Música "É impossível acertar com todos", diz o produtor musical Rick Bonadio Com mais de 300 álbuns no currículo, dos Mamonas Assassinas a Manu Gavassi, Rick fala sobre apostas, rancores e receita para o estrelato

Por: Rebeca Oliveira - Estado de Minas

Por: Viver/Diario - Diario de Pernambuco

Publicado em: 05/04/2015 15:10 Atualizado em: 05/04/2015 14:27

Rick Bonadio, produtor de mais de 300 álbuns de sucesso na música pop. Foto: rickbonadio.com.br/Reprodução
Rick Bonadio, produtor de mais de 300 álbuns de sucesso na música pop. Foto: rickbonadio.com.br/Reprodução


 A cidade é São Paulo e o ano, 1986. Em um estúdio caseiro com uma mesa simples de oito canais, Rick Bonadio grava o primeiro álbum. Inicialmente, iria se lançar como rapper. A ideia não deu frutos. Para sorte dele. Algum tempo depois, conhece cinco garotos de Guarulhos (Dinho, Bento Rinoto, Júlio Rasec, Samuel e Sérgio Reoli) e produz sua primeira banda de pop rock – Mamonas Assassinas, com três milhões de discos vendidos antes da morte trágica, em 1996. 

Rick Bonadio não é uma unanimidade. Para alguns, é um gênio. Para outros, um mercenário que enxerga a música como um produto à venda. Mas é impossível negar que seu currículo desperta inveja: são mais de 300 álbuns produzidos. Além dos Mamonas, nomes de peso, como NX Zero, Titãs, Charlie Brown Jr., CPM 22, Fresno e, mais recentemente, a estrela teen Manu Gravassi, devem parte do sucesso ao paulista com fama de marrento.
 
ENTREVISTA >> Rick Bonadio
 
Como você contorna as apostas que não dão certo? 
Faz parte da vida de qualquer pessoa. Quando trabalhamos com música, há um nível alto de riscos, uma exigência de sucesso. É natural que alguns artistas não emplaquem. É impossível acertar com todos. Não dá para ganhar sempre. Muita gente me critica, mas meu trabalho é igual ao de todo mundo. É como um jornalista, que às vezes faz matérias incríveis e outras que não têm repercussão nenhuma. Faz parte de qualquer profissão. Não é um tropeço que vai me tirar daqui. Perdi os Mamonas em um acidente e fiquei muito mal, bastante doente, porque eles eram meus amigos. O mesmo aconteceu com o Charlie Brown Jr. 

Chateia ouvir bandas que você produziu desdenhando do seu trabalho, como aconteceu com o Los Hermanos? 
Não me chateio porque sempre há um motivo envolvido. Não chega a ser uma autopromoção, mas alguma rusga ou algo que ficou mal resolvido e o cara coloca para fora no momento errado. O artista tem que se preocupar em vender música, não em ficar falando mal do cara que ajudou ele no começo da carreira. 

Há alguma fórmula para que uma banda atinja o estrelato? 
Não acho que exista uma fórmula. Todas as histórias dos artistas que produzi se deram de forma diferente. A única coisa que eles tinham em comum era uma estrela muito forte. Você sente, por algum motivo difícil de explicar. Pessoas que tudo que fazem dá certo e tem um retorno positivo do público. Temos muitos artistas tecnicamente talentosos, bons músicos, que tocam muito bem, mas a minha função é descobrir tem nota no “caderninho de Deus” para fazer sucesso no mundo da musica. É preciso mais que talento. É necessário brilho, carisma. 

Nos últimos anos houve uma drástica mudança na forma em que a música é vendida e compartilhada. Qual o papel de um produtor musical hoje? 
Existem duas etapas na carreira do artista. A primeira é a que ele pode ser independente e sobreviver na internet. Ele até consegue fazer alguns shows. Mas, quando quer dar um passo além, conquistar o Brasil e ter uma carreira solida por toda a vida, precisa de um produtor que se dedique e que tenha a capacidade de fazer sua música evoluir. Hoje, a gravadora não é mais essencial porque elas não estão mais investindo em artistas novos. As gravadoras rumam para serem grandes distribuidoras e não mais centros de departamento artístico. Confesso que o cenário atual é complicado para os artistas novos.



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