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De mocinho a vilão: O Coelhinho da Páscoa como você nunca viu...

Desde a década de 1970, os coelhos vêm ganhando versões inusitadas no universo pop, de vampiros a criminosos

Publicado: 04/04/2015 às 08:25

As versões aterrorizantes e pouco tradicionais dos coelhos se multiplicam pelas mãos de ilustradores. Fotos: Reprodução da internet/

As versões aterrorizantes e pouco tradicionais dos coelhos se multiplicam pelas mãos de ilustradores. Fotos: Reprodução da internet()


As versões aterrorizantes e pouco tradicionais dos coelhos se multiplicam pelas mãos de ilustradores. Fotos: Reprodução da internet

[SAIBAMAIS] Que mal um coelhinho branco felpudo, de olhos vermelhos e rabinho flocado, poderia fazer? Enquanto o mito do Coelho da Páscoa ensina que essa figura distribui somente o bem em forma de ovos de chocolate, o universo pop abriga versões inusitadas do personagem, nem sempre tão inofensivas assim. Na literatura da década de 1970, a brasileira Ruth Rocha, o norte-americano James Howe e o romancista inglês Richard George Adams já bifurcavam o destino do coelhinho entre o bem e o mal. Na mesma época, os longas A Noite dos coelhos (1972) e Uma grande aventura (1978) também polemizavam, abrindo caminho às versões mais sanguinolentas dos coelhos - que chegariam às telonas nos anos 2000, com Donnie Darko (2001) e Easter Bunny, Kill! Kill! (2006), este último ainda sem tradução oficial para o português.

A facilidade com que essa espécie de mamífero se reproduz, o que motiva sua ligação com a prosperidade associada à Páscoa, também é subvertida na lógica pop. Na revista Playboy, fundada em 1953 por Hugh Hefner, as orelhas compridas ganham ar sofisticado com acréscimo da gravata e simbolizam a virilidade e o desejo sexual. O mesmo mote é aproveitado em A Noite dos coelhos (Night of the lepus), dirigido por William F. Claxton, cujo enredo põe em foco uma praga de coelhos mutantes gigantescos, criados acidentalmente em laboratório, que se multiplicam e aterrorizam uma cidade do interior dos Estados Unidos.

No cinema, literatura e animações, os orelhudos dominam o universo pop. Fotos: Reprodução Além da releitura de características naturais dos coelhinhos, versões completamente inusitadas também ganham as estantes e as telonas. É o caso do clássico Bunnicula, escrito por James Howe e lançado em 1979, que se desenvolve em torno da suspeita de um cão, o narrador da história, sobre a personalidade vampiresca do coelho doméstico com quem divide a atenção dos donos, os Monroe. Na animação A Origem dos guardiões, produzido pela DreamWorks, o Coelho da Páscoa se une a outras figuras míticas, como a Fada do Dente e o Papai Noel, em aventura baseada no livro homônimo de William Joyce.

Já em A longa jornada, o romancista Richard George Adams dá aos coelhos uma perspectiva humana, narrando a convivência dos animais em sociedade após a fuga de uma toca ameaçada. Esse enredo deu origem ao filme Uma grande aventura, dirigido por Martin Rosen e lançado em 1978, com direito a idioma criado para o diálogo entre os coelhos, chamado “lapine”. Nos longas Donnie Darko e Easter Bunny, kill! Kill!, lançados em 2001 e em 2006, respectivamente, ocorre o contrário: cérebros humanos dão vida aos Coelhos de Páscoa. Enquanto Donnie Darko (Jake Gyllenhaal) é um jovem problemático que obedece ordens de um coelho cruel, o criminoso Remington veste-se do personagem pascal e comete furtos e assassinatos bizarros em Easter Bunny, kill! Kill!.

Entre mortos e feridos, a desconstrução do Coelho da Páscoa como mocinho ganha ainda, todos os anos, desenhos criativos de ilustradores ao redor do mundo, povoando a internet com vilões felpudos e de orelhas grandes. Passado o susto, resta a dúvida sobre a visita dessas criaturas ser ou não bem vinda na Semana Santa - ao contrário dos sempre desejados ovos de chocolate que, reza a lenda, eles deixam de presente. 

>> O MITO
A lenda do Coelho da Páscoa surgiu na Europa e chegou ao continente americano no século 18, provavelmente com a imigração alemã. Eles costumavam esconder ovos de galinha pintados à mão para que as crianças os encontrassem. Reza a lenda que os coelhos, que viviam em tocas nos quintais, saltavam à superfície nessa época do ano, principalmente diante dessa agitação da caça aos ovos. Com o tempo, os adultos passaram a unir ovos e coelhos numa mesma história, dizendo aos filhos que os mamíferos orelhudos é que escondiam aqueles mimos de Páscoa.

Easter Bunny, kill! Kill! se apropria da imagem fofa para vestir um criminoso. Foto: Divulgação

Assista a alguns trailers abaixo:

 

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