Música Paulo Diniz e Ave Sangria emocionam na primeira noite de Abril Pro Rock Primeira noite do evento foi dedicada ao udigrudi pernambucano dos anos 1970

Por: Pedro Siqueira - Diario de Pernambuco

Publicado em: 19/04/2015 13:11 Atualizado em: 19/04/2015 16:28

Foto: Simony Rodrigues/Divulgação
Foto: Simony Rodrigues/Divulgação
Dando início à maratona de shows da 23ª edição, o Abril Pro Rock promoveu neste sábado (18), no Baile Perfumado (Prado), uma noite inteiramente dedicada ao movimento digrudi pernambucano. O encontro de gerações promovido nos palcos também se refletiu no público, que ia desde adolescentes que, apesar de não terem vivido os anos áureos da maioria das artistas, sabiam todas as letras decor, e pessoas de mais idade, em uma bonito clima de comunhão para o que realmente importa: a música.

A noite começou com show dos novatos Caapora. O esquema de dois palcos ajudou bastante e evitou demora entre um show e outro. Misturando psicodelia e música regional, a banda lutou para condensar as longas músicas em um repertório de 30 minutos. É até engraçado tentar definir o som da banda. É como se Jethro Tull encontrasse Luiz Gonzaga. A elogiada apresentação terminou com o público, ainda pequeno, dançando.

O melhor momento da noite, no entanto, veio em seguida, com o show do veterano Paulo Diniz. Debilitado, mas com o tradicional carisma, o músico emendou hits como Quero voltar pra Bahia, Um chopp pra distrair e Como?. Animada, a plateia respondeu com os primeiros coros da noite. Visivelmente emocionado, Paulo Diniz saudou o povo pernambucano, fazendo até piadas entre uma música e outra. Apesar de não fazer parte do udigrudi pernambucano, Diniz é tido como influência para vários artistas tanto da velha quanto da nova geração, como o caruaruense Almério, que se apresentou em seguida.

Almério, que começou como cantor na noite de Caruaru, conta que Paulo Diniz influenciou seu jeito de cantar: "As pessoas sempre me pediam para tocar músicas dele, fui conhecendo a obra e me apaixonando, é uma grande influência para mim". Performático, o músico apresentou as canções do primeiro disco solo, lançado em 2013. Não estranhe também se notar semelhanças entre ele e Ney Matogrosso da fase Secos & Molhados.

Em seguida, uma das apresentações mais esperadas da noite. Acompanhado de Juvenil Silva e Paulo Rafael (guitarras), Juliano Holanda (baixo) e Gilu (percussão), Flaviola apresentou as canções de seu único disco de estúdio, Flaviola e o Bando do Sol (1974). O show foi anunciado como o primeiro em solo recifense após 19 anos. A letra da primeira música, O tempo, ganhou então um significado especial: "Já faz tanto tempo. Tanto que eu podia até ter esquecido". Alternando momentos solo e músicas com a banda, Flaviola fez o show que mais marcou o encontro de gerações, com Juvenil e Juliano Holanda, ambos da nova geração, mostrando respeito e reverência ao ídolo. A curta apresentação foi sucedida pelo furacão Aninha Martins.

Aproveitando bem os 30 minutos de show, Aninha misturou musicas autorais com um belo cover de Lula Côrtes, que também foi lembrado por Flaviola. Agressiva no palco, a cantora impressionou o público. Em determinado momento, sua voz lembrava o grito gutural de um cantor de heavy metal. A noite então caminhava para o apoteótico fim com o Ave Sangria.
Foto: Simony Rodrigues/Divulgação
Foto: Simony Rodrigues/Divulgação

Poucas bandas atuais geram tanta comoção como o Ave Sangria. Em turnê desde 2014, quando se reuniu após 40 anos, a banda passou por festivais em Santa Catarina, São Paulo, sempre com casa cheia. Em sua maioria, jovens de 20 a 30 anos. O vocalista Marco Polo brinca até que o público lembra mais as letras do que ele. O grupo, no entanto, subiu ao palco desfalcado. Por problemas de saúde, o guitarrista Ivinho não compareceu, com o posto de guitarrista solo ficando com Paulo Rafael. A formação original da banda conta ainda com Almir Oliveira no violão. Na banda de apoio, Juliano Holanda (baixo), Du Jarro (bateria) e Gilu (percussão). E a Ave voou alto. Hits como O pirata, Hei man e Geórgia, a carniceira emocionaram o público, que cantava e pulava a cada música. A promessa de mais shows e até um disco novo mostram que a banda ainda tem muita lenha para queimar, e certamente superou as expectativas de quem compareceu. Incendiando o palco e saudados pelo público, encerraram assim a primeira noite de Abril Pro Rock, rompendo a barreira entre música nova e música velha. Afinal, música boa é atemporal.

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