos diferentes estilos musicais e das diferentes técnicas que eu uso na bateria, em meu próprio home studio.

Por fim, o que seus fãs podem esperar de seu workshow no Recife? Que músicas você vai tocar e o que você vai mostrar de suas técnicas?
No meu workshow, vou tocar músicas do Black Sabbath, contar um pouco de histórias dos bastidores da minha carreira e também vou mostrar e ensinar algumas técnicas bem legais que eu uso ao longo de toda a minha carreira. Além disso, também vou fazer um solo de bateria monstruoso. Vou responder todas as questões dos fãs e, claro, conhecer e trocar umas ideias com os fãs do meet & greet, com quem vou tirar fotos, dar autógrafos. Em alguns eventos tem uma banda tocando depois que termino. No Recife vai ter e eu vou me juntar a eles para tocarmos algumas músicas. Estou ansioso por me apresentar no Brasil, terra dos maiores fãs de rock.

Serviço
Vinny Appice no Recife
Quando: Domingo (31), às 18h
Onde: Estelita (Avenida Saturnino de Brito, 385, Cabanga, Recife)
Ingressos: R$ 70 (meia) / R$ 80 + 1kg de alimento (social) / R$ 160 (meet & greet - tire uma foto e conheça o artista)
Informações: 3127-4143.

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